Membros da RENAMO vivem como
nómadas na província de Inhambane, Moçambique, com receio de serem atacados
pelos "esquadrões da morte". Polícia encaminhou queixas do maior
partido da oposição para o Ministério Público.
Nos últimos dois anos foram
sequestradas mais de 30 pessoas ligadas ao maior partido da oposição em
Inhambane, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o que está a
deixar alguns militantes desta força partidária com receio de novos
ataques.
Os membros da RENAMO vêm-se
obrigados a procurar novos locais de pernoita praticamente todos os dias, com
medo dos chamados "esquadrões da morte" que operam na região
desde 2016.
Segungo a RENAMO, os
"esquadrões da morte" são grupos de mercenários alegadamente
contratados pelo partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique
(FRELIMO), para disseminar o medo através da violência física e psicológica.
Mamud Beny Agy, porta-voz da
RENAMO em Inhambane, disse à DW África que foi ameaçado há poucos dias, em
plena luz do dia, por homens desconhecidos que o abordaram quando regressava de
uma sessão da assembleia provincial. "Alguém me conheceu e ameaçou-me…
Chamou-me nomes em plena luz de dia, agora imagine no período da noite… Não
temos tido sono e estamos a viver como só Deus sabe. São situações que nos
deixam inseguros", comentou.
Nos últimos dois anos, membros
séniores da RENAMO foram sequestrados e assassinados a sangue frio e os seus
corpos lançados a rios ou abandonados na região Sul do país.
"A RENAMO ainda está
a sofrer", acrescentou, referindo-se ao caso de Aly Jane, que
"na escalada da noite foi sequestrado e atirado ao rio", recorda
Mamud Beny Agy, que nomeia ainda o caso de Rogério "que ao entrar na sua
casa foi atingido com 40 balas" ou do "segundo vice-presidente
da assembleia provincial que também sofreu três tiros".
Muitos membros filiados na RENAMO
vivem apavorados com a possibilidade de serem sequestrados e assassinados por
mercenários cuja identidade é desconhecida.
Viver à escondidas
Estes homens da oposição vêm-se
obrigados a desligar os telemóveis durante a noite, para não serem localizados,
e também nunca revelam o local onde vão pernoitar.
"Não sabemos se vamos correr
[o mesmo] risco que aqueles outros colegas" que perderam a vida,
referiu este militante.
"Este país não está seguro
não só para os da RENAMO", alertou ainda.
A DW África contactou o comando
provincial da Polícia da República de Moçambique em Inhambane que confirmou que
recebeu as queixas da RENAMO sobre os alegados sequestros e homicícios. Segundo
fonte da polícia, todos os processos foram encaminhados para o Ministério
Público onde deverão ser investigados.
Luciano da Conceição (Inhambane)
| Deutsche Welle
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