A Sala da Paz, plataforma de
observação eleitoral moçambicana, está satisfeita com os avanços nas
investigações sobre o assassínio de Anastácio Matavel, mas alerta: falta
informações sobre eventuais mandantes.
"Temos um misto de
sentimentos", disse à agência de notícias Lusa Dércio Alfazema, porta-voz
da Sala da Paz, esta sexta-feira (01.11), referindo satisfação por a justiça
ter mantido em prisão os dois polícias envolvidos no homicídio e preocupação
com a falta de informações sobre os mandantes do crime.
Aquele responsável considerou
igualmente encorajador para a responsabilização dos autores do homicídio a
informação avançada esta semana pela polícia de que foi concluído o inquérito
aberto pela corporação em torno do caso. "Sentimo-nos encorajados a acreditar
que há avanços, com a conclusão do inquérito", declarou.
O porta-voz da Sala da Paz disse
recear que a responsabilização pelo crime seja limitada aos executores do mesmo
e que nunca se cheguem a conhecer os mandantes.
"É importante ir a fundo,
saber se há ou não mandantes, para se saber se o crime está relacionado com a
atividade de Anastácio Matavel ou se há outras razões", afirmou Dércio
Alfazema.
Caso
Anastácio Matavel, diretor
executivo do Fórum de Organizações Não-Governamentais de Gaza (Fonga) e representante
da Sala da Paz naquela província, foi morto a tiro a 07 de outubro por um grupo
de quatro polícias de uma unidade de elite da polícia moçambicana e um civil,
quando saía de uma ação de formação de observadores eleitorais, na cidade de
Xai-Xai, capital da província de Gaza, sul de Moçambique.
No dia seguinte ao assassinato, a
polícia moçambicana anunciou a abertura de um inquérito, prometendo divulgar os
resultados no prazo de 15 dias, o que ainda não aconteceu.
Dois dos agentes da polícia envolvidos
no crime morreram, quando a viatura em que seguiam capotou, outros dois foram
detidos no local, após ficarem feridos no acidente e um civil implicado na
morte encontra-se a monte.
A morte de Anastácio Matavel
provocou repúdio e condenação em Moçambique e fora do país, por se tratar de um
ativista da sociedade civil envolvido na observação eleitoral e que morreu numa
província conhecida pela intolerância política contra opositores da Frente de
Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder.
Deutsche Welle | Agência Lusa
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