Macau, China, 24 nov 2019 (Lusa)
-- O secretário-geral da Cáritas Macau disse em entrevista à Lusa que o
território possui um dos maiores Produto Interno Bruto (PIB) 'per capita' do
mundo, mas que a riqueza está mal distribuída.
"Somos muitos ricos 'per capita'
mas a riqueza não está distribuída de acordo com o nosso desenvolvimento",
lamentou Paul Pum, responsável da instituição desde 1991, primeiro enquanto
assistente do diretor, depois de 2000 na qualidade de secretário-geral.
Para ilustrar a disparidade, Paul
Pum deu o seguinte exemplo que respeita à evolução do território desde a
passagem da administração para a China: "O Governo aumentou em 14 vezes,
desde 1999, [a despesa] na área social, mas o preço da habitação cresceu 21
vezes".
Ou seja, concluiu, "não se
conseguiu acompanhar a inflação, por isso não conseguimos alcançar o
progresso".
Contudo, ressalvou, "hoje
temos menos gente pobre porque com as políticas do Governo tem-se feito um
esforço imenso para reduzir a pobreza e aqueles que têm menores rendimentos, e
não apenas aqueles que mal podem sobreviver".
Isto porque, explicou,
"foram estendidos os limites a quem poderia beneficiar de apoio e hoje
mais pessoas podem ser ajudadas".
O responsável da Cáritas Macau
afirmou não defender um aumento dos impostos para garantir mais e melhor apoio
social à população, especialmente um que incidisse sobre a exploração do jogo.
"Aumentar os impostos podia
ser uma forma, mas também poderia desencorajar o investimento. Acho que a
situação atual está bem. Não estou a falar em nome da indústria do jogo",
ressalvou, com um sorriso.
É que, frisou, "ao receber
um terço do jogo, Macau já é o segundo território mais rico 'per capita' do
mundo".
"Não devemos ser
gananciosos", disse, preferindo outra aposta: "Temos de saber como
podemos usar melhor o dinheiro, isso é importante. Temos de planear como gastar
dinheiro e construir infraestruturas, estabelecer prioridades para não ter de
se suportar um fardo no futuro".
A Cáritas Macau providencia
serviços sociais que abrangem os mais idosos e deficientes, passando pelo apoio
dos mais jovens e menores, até às vítimas de violência doméstica.
Com um orçamento anual na ordem
dos 400 milhões de patacas (44,7 milhões de euros), a instituição conta com
1.300 colaboradores. Destes, 90 são enfermeiros, 200 são assistentes sociais,
sete são médicos e 20 têm funções como fisioterapeutas, terapeutas da fala e
ocupacionais.
Dos utentes, cerca de 800 são
idosos que se encontram em lares e 500 pessoas portadores de deficiências,
sendo proporcionado cuidados ao domicílio a mais de 200 pessoas.
Outros 600 idosos que vivem
sozinhos, que mantém alguma autonomia, são apoiados pela instituição, que
providencia ainda um serviço de refeições ao domicílio a 500 pessoas na Taipa,
Coloane e na zona norte da cidade.
JMC // PJA
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