quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Ajuda aos jovens? Palermas, chapéus há muitos!


Hoje temos Curto no PG, por acaso comprido. Também se pode considerar que são dois em um: sobre o Expresso Curto de ontem, terça-feira, por Rui Gustavo, em abordagens várias mas na maior incidência sobre a pobreza de facto e a pobreza de espírito e convicções dos que chegaram à conclusão de que quem  "Ganha mais de 468 euros? Não é pobre". 

Estão convidados a ler e a espantarem-se ou indignarem-se com as conclusões de uns quantos "iluminados" de barriga cheia que chegaram àquela conclusão. Provavelmente uns chulos, uns parasitas da sociedade que frequentaram universidades (via cunhas e manigâncias) e dali saíram sem sequer conseguirem aptidões para ingressarem em equipas de tratadores de animais de um jardim zoológico qualquer, do tipo Vasco Santana que na mentira e no desenrasque ficou famoso com a frase "palerma, chapéus há muitos!". E, na realidade chapéus existem muitos, mas talvez nem tantos quantos os penduras que chegaram à conclusão que empresta o título ao sublinhado e abordado pelo referido jornalista do  Curto de ontem.


No Curto de hoje, da lavra de João Silvestre, também jornalista do burgo Pinto de Balsemão Impresa, a malhação é sobre os jovens e as "ajudas". Também eles, desde pequeninos, muitos deles, são, para além de jovens, uns pobres deste país à beira-mar plantado e vocacionado ao bom trato de uns quantos ricaços, licenciados em vigarices, ilegalidades e corrupções. Olhai Salgado e a liberdade permanente com que se passeia pelo mundo... E outros. E tantos.

Sem mais considerações e "espadanares" saímos daqui direto para a vaca fria que serve de introdução aos Curtos que referimos. Já a seguir a dos jovens e as pseudo ajudas de uma cáfila que nem sabe o que isso é. Resta dizer-lhes: "Palermas, chapéus há muitos!".

Apesar das dificuldades, lutem por terem um bom dia. Por nós, aqui, fechamos a loja...

Saúde.

MM | PG 




Bom dia este é o seu Expresso Curto

Isto é ajudar os jovens?

João Silvestre | Expresso

Bom dia,

É verdade que os tempos já foram piores e que, no auge da crise, o desemprego entre os mais novos chegou quase aos 40%. Isso já passou mas há estragos que ainda vão demorar a ser reparados. O poder de compra médio dos recém-licenciados caiu 18% desde 2008. Não foram os únicos a perder, pelo contrário, mas perderam bastante. Ao mesmo tempo, o prémio salário das licenciaturas, ou seja, o acréscimo de remuneração para quem estudou, tem igualmente vindo a encolher. E isso tem um duplo problema: não valoriza as qualificações nas empresas e gera ineficiências e, pior, pode dar um sinal errado a quem está a decidir sobre investir na sua educação.

Há 10 anos anos, uma licenciatura valia mais 51% de salário líquido face a quem apenas tinha ficado pelo ensino secundário. Agora são apenas 22%. Se o prémio se tivesse mantido igual, seriam hoje mais 180 euros mensais. Pode parecer pouco mas para níveis salariais relativamente baixos e para jovens em início de vida adulta faz diferença. E pode ser também a distância entre ficar em Portugal ou procurar alternativas no estrangeiro onde a mão-de-obra escasseia e onde as qualificações portuguesas são bastante apreciadas.

Agora, o governo quer contrariar esta tendência. A subida dos salários dos jovens qualificados é uma das prioridades do acordo que o Governo vai levar hoje à concertação social. Chama-se “Acordo Global sobre Crescimento Económico e Política de Rendimento” e pretende acordar um referencial para os aumentos salariais na negociação colectiva e, para os jovens qualificados, um patamar superior. Objetivos: eliminar o gap com a Europa no peso dos salários no PIB e melhorar o prémio salarial das licenciaturas. No primeiro caso, passa por fixar um referencial de subida dos salários na negociação coletiva acima da inflação e da produtividade que permita aumentar a fatia dos salários no PIB em quatro pontos, num acordo semelhante ao desenhado por Guterres na década de 90. No segundo caso, passa por determinar um aumento superior para jovens qualificados, a par de outras medidas como maiores valores dos estágios do Instituto de Emprego e Formação Profissional.

Curiosamente, nos aumentos para os funcionários públicos, as Finanças ficam-se pela inflação deste ano. E com isso poupam cerca de 230 milhões de euros.

Resta saber se patrões e sindicatos vão embarcar nesta ideia. E há já algumas resistências, a começar na fixação do salário mínimo nacional. Saiba o que esperar da reunião desta manhã.

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro

Carlos Santos Silva, o amigo e alegado testa-de-ferro de José Sócrates, é hoje ouvido pelo juiz Ivo Rosa na instrução da Operação Marquês onde irá explicar as entregas de dinheiro.

As classes média e média-baixa, escreve o Jornal de Notícias esta quarta-feira, são as que mais contratam seguros de saúde. Representam 72% das apólices apesar de muitos beneficiarem de isenção de taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde.

A proposta de lei do Governo para a violência doméstica, que o Público hoje divulga, prevê que os pais arguidos possam ser imediatamente afastados como medida de coação urgente. Os tribunais de instrução poderão alterar as responsabilidades parentais e suspender a utilização da morada da família.

As contas públicas tiveram um excedente de quase mil milhões de euros até outubro. Mas Mário Centeno manteve 80% das cativações.

Manuel Morais, o ex-vice-presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASP) que há uns tempos tinha sido afastado por dizer que havia racismo na PSP, sentiu “nojo” pelo “assalto de André Ventura” à manifestação dos polícias da semana passada.

Um incêndio num lar de idosos ontem à noite em Ourique, no Alentejo, obrigou à retirada de mais de 70 pessoas que entretanto já regressaram.

Uma em cada três famílias monoparentais é pobre. A taxa de risco de pobreza, ontem divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística até teve uma ligeira descida em 2017 (de 17,3% para 17,2%) mas nestas famílias atém aumentou 5,6 pontos para 33,9%.

O Governo mudou as chefias da Inspeção-Geral de Finanças. O inspector-geral Vitor Braz e os subinspectores-gerais não serão reconduzidos e será aberto um concurso público para a substituição.

António Costa quer um novo orçamento europeu e considera “inaceitável” um atraso, disse ontem em Estrasburgo. A nova comissão é hoje votada no Parlamento Europeu.

A polémica com Joacine Katar Moreira continua. A deputada diz não ser descartável e acusa o partido de estar a orquestrar um golpe. Isto no dia em que se soube que falhou o prazo para apresentação da proposta de lei de nacionalidade que é uma das bandeiras do partido. E, segundo avançou o Expresso ontem ao final do dia, a deputada furou o blackout decretado pelo partido.

Este é um dos temas do episódio desta semana da Comissão Política, o podcast de política do Expresso, onde se fala também da coligação PSD-PCP-Bloco para descer o IVA na electricidade.

David Neeleman reagiu à notícia de que poderá estar de saída da TAP ontem avançada pelo Jornal de Negócios, e que o Expresso também já tinha adiantado, e, num comunicado enviado às redacções, o empresário accionista da companhia aérea portuguesa disse estar “cada vez mais entusiasmado com o futuro da TAP”.

Os politécnicos de Castelo Branco, Tomar e Santarém alertaram para uma “crise institucional grave” com a falta de 5,9 milhões de euros para pagar salários. Entretanto, o ministro do Ensino Superior garantiu que os salários e os subsídios de Natal já foram pagos nos três institutos.

No embate ontem à noite em Turim, Ronaldo levou a melhor sobre João Félix e a Juventus derrotou o Atlético de Madrid por 1-0. A equipa italiana já estava apurada para os oitavos de final e assegurou o primeiro lugar do grupo, enquanto o emblema da capital espanhola fica agora dependente da última jornada. Quem também se apurou foi o Tottenham de José Mourinho, no primeiro jogo europeu neste regresso à atividade, com uma reviravolta no resultado e a ajuda de um apanha bolas.

Hoje, o Benfica defronta o Leipzig na Alemanha com o objectivo de conquistar três pontos e manter viva a chama do apuramento. Bruno Lage diz que “não podemos ter medo do que possa acontecer”.

Segundo avançou o Diário de Notícias, o Everton está a negociar com o Flamengo a contratação de Jorge Jesus para substituir Marco Silva.

Ainda no futebol, conheça os seis argumentos de Luis Filipe Vieira para os sócios do Benfica pagarem 6 euros por acção aos accionistas na Oferta Publica de Aquisição (OPA). Uma operação que pode render bastante dinheiro ao presidente dos encarnados.

Lá fora

Os EUA vão travar a entrada de material electrónico sensível, entre o qual equipamente produzido pela Huwawei, por receios de espionagem.

As autoridades americanas vão recorrer à legislação normalmente usada com o tráfico de droga para lidar com a crise dos opióides e com a indústria farmacêutica.

Novos dados dos China Cables, que mostram como o governo chinês tem lidado com os uigures outras minorias, revelam a utilização de uma aplicação de telemóvel para controlar a população e obter informações pessoais.

O presidente eleito da Argentina recusa receber o que resta do empréstimo do Fundo Monetário Internacional. “O que eu quero é deixar de pedir e que eles me deixem de pagar”, disse Alberto Fernandez.

O dono do Manchester City, uma entidade controlada pelo Abu Dhabi, vendeu 10% do capital ao fundo americano Silver Lake por 4,8 milhões de dólares. O que valoriza o clube britânico em quase 500 milhões de dólares.

chefe de gabinete do primeiro-ministro de Malta demitiu-se por alegadas ligações ao homicídio da jornalista Daphne Caruana Galizia. E há várias outras demissões em série ligadas com o caso.

FRASES

“Sem violações dos direitos humanos, é impossível normalizar o país”, Andrés Allamand, senador chileno do partido Renovação Nacional

“Senti nojo. Houve um assalto de Ventura à manifestação, o que não é admiração para ninguém atento”, Manuel Morais, Ex-vice presidente da ASP

O QUE ANDO A LER

Geovani Martins é um dos novos nomes da literatura brasileira. “O Sol na Cabeça” é o seu primeiro livro, uma colecção de 13 contos sobre a realidade brasileira a partir da perspectiva de alguém que nasceu e vive numa favela. Sobre o vício do graffiti, sobre o medo que os ‘favelados’ incutem por quem passam ou sobre as brincadeiras típicas dos adolescentes.

Geovani Martins traz-nos um olhar novo sobre uma realidade bem conhecida das notícias mas que, nem sempre, merece a atenção dos escritores. E traz-nos também, em alguns dos textos, um exercício de passar a escrito um modo de falar que é, no mínimo, inovador. Arranca assim “Rolézim”: “Acordei tava ligado o maçarico! Sem neurose, não era nem nove da manhã e a minha caxanga parecia que estava derretendo. Não dava nem mais para ver as infiltração na sala, tava tudo seco. Só ficou as mancha: a santa, a pistola e o dinossauro. Já tava dado que o dia ia ser daqueles que tu anda na rua e vê o céu todo embaraçado, tudo se mexendo que nem alucinação. Pra tu ter uma ideia, até o vento que vinha do ventilador era quente, que nem o bafo do capeta.”

Nem de propósito, Geovani Martins esteve na última edição do podcast do Bernardo Mendonça, “A Beleza das Pequenas Coisas”, onde falou sobre a sua vida, a paixão pelos livros e como escreveu “O Sol na Cabeça” numa máquina de escrever. E também falou, claro, sobre Bolsonaro. Pode ouvir aqui.

Por estes dias, foi também publicado o The World in 2020, a tradicional antevisão do ano que nos espera pela revista The Economist. Um exercício interessante e que vale a pena ser lido com atenção. Porque muito do que vai acontecer já está aí, à nossa porta.

Tenha uma grande quarta-feira. Encontra-nos aqui, a toda a hora, no Expresso online. Desporto é na Tribuna, cultura na Blitz e lazer no Vida Extra.

Sugira o Expresso Curto a um/a amigo/a

Sem comentários:

Mais lidas da semana