Ficámos a saber pelo jornal
Público, no passado sábado (27.07), que o fascista Salazar e o seu regime
ditatorial e monstruoso vai ter direito a museu na terra que o viu nascer,
Santa Comba Dão (Vimieiro), saudosos que estão os de lá e mais alguns energúmenos – ditos
estudiosos – daquela negra e nazi figura que assassinou portugueses, que os
torturou, que os encerrou em campos de concentração e em prisões desse tal dito
e tenebroso Estado Novo que por mais de 40 anos isolou o país, reprimiu e
explorou o povo, votou-o à ignorância, ao trabalho de sol-a-sol e à fuga
compulsiva para a emigração, para a liberdade, para países onde prevalecia a
democracia ou pelo menos regimes mais brandos para com esses portugueses
expatriados.
Afinal o monstruoso Salazar está
vivo na mente de uns quantos seus pares do nazi-fascismo que a coberto de
pretextos culturais e de estudo pretendem fundar na terra natal do
criminoso-mor de Portugal e de portugueses lugar de culto ao causador de mortandade, dores e
vivências perdidas a tantos portugueses. É expectável que Santa Comba Dão passe
a ser o local em que os nazi-fascistas se reunirão a uivar em uníssono ao
execrável homenageado, talvez santificado, Salazar. Estará então aquela
santa-terrinha beirã, para os nazi-fascistas-salazaristas, como Fátima para os
cristãos?
A promoção e adoração ao fascismo
é patente na pretensão de construir aquele museu. Ou aquela lavandaria de
quatro terríveis décadas de negação de direitos de cidadania democrática, de
direitos humanos, de progresso e das liberdades implícitas, que só foram
restauradas a partir de 25 de Abril de 1974 com o derrube do desumano e
anacrónico chamado Estado Novo.
Em tempos, pós-25 de Abril de 1974, e após a
aprovação da Constituição da República Portuguesa, era explicito que o Portugal
democrático não pactuava com o fascismo ou com as suas “relíquias”. Nem com
aquela ideologia, que a proibia sob todo e qualquer pretexto. E agora? Agora,
eis que os nazi-fascistas-salazaristas, a pretexto de estudos, anunciam a
construção de uma espécie tenebrosa de santuário ao fascista Salazar, ao
fascismo em toda a sua amplitude e promoção.
A isso, o brando e atual estado
democrático, a branda Constituição, os brandos governos sempre infetados de
semelhantes a Salazar, e por vezes infestados de falsos democratas, abre mão e
estende a passadeira vermelha a homenagens e adulações ao mentor e autor-moral
de crimes e atrozes ações ditatoriais contra o povo português por via da ideologia
nazi-fascista-salazarista.
O branqueamento do regime fascista de António de
Oliveira Salazar e do seu Estado Novo sempre esteve em curso e tem sido
posto em prática por "estudiosos" e outros manhosos, ditos democratas - porque é
como assenta bem dizer nesta já tão periclitante democracia. Nada há melhor que cobrir com pele de cordeiro os lobos para desse modo ludibriar os menos avisados e esclarecidos. Os que vão ser "comidos".
Leia a seguir a lavra do Público
acerca do museu e dos “estudos” que se perspetivam serem objeto de "branqueamento-democrático", como habitual, como até agora e futuramente.
Mário Motta | Redação PG
Santa Comba Dão quer abrir museu
do Estado Novo e Salazar no fim do Verão
Obras do Centro Interpretativo do
Estado Novo estarão iminentes. Ideia do museu foi alvo de fortes críticas nas
últimas décadas.
O Centro Interpretativo do Estado
Novo deverá abrir dentro de três meses no Vimieiro, em Santa Comba Dão, terra
onde nasceu António de Oliveira Salazar.
A notícia é avançada este sábado pelo semanário Expresso.
A ideia de um museu dedicado a Salazar em Santa Comba foi alvo de um inquérito
em 2016 em que a maioria das vítimas do Estado Novo era contra o projecto.
“Este será um local para o estudo
da história do Estado Novo. Não um santuário destinado a nacionalistas nem um
museu onde se vai diabolizar o estadista de Santa Comba Dão”, diz o presidente
da câmara de Santa Comba Dão, Leonel Gouveia, ao Expresso.
O autarca eleito pelo PS não
revela qual a direcção científica do projecto museológico nem os seus
responsáveis, aludindo de acordo com o semanário à ligação do centro
interpretativo a uma “Rota das Figuras Históricas” que, dissera o responsável
há meses à Lusa, é um projecto com uma associação de desenvolvimento local.
Já em Dezembro de 2018 a Agência Lusa avançara
o plano do autarca Leonel Gouveia para a abertura do espaço em 2019 - o
presidente da câmara acreditava então que o projecto trouxesse “não só
visitantes, como estudiosos”.
O Expresso noticia este
sábado que as obras na antiga Escola-Cantina Salazar, junto à casa do antigo
presidente do Conselho de Ministros e rosto da ditadura do século XX português
no Vimieiro, devem começar “dentro de duas a três semanas”, citando o autarca
Leonel Gouveia.
A autarquia detém agora a
totalidade do espólio, bem como a casa onde nasceu Salazar,
a
adega e a sua quinta – não sem a sua dose de polémica, com o
sobrinho-neto do ditador Rui Salazar de Melo ainda a
dirimir
argumentosna
justiça com
a autarquia por incumprimentos contratuais quanto a um terço desse
espólio — e prevê instalar no Centro Interpretativo do Estado Novo conteúdos
multimédia e interactivos e não apostando tanto em mostrar objectos pessoais do
ditador, que deverão ficar reservados para exposição nos imóveis que
pertenceram ao governante após sua recuperação.
Em Dezembro de 2018, Leonel
Gouveia disse à Lusa que o orçamento do centro interpretativo era de “170 mil
euros para a requalificação do edifício” e primeira fase da obra, que queria
que tivesse sido inaugurada no início de 2019.
O historiador Fernando Rosas,
especialista na História do Estado Novo, diz ao Expresso ter sido
contactado por Leonel Gouveia sobre o tema e rejeitar qualquer colaboração com
“esse pseudo-centro interpretativo” que considera ser um mero
“chamariz
de turismo político”, aponta, “mesmo que seja feito com as melhores
intenções”. A historiadora Irene Flunser Pimentel, também no semanário, não se
opõe à criação de um museu sobre o tema, mas frisa a importância da equipa
científica e das intenções da sua criação.
Em 2016,
o
inquérito Memória da Oposição e Resistência ao Estado Novoquestionou
131 pessoas que foram detidas, exiladas, afastadas das suas profissões ou
obrigadas a recorrer à clandestinidade e à deserção pelo regime do Estado Novo,
que vigorou em Portugal entre 1933 e 1974. Sobre a eventual construção de
um museu dedicado a Oliveira Salazar em Santa Comba Dão, 51% dizem que não devia
ser permitida e 23% são a favor. Vinte e seis por cento não tomaram qualquer
posição.