Candidato às presidenciais
apoiado pelo MADEM-G15 sugere mesmo a pena de morte para os traficantes, caso
seja eleito, e culpa Domingos Simões Pereira e o PAIGC pela crise política do país.
CEDEAO cancela visita a Bissau.
Em entrevista à Lusa, em Caió, a
cerca de 100 quilómetros de Bissau, e onde foi feita uma das maiores apreensões
de cocaína da história do país, Umaro Sissoco Embaló, o candidato apoiado pelo
Movimento para a Alternância Democrática da Guiné-Bissau (MADEM-G15) disse que
é um homem de paz, de concórdia, mas que se for eleito Presidente da
Guiné-Bissau não terá lugar no país para bandidos e marginais.
"Os bandidos? Tenho lugar
para eles na cadeia. Os marginais? Tenho lugar para eles na cadeia. Droga? Eu
vou mesmo sugerir a pena de morte para os traficantes se for eleito. Para mim é
intolerante, não podemos estar aqui a banalizar uma sociedade a traficar
drogas. Aqui não é a Colômbia e a gente conhece as pessoas que traficam droga.
As pessoas que utilizam a Guiné-Bissau como passagem de droga. Haverá pena de
morte para essas pessoas", afirmou Umaro Sissoco Embaló.
O antigo primeiro-ministro
guineense disse que se for eleito não vai excluir ninguém, incluindo o Partido
Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), a quem acusa de
ser responsável pelos problemas no país.
"Assim que ganhar eleições
não há nenhuma exclusão, até o PAIGC não será excluído, porque fazem parte da
sociedade e nós guineenses temos de nos sentar numa mesa e falar como irmãos.
Ao fim ao cabo todos os guineenses são primos e amigos e para mim isso é uma
questão júnior, esse problema que nós temos", afirmou, referindo-se à
crise política que tem persistido no país nos últimos anos.
Questionado sobre como vai ser a
sua relação com o Governo de Aristides Gomes, o candidato apoiado pelo Madem
G15, voltou a frisar que o "Presidente da República exonerou o Aristides
Gomes, em consequência também o Governo”. Ou seja, acrescentou: "O que vou
fazer é convidar de novo o PAIGC a sugerir um nome, mesmo que seja o de
Domingos Simões Pereira. Eles é que têm uma maioria relativa, mas o Aristides
já não é Governo para mim, porque quem nomeia, exonera e dá posse é o
Presidente da República", disse.
"Eu é que vou ditar a
política externa da Guiné”
Na mesma ocasião, Embaló fez
saber que se vencer as eleições vai acumular o cargo de Presidente com o de
chefe da diplomacia guineense. "Serei ao mesmo tempo Presidente da
República e Ministro dos Negócios Estrangeiros. Eu é que vou ditar a política
externa da Guiné.
Temos de resgatar a imagem da
Guiné, temos de dignificar e fortificar a política externa da Guiné-Bissau,
como fiz quando era primeiro-ministro, e por isso a Guiné-Bissau tem de ser um
país de respeito, de gente boa e de pessoas dignas, com princípios. Não é um
país onde o Presidente da República parece uma Presidente da República das
bananas", disse.
O mesmo candidato às
presidenciais voltou a criticar a permanência da força de interposição da
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) no país (Ecomib)
e condenou a sua utilização pelo atual chefe de Estado, José Mário Vaz, e pelo
líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira.
"Para mim é uma traição à
pátria. Aceitarmos tropas estrangeiras na Guiné-Bissau, isso é grave",
afirmou.
Visita cancelada
Entretanto, foi cancelada a
visita a Bissau de seis Presidentes de alguns países da Comunidade Económica de
Estados da África Ocidental (CEDEAO), agendada para este sábado (16.11). A
visita não terá lugar "para já", disse à Lusa fonte do Governo
guineense.
Segundo a mesma fonte, os
Presidentes da Costa de Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné-Conacri, Níger e Nigéria
aguardam pelo relatório da missão dos líderes militares de quatro países da
CEDEAO que se encontram desde quarta-feira, em Bissau, para o agendamento de
uma nova data para a visita.
Os chefes das Forças Armadas de
quatro países da CEDEAO têm-se desdobrado em contactos com as autoridades
militares e governamentais guineenses, numa altura em que está em cima da mesa
a possibilidade de reforço do contingente de soldados da CEDEAO na
Guiné-Bissau, força de interposição, denominada Ecomib.
Vários
dirigentes políticos e candidatos à presidência da Guiné-Bissau já se
manifestaram contrários o reforço da força da Ecomib, defendendo ser uma
invasão pela tropa estrangeira.
Deutsche Welle | Agência Lusa, rl
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