Com o anúncio, em princípio
estaria encerrada uma longa queda de braço, solucionando a questão do trânsito
de gás russo para a Europa por território ucraniano. UE condena sanções americanas
contra gasoduto Nord Stream 2.
A gigante do gás russa Gazprom
anunciou no sábado (21/12) que pagará 2,9 biliões de dólares a sua
congénere ucraniana, Naftogaz, a fim de encerrar uma prolongada queda de braço
nos tribunais internacionais.
Moscovo e Kiev chegaram
recentemente a um acordo para prolongar um contrato para a passagem de gás
russo para a Europa. Como parte dele, o chefe da semiestatal russa, Alexei
Miller, citado por agências de notícias russas, anunciou que seu grupo
concordou em pagar a quantia a que foi condenado pelo tribunal arbitral de
Estocolmo em fevereiro de 2018, mais multas.
O termo de compromisso para
trânsito de gás natural da Rússia para a Europa via Ucrânia, assinado por
Moscovo e Kiev, estava no centro de difíceis negociações há meses. O atual
contrato termina em 31 de dezembro, e se as negociações fracassassem, o
fornecimento à Europa poderia ser afetado.
"As partes russa e ucraniana
assinaram um memorando de entendimento sobre a extensão do trânsito de
gás", anunciou na sexta-feira um porta-voz da Gazprom, citado por agências
de notícias russas, sem fornecer detalhes sobre o conteúdo do acordo.
A presidência ucraniana confirmou
em sua página no Facebook que um "acordo final de trânsito de gás"
fora encontrado, acrescentando que os detalhes seriam divulgados neste sábado.
O ministro da Energia da Rússia, Alexander Novak, informou à agência de
notícias Ria Novosti que o acordo durará cinco anos, e que será assinado antes
do fim de 2019.
Bruxelas, Berlim condenam sanções
americanas
A União Europeia criticou as
sanções americanas contra empresas envolvidas na construção do gasoduto Nord
Stream 2, destinado a transportar gás da Rússia para os países da Europa
Ocidental. "Por princípio, a UE se opõe à imposição de sanções contra empresas
europeias envolvidas em atividades legais", declarou um porta-voz.
O governo da Alemanha igualmente
condenou as medidas: "Elas afetam empresas alemãs e outros países
europeus, e entendemos a iniciativa como uma ingerência em nossos assuntos
internos", declarou uma porta-voz de Berlim. O ministro alemão das
Finanças, Olaf Scholz, classificou as sanções como "uma severa intervenção
nas questões alemãs e europeias":
O gasoduto, que está quase
pronto, passa sob o Mar Báltico, contornando a Ucrânia, e deverá duplicar o
fornecimento direto de gás natural russo para a Europa Ocidental através da
Alemanha, principal beneficiária do projeto.
Cerca de 18% do consumo anual de
gás natural pelos europeus provém da Rússia, através da Ucrânia. Segundo
Washington, essa via aumenta a dependência europeia do gás russo, fortalecendo,
assim, a influência de Moscovo na Europa.
A UE, por sua vez, denuncia
veementemente a interferência dos EUA em sua política energética. A Comissão
Europeia está atualmente analisando as possíveis repercussões das sanções dos
EUA, prosseguiu o porta-voz. "O objetivo da Comissão sempre foi garantir
que o Nord Stream 2 funcione de maneira transparente, com um nível adequado de
supervisão regulatória", enfatizou.
Deutsche Welle | AV/lusa,afp,rtr,dpa
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