Guineenses vão a votos no
domingo, 24 de novembro. Analista considera que não há vencedores à partida,
tudo está em aberto. E alerta para possibilidade de alguns derrotados não
reconhecerem os resultados.
Durante os 21 dias de campanha
eleitoral, os 12 homens que ambicionam a Presidência da República guineense
fizeram muitas promessas, trocaram acusações e até houve ataques pessoais.
Dois grandes temas que marcaram a campanha foi a possibilidade de revisão
da Constituição, para aumentar os poderes do Presidente, e a mediação da
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) na crise política
guineense.
Alguns candidatos classificam a
intervenção da organização como "ingerência" nos assuntos internos
do país, outros encaram isso como algo normal, tendo em conta que a
Guiné-Bissau é membro da CEDEAO.
Apesar das divergências, a
campanha foi pacífica. Não houve qualquer incidente de destaque. Um estudante
universitário ouvido pela DW África nas ruas de Bissau espera que o
clima continue assim nos próximos dias: "Espero que
sejam eleições que corram de uma forma ordeira e que vença o candidato que
possa, efetivamente, ajudar o país a sair deste marasmo".
"Devemos ajudar para que as
eleições possam correr bem", acrescenta uma vendedeira. "Que
cada um vá com a sua consciência e vote tranquilamente. É isso que espero que
acontença nessas eleições", afirma outro cidadão.
CNE diz que está tudo a postos
Esta sexta-feira (22.11), numa
mensagem aos mais de 700 mil eleitores chamados a escolher o futuro chefe de
Estado, o presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), José Pedro Sambú,
disse esperar que a democracia guineense seja "reforçada" e
"valorizada" no domingo.
Sambú assegurou que está tudo a
postos para a votação: "Quero-vos tranquilizar de que estão reunidas todas
as condições logísticas, humanas e técnicas, tanto ao nível das Comissões
Regionais de Eleições, como na diáspora, para que as eleições possam decorrer
num clima de tranquilidade, sem qualquer sobressalto. O universo de eleitores
para o dia 24, é de 761.676."
Analista: "Haverá sempre
alguém a reclamar"
Em relação ao possível resultado
das presidenciais, o analista político Luís Vaz Martins diz que "tudo pode
acontecer" - poderá haver um vencedor logo à primeira volta ou, então,
passar-se a uma segunda volta.
"Às vezes, quando estamos
convictos que a decisão do pleito popular será numa direção, aparecem-nos
surpresas, como aconteceu nas últimas legislativas, em que ninguém esperava que
o MADEM-G15 [Movimento para a Alternância Democrática, o maior partido da oposição]
tivesse os resultados que conseguiu. Mas estamos a falar das eleições
presidenciais, onde o cenário é relativamente diferente", ressalva.
O analista suspeita, no entanto,
que alguns candidatos derrotados no escrutínio de domingo podem não aceitar os
resultados.
"Toda a dinâmica em torno
deste processo mostrou-nos que não haverá um espírito de 'fair-play'.
Independentemente dos resultados, haverá sempre alguém a reclamar",
acredita Martins, e as razões terão a ver com a falta de preparação ou
"porque não conseguiram angariar todo o apoio necessário para levar à
frente a máquina da campanha".
Doze candidatos concorrem à
Presidência guineense, incluindo o chefe de Estado cessante, José Mário Vaz. O
MADEM-G15 apoia Umaro Sissoco Embaló. E Domingos Simões Pereira é o candidato
do partido no poder, o Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e
Cabo Verde (PAIGC).
Para as eleições de domingo,
estão na Guiné-Bissau, de acordo com as informações disponíveis, 23
observadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), 54 da União
Africana, 60 da CEDEAO e 47 dos Estados Unidos da América.
Iancuba Dansó (Bissau) | Deutsche
Welle
Imagem: 12 candidatos concorrem à
Presidência da República da Guiné-Bissau, só um eleito irá ocupar o Palácio
Presidencial
Sem comentários:
Enviar um comentário