Em carta enviada à presidente da
Câmara dos Representantes, Trump acusa democratas de declararem "guerra
aberta à democracia". Deputados devem aprovar indiciamento na quarta-feira
e encaminhar denúncia para o Senado.
Um dia antes da esperada votação
de seu impeachment na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o
presidente Donald Trump acusou na terça-feira (17/12) os democratas de
conduzirem uma "tentativa partidária e ilegal de golpe" e de declararem
guerra contra a democracia americana ao buscar demovê-lo do cargo por ter
pressionado a Ucrânia a investigar um rival político.
Os comentários de Trump vieram em
uma carta assinada por ele e enviada à presidente da Câmara, a democrata Nancy
Pelosi. O documento veio á público enquanto os parlamentares da Casa se reuniam
para estabelecer as regras do debate antes da votação planeada para a
quarta-feira de dois artigos de impeachment contra Trump.
"Isso nada mais é que uma
tentativa partidária, ilegal de golpe e que irá, baseada nos sentimentos
recentes, fracassar nas urnas de votação", afirma Trump na carta, fazendo
referência às eleições presidenciais de 2020, nas quais ele pretende tentar a
reeleição.
A Constituição americana garante
à Câmara o poder de indiciar o presidente por "crimes graves e
contravenções", como parte do sistema de freios e contrapesos entre
Executivo, Legislativo e braços do Judiciário no governo federal.
A expectativa é que a Câmara de
Representantes, controlada pelos democratas, aprove a sequência do impeachment
do presidente americano de abuso de poder e de obstrução do Congresso por suas
negociações com a Ucrânia. Por outro lado, no Senado, dominado pelos
republicanos, o caso tem poucas chances de prosperar. Pelas regras
americanas, o presidente não é afastado do cargo antes da decisão final dos
senadores.
"Ao proceder com seu
impeachment inválido, vocês estão violando os juramentos de seus cargos,
rompendo a fidelidade à Constituição, e declarando guerra aberta à Democracia
Americana", acrescentou Trump.
Os democratas da Câmara acusam
Trump de abuso de poder ao pressionar o governo da Ucrânia a investigar Joe
Biden, ex-vice-presidente americano e um dos principais pré-candidatos
democratas para as eleições presidenciais de 2020. Trump também é acusado de
tentar obstruir uma investigação parlamentar sobre o assunto.
"Vejam, isso é uma farsa
total, desde o começo", disse Trump a jornalistas na Casa Branca pouco
depois da publicação de sua carta.
O processo de impeachment começou
em setembro, quando uma denúncia revelou aos serviços de inteligência do país o
conteúdo de uma ligação entre Trump e o presidente da Ucrânia, Volodimir
Zelenski.
Nos últimos meses, seis comités
da Câmara de Representantes realizaram uma investigação para determinar se era
possível abrir um processo de impeachment contra o presidente. Testemunhas
foram ouvidas em reuniões fechadas e também publicamente.
Ontem, o Comité de Justiça
publicou os detalhes do caso em um documento de 658 páginas. Nele, órgão
conclui que Trump traiu o país em busca de benefícios pessoais.
Já no Senado, o líder da maioria,
o republicano Mitch McConnell, rejeitou um pedido dos democratas para convocar
quatro funcionários e ex-funcionários da Casa Branca como testemunhas no
julgamento do impeachment no Senado, esperado para o mês que vem, em mais um
sinal claro de que ele espera que os senadores não aprovem o impeachment de
Trump.
Em discursos contrastantes no
plenário do Senado, McConnell disse que não permitirá depoimentos sem foco,
enquanto o líder dos democratas no Senado, Chuck Schumer, disse que um
julgamento sem as testemunhas seria uma "farsa" e sugeriu que os
colegas republicanos de Trump preferem acobertar as acusações.
Deutsche Welle | JPS/rt/efe
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