domingo, 22 de dezembro de 2019

Moçambique | Membros da RENAMO vivem com medo dos "esquadrões da morte"


Membros da RENAMO vivem como nómadas na província de Inhambane, Moçambique, com receio de serem atacados pelos "esquadrões da morte". Polícia encaminhou queixas do maior partido da oposição para o Ministério Público.

Nos últimos dois anos foram sequestradas mais de 30 pessoas ligadas ao maior partido da oposição em Inhambane, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o que está a deixar alguns militantes desta força partidária com receio de novos ataques.

Os membros da RENAMO vêm-se obrigados a procurar novos locais de pernoita praticamente todos os dias, com medo dos chamados "esquadrões da morte" que operam na região desde 2016.

O que são os esquadrões da morte?

Segungo a RENAMO, os "esquadrões da morte" são grupos de mercenários alegadamente contratados pelo partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), para disseminar o medo através da violência física e psicológica.

Mamud Beny Agy, porta-voz da RENAMO em Inhambane, disse à DW África que foi ameaçado há poucos dias, em plena luz do dia, por homens desconhecidos que o abordaram quando regressava de uma sessão da assembleia provincial. "Alguém me conheceu e ameaçou-me… Chamou-me nomes em plena luz de dia, agora imagine no período da noite… Não temos tido sono e estamos a viver como só Deus sabe. São situações que nos deixam inseguros", comentou.

Nos últimos dois anos, membros séniores da RENAMO foram sequestrados e assassinados a sangue frio e os seus corpos lançados a rios ou abandonados na região Sul do país.

"A RENAMO ainda está a sofrer", acrescentou, referindo-se ao caso de Aly Jane, que "na escalada da noite foi sequestrado e atirado ao rio", recorda Mamud Beny Agy, que nomeia ainda o caso de Rogério "que ao entrar na sua casa foi atingido com 40 balas" ou do "segundo vice-presidente da assembleia provincial que também sofreu três tiros".

Muitos membros filiados na RENAMO vivem apavorados com a possibilidade de serem sequestrados e assassinados por mercenários cuja identidade é desconhecida.

Viver à escondidas

Estes homens da oposição vêm-se obrigados a desligar os telemóveis durante a noite, para não serem localizados, e também nunca revelam o local onde vão pernoitar.

"Não sabemos se vamos correr [o mesmo] risco que aqueles outros colegas" que perderam a vida, referiu este militante.

"Este país não está seguro não só para os da RENAMO", alertou ainda.

A DW África contactou o comando provincial da Polícia da República de Moçambique em Inhambane que confirmou que recebeu as queixas da RENAMO sobre os alegados sequestros e homicícios. Segundo fonte da polícia, todos os processos foram encaminhados para o Ministério Público onde deverão ser investigados.

Luciano da Conceição (Inhambane) | Deutsche Welle

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