Duas pessoas morreram na
sequência de um ataque a um autocarro no Posto Administrativo de Chitunda, no
distrito de Muidumbe, a 147 quilómetros de Pemba, capital provincial de Cabo
Delgado.
Segundo testemunhas entrevistadas
pela agência de notícias Lusa, o ataque ocorreu às 06h00 horas, na estrada que
liga a cidade de Pemba aos distritos do norte da província da província de Cabo
Delgado, Norte de Moçambique.
As vítimas seguiam num autocarro
da transportadora NAGI e foram surpreendidas pelos disparos quando passavam a
dois quilómetros da aldeia de Chitunda, Posto Administrativo com mesmo nome,
tendo o motorista prosseguido a viagem apesar dos tiros, disseram à agência
Lusa testemunhas locais.
"O motorista do autocarro
não parou no local por isso conseguiu evitar muitos danos", conta uma
fonte residente naquele posto administrativo, acrescentando que houve uma
segunda viatura atingida no mesmo período naquela estrada, mas sem vítimas, e
que também prosseguiu viagem apesar dos disparos.
Horas depois do ataque na
estrada, o mesmo grupo terá seguido para o posto administrativo local, em
Chitunda, destruindo as instalações das autoridades administrativas e um centro
de saúde, além de vandalizar residências e estabelecimentos comerciais.
Na região de Cabo Delgado, têm-se
sucedido ataques de grupos armados desde outubro de 2017, após anos de atritos
entre muçulmanos de diferentes origens.
Pelo menos 300 pessoas já
morreram em Cabo Delgado, segundo números oficiais e da população, e 60.000
residentes foram afetados, muitos obrigados a deslocar-se para outros locais em
busca de segurança, segundo as Nações Unidas.
Os ataques afetam distritos
próximos das áreas de projetos de exploração de gás natural e, em ações
concertadas com petrolíferas que ali constroem os maiores megaprojetos de gás
natural de África, o Governo tem intensificado a resposta militar com apoio
logístico da Rússia, mas os episódios continuam e estão a perturbar as obras na
península de Afungi.
Ataques ameaçam negócios na
região
O vice-presidente da Confederação
das Associações Económicas (CTA) de Moçambique alerta para as consequências dos
ataques em Cabo Delgado, considerando que a violência armada gera a perceção de
insegurança para quem quer investir na região.
"Os ataques já têm um certo
impacto na indústria porque criam perceção de insegurança e
instabilidade", disse Florival Mucave, vice-presidente da CTA com o
pelouro dos Recursos Minerais, Hidrocarbonetos e Energia, em entrevista à Lusa.
Para Florival Mucave, a perceção
de instabilidade naquela região tem impactos graves para o ambiente de
negócios, na medida em que quem investe quer garantias de segurança. "É
muito importante não só que haja estabilidade, mas também que se trabalhe na
perceção da estabilidade", frisou, alertando para impacto das mensagens e
informações que circulam nas redes sociais e outros canais transmitindo a ideia
de "total insegurança e instabilidade".
"É preciso garantir que as
pessoas entendam que há estabilidade e ela vai permanecer", frisou
Florival Mucave.
Na província de Cabo Delgado,
decorrem construções da futura 'cidade do gás', um dos maiores investimentos
privados de sempre em África, cujas previsões indicam que pode ascender a 50
mil milhões de dólares (mais de 45 mil milhões de euros). Os trabalhos de
consórcio petrolíferos liderados pela Total, Exxon Mobil e Eni movimentam cerca
de cinco mil trabalhadores.
Numa ação concertada com
petrolíferas, o Governo tem intensificado a resposta militar com apoio
logístico da Rússia contra grupos desconhecidos que têm protagonizado ataques
deste outubro de 2017 em distritos daquela província, mas a violência continua
e está a perturbar as obras na península de Afungi.
Deutsche Welle | Agência Lusa, nn
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