sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Ex-chefe da secreta militar angolana condenado à prisão, mas defesa recorre


Antigo chefe do Serviço de Inteligência e Segurança Militar, general "Zé Maria", foi condenado a três anos de prisão efetiva por extravio de documentos. Mas execução da pena foi suspensa devido a recurso da defesa.

O Supremo Tribunal Militar deu como provado que o general António José Maria, um dos homens fortes durante a governação do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, extraviou documentos que continham informações de caráter militar e condenou-o a três anos de prisão efetiva.

O general foi absolvido do crime de insubordinação, de que também estava acusado. Mas o juiz António dos Santos Neto aceitou um recurso interposto pela defesa, e a execução da pena de prisão foi suspensa.

"A decisão que este tribunal proferiu está suspensa até à decisão do plenário", explicou o magistrado à imprensa. "Pode ser que a gente tenha falhado e o plenário vai rever."

Documentos sobre batalha célebre

Em causa está o extravio de documentos sobre a batalha do Cuito Cuanavale, que o Estado angolano terá adquirido por mais de dois milhões de dólares.

Segundo a sentença do tribunal, ficou provado que o general "Zé Maria" se aproveitou "do acesso que ainda tinha às instalações do SISM [Serviço de Inteligência e Segurança Militar] para retirar os documentos", recusando-se a devolvê-los e desrespeitando assim uma ordem do Presidente da República, João Lourenço.

Os documentos só foram recuperados mediante um mandado de busca e apreensão.


General nega acusações

Durante as audiências, o réu alegou ser o legítimo dono da documentação que retirou do SISM, quando tomou conhecimento de que seria exonerado.

Em declarações à imprensa, o advogado Sérgio Raimundo, da equipa de defesa de António José Maria, disse que vai continuar a trabalhar até provar a inocência do general.

"Na parte que não estamos satisfeitos interpusemos imediatamente recurso para o plenário dessa veneranda casa", afirmou o advogado em declarações à imprensa. "O nosso trabalho é justamente provar a inocência do cidadão indiciado na prática daqueles dois crimes. Conseguimos um, e vamos continuar a lutar para mostrar ao plenário que realmente a nossa tese é aquela que mais se enquadra ao espírito e à letra da Constituição e das leis vigentes neste país."

Borralho Ndomba (Luanda), Agência Lusa | Deutsche Welle

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