quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Trump diz ser vítima de "golpe" na véspera de votação de impeachment


Em carta enviada à presidente da Câmara dos Representantes, Trump acusa democratas de declararem "guerra aberta à democracia". Deputados devem aprovar indiciamento na quarta-feira e encaminhar denúncia para o Senado.

Um dia antes da esperada votação de seu impeachment na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o presidente Donald Trump acusou na terça-feira (17/12) os democratas de conduzirem uma "tentativa partidária e ilegal de golpe" e de declararem guerra contra a democracia americana ao buscar demovê-lo do cargo por ter pressionado a Ucrânia a investigar um rival político.

Os comentários de Trump vieram em uma carta assinada por ele e enviada à presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi. O documento veio á público enquanto os parlamentares da Casa se reuniam para estabelecer as regras do debate antes da votação planeada para a quarta-feira de dois artigos de impeachment contra Trump.

"Isso nada mais é que uma tentativa partidária, ilegal de golpe e que irá, baseada nos sentimentos recentes, fracassar nas urnas de votação", afirma Trump na carta, fazendo referência às eleições presidenciais de 2020, nas quais ele pretende tentar a reeleição.


A Constituição americana garante à Câmara o poder de indiciar o presidente por "crimes graves e contravenções", como parte do sistema de freios e contrapesos entre Executivo, Legislativo e braços do Judiciário no governo federal.

A expectativa é que a Câmara de Representantes, controlada pelos democratas, aprove a sequência do impeachment do presidente americano de abuso de poder e de obstrução do Congresso por suas negociações com a Ucrânia. Por outro lado, no Senado, dominado pelos republicanos, o caso tem poucas chances de prosperar.  Pelas regras americanas, o presidente não é afastado do cargo antes da decisão final dos senadores.

"Ao proceder com seu impeachment inválido, vocês estão violando os juramentos de seus cargos, rompendo a fidelidade à Constituição, e declarando guerra aberta à Democracia Americana", acrescentou Trump.

Os democratas da Câmara acusam Trump de abuso de poder ao pressionar o governo da Ucrânia a investigar Joe Biden, ex-vice-presidente americano e um dos principais pré-candidatos democratas para as eleições presidenciais de 2020. Trump também é acusado de tentar obstruir uma investigação parlamentar sobre o assunto.

"Vejam, isso é uma farsa total, desde o começo", disse Trump a jornalistas na Casa Branca pouco depois da publicação de sua carta.

O processo de impeachment começou em setembro, quando uma denúncia revelou aos serviços de inteligência do país o conteúdo de uma ligação entre Trump e o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski.

Nos últimos meses, seis comités da Câmara de Representantes realizaram uma investigação para determinar se era possível abrir um processo de impeachment contra o presidente. Testemunhas foram ouvidas em reuniões fechadas e também publicamente.

Ontem, o Comité de Justiça publicou os detalhes do caso em um documento de 658 páginas. Nele, órgão conclui que Trump traiu o país em busca de benefícios pessoais.

Já no Senado, o líder da maioria, o republicano Mitch McConnell, rejeitou um pedido dos democratas para convocar quatro funcionários e ex-funcionários da Casa Branca como testemunhas no julgamento do impeachment no Senado, esperado para o mês que vem, em mais um sinal claro de que ele espera que os senadores não aprovem o impeachment de Trump.

Em discursos contrastantes no plenário do Senado, McConnell disse que não permitirá depoimentos sem foco, enquanto o líder dos democratas no Senado, Chuck Schumer, disse que um julgamento sem as testemunhas seria uma "farsa" e sugeriu que os colegas republicanos de Trump preferem acobertar as acusações.

Deutsche Welle | JPS/rt/efe

Sem comentários:

Mais lidas da semana