Paulo Baldaia | TSF |
opinião
Tenho gasto o meu latim a tentar
convencer quem pode fazer alguma coisa que o movimento de extrema-direita em
Portugal continuará num crescimento imparável se continuarmos a fazer tudo na
mesma.
Se o poder político, legislando
na Assembleia da República ou governando em cada um dos ministérios, continuar
a fazer tábua rasa da evidência de que há uma parte significativa dos
portugueses que vive em pobreza extrema, bem para lá do que medem os índices
oficiais, essas pessoas vão dar força ao Ventura.
Mas não são apenas os pobres,
eleitores típicos de esquerda, que estão disponíveis para votar Chega. A
hipocrisia política com que o PCP e a CGTP estiveram no apoio ao governo
socialista, criticando mas aprovando, também atirou muitas corporações para os
abraços dos extremistas e dos sindicatos inorgânicos, criados propositadamente
para defender grupos específicos.
O que aconteceu ontem, com os
polícias a privilegiarem o Chega para defender no Parlamento as suas
reivindicações, dando-lhe o palco, mostra como é fácil a extrema-direita
crescer também onde quem sempre mandou foi a esquerda: a rua.
O que mais assusta nisto tudo é
que os políticos do arco do poder continuam a pensar que tudo não passa de um
fenómeno restrito e passageiro. Estão convencidos que nasceu do nada e em nada
se vai transformar. O problema é que o povo pagará custos bem mais altos do que
esses políticos que não querem ver o que está a acontecer. É bem verdade que o
pior cego é o que não quer ver!
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