sábado, 21 de setembro de 2019

Anatomia e imagens do grande protesto global


Não foi apenas a maior manifestação já realizada contra a destruição do planeta. Foi um sinal claro de que aumenta a consciência sobre as causas do problema e de que o movimento pode tornar-se ator central na contestação do capitalismo

Antonio Martins | Outras Palavras

Se não é possível ocultar um protesto, tente esvaziá-lo de sentido. A Greve Global pelo Clima estava convocada há dois meses, mas a velha mídia brasileira fez o possível para não vê-la – muito menos, narrá-la.

Agora que isso tornou-se impossível, pois milhões foram às ruas no primeiro dia da semana de ações, as fotos se espalharão pelos portais, jornais e noticiários de TV. Os textos tomarão, no entanto, o cuidado de omitir três pontos centrais. Primeiro: cresce, junto com as marchas, a consciência de que o planeta não é ameaçado “pelo ser humano” – mas por um sistema que obriga multidões a devastarem a natureza (ao privá-las de outro modo de subsistência) e que promove, em busca do lucro, o consumismo, o desperdício e a obsolescência programada. Segundo: esta consciência deixou de ser um fenômeno restrito às sociedades ricas ou às classes com mais acesso à informação. À medida em que as consequências do aquecimento global espalham-se, surgirá talvez um fenômeno oposto: as maiorias pobres, principais vítimas, podem converter-se na grande força a tomar as ruas e exigir mudança. Terceiro: a omissão dos políticos tem um preço. Embora tenha se difundido pelo mundo, os protestos foram e tendem a ser maiores e mais ácidos nos países cujos governantes desdenham da crise.

Oceania

A jornada desta sexta-feira começou na Oceânia, quando o resto do planeta ainda dormia. Na Nova Zelândia, onde a primeira ministra Jacinta Ardern defende a imigração e a luta contra o aquecimento global, as manifestações ocorrerão no próximo dia 27. Mas a Austrália, onde governa Scott Morrison, um primeiro-ministro alinhado à direita e aos planos geopolíticos de Trump, viveu talvez os maiores protestos de rua de sua história. Multidões formaram-se nas principais cidades – Sidney, Camberra, Adelaide, Brisbane – e uma centena de centros urbanos menores. Reuniram 300 mil pessoas, num país de população nove vezes menor que a brasileira. Muitas portavam cartazes contra Morrinson. Outras lembravam: “negação não é política”, referindo-se ao fato de que o enorme litoral australiano e a concentração dos habitantes na costa torna o país especialmente vulnerável à elevação dos mares.

Situadas a Nordeste da Austrália, as Ilhas Salomão também foram palco manifestações. Lá, uma população de 560 mil pessoas está ameaçada de desaparecer rapidamente. A altitude média é de centímetros acima do mar. Muitas casas são montadas sobre palafitas fincadas diretamente no solo oceânico. Ciclones, antes inexistentes, estão se tornando cada vez mais comuns. Houve protestos em que se lia: “Não estamos afundando. Estamos lutando”.

Angola | Balanço do primeiro ano da "Operação Transparência"


Estado angolano gasta anualmente mais de três mil milhões de dólares para o financiamento dos processos de repatriamento de imigrantes em situação ilegal.

A "Operação Transparência" cujo objetivo é o combate ao tráfico de diamantes e a imigração ilegal foi lançada a 25 de setembro do ano passado em Angola. Em março de 2019 o plano do Governo foi alargado à costa marítima, para também combater a pesca ilegal e o tráfico de pessoas, segundo as autoridades angolanas.

Esta sexta-feira (20.09.) o porta-voz da "Operação Transparência", António Bernardo disse à imprensa, depois da reunião do Conselho Nacional de Segurança que o dinheiro gasto com o custo dos estrangeiros em situação ilegal serviria para outras despesas. Por isso, destacou ser necessário que se tome medidas sérias para reduzir o problema.

"Sobre os valores, é uma questão que já nos vimos debatendo, há bastante tempo. Não só por força da "Operação Transparência", mas muito antes. O valor gasto com as pessoas até que sejam repatriadas, com a compra de bilhetes ou implicação de outros meios como o transporte terrestre e muito mais, Angola tem estado a gastar 3 a 4 mil milhões de dólares por ano. Portanto, é muito dinheiro que se gasta com esta situação", disse o comissário António Bernardo.

Eleições em Moçambique: Monitoria das ONGs é antipatriotismo ou causa nacional?


Serviço antipatriótico é como é visto a monitoria que as ONGs fazem ao processo eleitoral. O financiamento externo é percebido como um "crime". Será que o dinheiro do Ocidente tira a credibilidade ao trabalho das ONGs?

Em determinados setores moçambicanos cresce a ideia de que, de uma maneira geral, as organizações da sociedade civil, OSC, servem a interesses estrangeiros obscuros. E nesta época eleitoral, em particular, esse entendimento está a ser largamente disseminado nas redes sociais, numa aparente tentativa de descredibilizar as ONGs que mais visibilidade têm na monitoria do processo.

Convidado a avaliar o quadro, o sociólogo Elísio Macamo disse: "Acho que essa é uma opinião muito problemática, é caraterística forte da nossa esfera pública e infelizmente de sempre desfiar teorias de conspiração para explicar coisas que se podem explicar de outra maneira."

O académico acha que o cerne da questão não é o levantado pelos críticos: "Não acredito que as organizações da sociedade civil estejam ao serviço de potências, a questão não é essa. Só que elas, pela sua natureza, prestam-se a isso. E é esse o problema, elas podem não se dar conta de que certas posturas e coisas que fazem servem mais a interesses obscuros do que os interesses que essas organizações afirmam defender, que são interesses nacionais."

"Há uma lógica estrutural que faz com que o trabalho dessas organizações seja vulnerável a esse tipo de constrangimentos, e é isso que temos de apreciar", sugere Elísio Macamo.

Entretanto, é preciso reconhecer que é também graças ao monitoramento paralelo dessas organizações que os ilícitos são cada vez mais denunciados, permitindo, teoricamente, uma oportunidade para o aperfeiçoamento dos mecanismos eleitorais.

Dia Mundial da Paz: ONGs falam de futuro desafiante em Moçambique


As eleições estão quase a chegar e uma das questões mais importantes é se será possível manter a paz e a estabilidade em Moçambique. As ONGs consideram que o país atravessa um período positivo, mas há vários desafios.

O Dia Mundial da Paz celebra-se este sábado, 21 de setembro, em todo o mundo. Em Moçambique, este dia tem um peso maior, pois assinou-se um acordo de paz recentemente. A visita do Papa este mês veio reforçar esse espírito. 

Um novo ciclo político e económico aproxima-se com as eleições do próximo dia 15 de outubro. A paz e a estabilidade são necessárias para o futuro do país. Há várias organizações que estão no terreno e tentam ajudar as populações mais necessitadas, além de acompanhar de perto a realidade fora da capital. Este acompanhamento é crucial para ter noção quais as necessidades mais prementes e se a paz é algo que está em causa. 

Dom João Carlos Nunes, presidente da Comissão de Comunicação da Conferência Episcopal, faz parte de uma entidade que sabe quais as prioridades para manter a paz, mas reconhece os desafios que isso representa.

"O momento atual de Moçambique é bastante desafiador, porque apresenta várias nuances e exige uma atenção redobrada e muito específica. Estamos a caminhar bem, mas é preciso sempre acarinhar aquilo que de bom está a acontecer, vincar esses aspetos positivos e dar propostas para superar aquilo que eventualmente possa minar o processo todo", afirmou.

A Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC) também trabalha para promover a paz e a solidariedade. Joaquim Oliveira, diretor de advocacia desta organização, considera que estão criadas as bases para uma nova fase e que as eleições são o ponto de partida.

"Eu penso que as condições estão criadas para haver mais estabilidade. Ainda há problemas de nível estrutural que têm de ser considerados, nomeadamente, o resultado, a forma como as eleições vão ser conduzidas até agora e depois divulgadas, portanto a transparência. A justeza das eleições e a sua transparência serão determinantes", comentou Oliveira.

Mediocridade de alguns deputados timorenses prejudica o país na ONU - com vídeo

Francisco Guterres Lu Olo, PR da RDTL
O presidente de Timor-Leste, devido à mediocridade intelectual e falta de visão política de alguns deputados, foi impedido de sair do país para participar na 74ª Sessão da Assembleia Geral da ONU.

M. Azancot de Menezes* | Jornal Tornado | Editorial =  Opinião

Francisco Guterres (Lu-Olo), presidente da República Democrática de Timor-Leste (RDTL), por razões exclusivamente subjectivas, reveladoras da incapacidade intelectual e política de alguns deputados, foi impossibilitado de sair do país, pela 3ª vez, neste caso, para participar em cerimónias oficiais no exterior, fundamentais para projectar a imagem do país e consolidar iniciativas da própria embaixadora timorense junto da Organização das Nações Unidas (ONU).

Assuntos tratados na 73ª Sessão da Assembleia Geral da ONU

No âmbito da 73ª Sessão da Assembleia Geral da ONU que decorreu em Setembro e Outubro de 2018, onde participaram chefes de Estado e de governo de 193 países, Milena Pires, embaixadora timorense junto da ONU, na minha perspectiva uma mulher de alto gabarito intelectual, pronunciou-se publicamente em relação a algumas iniciativas previstas pelo Estado timorense, como apoio financeiro e propostas concretas conducentes ao desenvolvimento de importantes reformas neste organismo.

Em termos concretos, Maria Helena Pires referiu que Timor-Leste quer fazer pequenas doações para “o fundo do coordenador residente da ONU”, dentro de 4 anos, principalmente para impulsionar outros países a fazerem o mesmo, e que o Estado timorense também pretende apoiar a ONU em diversas áreas.

A questão da importância da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) também foi abordada, sendo um assunto que deve ser consolidado e desenvolvido sempre que se proporcionar, o que não está a acontecer, a avaliar por mais esta tomada de decisão absurda de alguns deputados do parlamento timorense.

Macau estreia portal online em português, inglês e chinês sobre Dia Nacional da China


Macau, China, 19 set 2019 (Lusa) -- O Governo de Macau estreou hoje um portal online em português, inglês e chinês exclusivamente dedicado às comemorações do Dia Nacional da China, agendadas para 01 de outubro.

O 'site' tem o objetivo de facilitar o trabalho da comunicação social, mas também a consulta por parte da população em geral, de fotografias, vídeos e informações oficiais nas três línguas, pode ler-se num comunicado das autoridades.

Na mesma nota indica-se que o Governo da Região Administrativa Especial de Macau "irá ainda realizar um conjunto de eventos" para celebrar o 70.º aniversário da implantação da República Popular da China, "os quais incluem a cerimónia do içar da bandeira, na Praça Flor de Lótus, e a receção oficial" promovida pelo Executivo e que está marcada para a Torre Macau.

As maiores comemorações estão agendadas para Pequim.

Na capital chinesa, mais de 100 mil cidadãos participam num desfile das cerimónias do aniversário, 60 mil vão assistir à festa noturna, no mesmo dia, enquanto 30 mil foram convidados para observar o desfile militar.

O desfile militar será maior que as edições dos 50.º e 60.º aniversários da fundação da República Popular da China, indicaram as autoridades chinesas no final de agosto, prometendo, contudo, rigor orçamental e que serão "evitadas extravagâncias".

JMC // PJA

Turbulência no mercado financeiro dos EUA pode desencadear nova crise global?


A Reserva Federal dos EUA injetou US$ 128 biliões (R$ 530 bilhões) no sistema financeiro do país devido a uma inesperada crise de liquidez: os pedidos de empréstimos à Reserva Federal aumentaram acentuadamente.

Na opinião da colunista da Sputnik Natalia Dembinskaya, as autoridades americanas estão pensando em como corrigir essa situação, enquanto os credores estão se livrando dos títulos de dívida do governo dos EUA.

Limite de empréstimos

No dia 16 de setembro, os pedidos dos bancos para empréstimos de curto prazo da Reserva Federal americana dobraram de repente, atingindo os US$ 53,2 biliões (R$ 220 bilhões). Isto levou a um aumento das taxas de juro ativas de 2,29% para 4,75%. Nas 24 horas seguintes, os bancos solicitaram US$ 80,05 biliões (R$ 332 bilhões), elevando a taxa para 10%.

No entanto, como o limite de empréstimos de curto prazo da Reserva Federal (Fed) está limitado a US$ 75 biliões (R$ 311 bilhões), houve pedidos de cinco biliões que não foram atendidos, explica a jornalista.

Para salvar o mercado financeiro da paralisia final, a Fed anunciou a compra de US$ 53 biliões (R$ 219 bilhões) de títulos dos bancos (títulos do governo dos EUA, títulos de agências federais e passivos hipotecários).

Se as taxas de juro não voltarem ao normal mesmo depois disso, o banco central norte-americano terá uma única opção - o lançamento de um programa de grande escala como o implementado no contexto da crise global de 2008.

"É bem possível que tenhamos que retomar o crescimento orgânico do balanço mais cedo do que pensávamos", declarou o presidente da Reserva Federal, Jerome Powell.

EUA estiveram por trás de ataque contra refinarias sauditas, afirma deputado russo


A decisão dos EUA de enviar mais militares para o Oriente Médio após o ataque contra as instalações petrolíferas da Arábia Saudita confirma que foram os EUA quem organizou isso, afirmam deputados russos.

O membro do Comité de Defesa da Duma (câmara baixa do Parlamento) da Rússia, Aleksandr Sherin, afirmou que, por detrás dos ataques de drones contra as instalações petrolíferas da Saudi Aramco, estiveram os EUA, que querem obter o controle sobre o petróleo da Arábia Saudita.

Antes, os EUA acusaram o Irã do ataque contra a infraestrutura petrolífera da Arábia Saudita, tendo os iranianos negado todas as alegações. Depois, o secretário da Defesa dos EUA, Mark Esper, afirmou que o presidente dos EUA, Donald Trump, tinha aprovado o envio de militares adicionais para o Médio Oriente devido ao suposto ataque do Irão contra a Arábia Saudita.

"Agora está confirmado a cem por cento que, por detrás desses ataques, estiveram os EUA, para usar esse motivo e lá introduzir um contingente limitado... Agora o objetivo principal é o controle sobre o petróleo saudita", disse Sherin.

Ele relembrou que a tentativa anterior de obter o controle sobre o petróleo da Venezuela falhou e que agora os EUA tentam realizar esse plano no Oriente Médio, realizando a "operação absurda dos drones".

AS MAZELAS DO CAPITALISMO - filme


Marino Boeira*

Você que vive defendendo a primazia do mercado sobre os interesses da população, não deve assistir ao filme Código de Honra (Puncture) de 2012, exibido com pouco destaque nos cinemas, apesar da presença do astro Chris Evans (O Capitão América) e agora disponível no Netflix.

Não deve assistir, porque o filme certamente vai abalar suas convicções sobre a excelência do sistema capitalista baseado na livre ação do mercado.

O filme dirigido pelos irmãos Adam e Mark Kassen (este atuando também como ator), conta a história real de uma pequena firma de advogados do Texas, que resolve defender uma empresa que pretende entrar no mercado hospitalar dos Estados Unidos oferecendo um novo tipo de seringa de plástico totalmente segura, porque só pode ser utilizada uma única vez.

Até 1966 só se utilizavam nos Estados Unidos seringas de vidro, que após serem usadas poderiam ser esterilizadas no calor. A partir da morte do presidente da empresa Thompson, uma das gigantes da indústria médica, seus herdeiros optaram por um sistema de produção mais barato e de grande rotatividade: a seringa de plástico. Como essa não pode ser esterilizada, sua utilização é apontada em estudos como uma das principais causas pela disseminação descontrolada dos mais diversos tipos de doenças - inclusive a AIDS - em todo o mundo, devido a sua reutilização.

ROUBO OU EXPLORAÇÃO?


– Resenha do livro Stolen, de Grace Blakeley

Michael Roberts [*]

Toda a nossa riqueza foi roubada pela grande finança e, ao fazê-lo, a grande finança pôs a nossa economia de joelhos. Portanto, devemos nos livrar da grande finança. Esta é a mensagem abreviada de um novo livro, Stolen – how to save the world from financialisation (Stolen – como salvar o mundo da financiarização), de Grace Blakeley.

Grace Blakeley é uma estrela em ascensão no firmamento da esquerda radical do movimento trabalhista britânico. Ela licenciou-se em política, filosofia e economia (PPE) na Universidade de Oxford e fez um mestrado em estudos africanos. A seguir Blakeley foi investigadora do Institute of Public Policy Research (IIPPE), um "think tank" de esquerda, e agora tornou-se o correspondente económico da revista de esquerda New Statesman. Blakeley é uma comentarista habitual e apoiante de ideias de esquerda em vários media da Grã-Bretanha. Seu perfil e popularidade elevaram seu livro, publicado esta semana, ao top 50 de todos os livros da Amazon.

Roubado: como salvar o mundo da financiarização é um relato ambicioso das contradições e fracassos do capitalismo do pós-guerra ou, mais exactamente, do capitalismo anglo-americano (porque o capitalismo europeu ou asiático é pouco mencionado e a periferia da economia mundial é coberta apenas de passagem). O livro pretende explicar como e porque o capitalismo se transformou na ladroagem do modelo da "financiarização", beneficiando poucos, enquanto destruindo (roubando?) o crescimento, o emprego e o rendimento de muitos.

Stolen conduz o leitor através dos vários períodos do desenvolvimento capitalista anglo-americano de 1945 até a Grande Recessão de 2008-9 e além. E termina com algumas propostas de política para acabar a roubalheira com um novo modelo económico (pós-financiarização) que beneficiará os trabalhadores. Isto é algo atraente. Mas o relato de Blakeley acerca da natureza do capitalismo anglo-americano moderno e das causas das crises recorrentes na produção capitalista estará correcto?

Portugal | Novo contexto, novas exigências


Manuel Carvalho Da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Penso que a maioria dos portugueses e portuguesas que votaram nos partidos da Esquerda (ou esquerdas) em 2015, e depois se regozijaram com os acordos parlamentares estabelecidos entre eles, mantêm até hoje uma avaliação globalmente positiva deste ciclo de governação e desejam a renovação de compromissos para novo mandato.

Entretanto, o contexto atual é radicalmente diferente do de 2015.

Em 2015, havia um rolo compressor a esmagar salários, pensões, direitos sociais e emprego que era preciso deter. Exigia-se aos partidos da Esquerda um entendimento mínimo que pudesse evitar a institucionalização do "estado de exceção" como um novo normal.

Em 2015, surgia um ciclo de crescimento económico à escala global e na União Europeia, e um BCE interveniente, fatores que favoreciam a criação de emprego em Portugal e a queda das taxas de juro, facilitando alguma conciliação entre "devolução de rendimentos" e "ajustamento orçamental".

Em 2015, na composição do Parlamento que resultou das eleições, havia uma coligação PSD-CDS capaz de bloquear qualquer iniciativa do PS sozinho.

A batalha agora tem de ser por novas conquistas, o que em regra é mais difícil do que resistir.

Hoje, embora os salários e as pensões se mantenham praticamente estagnadas em termos de poder de compra, e alguns direitos sociais - a começar pela saúde - continuem quase tão comprometidos como estavam em 2015, não há a perceção de uma ameaça eminente, proveniente de iniciativas do Governo, intencionalmente dirigidas contra as "classes populares", os seus meios de existência e direitos básicos.

Agora, muitos dos que desejam renovação do mandato na Esquerda, pretendem que se continue a reparar os estragos do "ajustamento", mas querem também levar adiante um projeto bem mais profundo de progresso, de mudança qualitativa do perfil da nossa economia, de reparação mais estrutural das desigualdades.

Às portas de 2020, existem fundadas preocupações e antevisões de um novo ciclo recessivo, que pode emergir a partir de guerras abertas ou potenciais, sejam elas bélicas, económicas ou financeiras. Quadraturas do círculo, envolvendo reposição dos rendimentos e investimento público a par de amortização da dívida em passo de corrida, são muito mais difíceis no novo contexto global e europeu que se perspetiva.

A acreditar na bissetriz do conjunto das sondagens conhecidas, das eleições de 6 de outubro não resultará uma bancada PSD-CDS capaz de bloquear o PS-sozinho. O PS não será colocado em estado de necessidade de negociações à esquerda. Mesmo sem maioria absoluta - cenário indesejável por múltiplas razões -, a hipótese mais que provável do crescimento do PS combinado com um descalabro da Direita, produzirá um contexto favorável ao forte setor do PS que sente urticária e enjoos com os acordos à esquerda e encorajam uma solução PS-sozinho, agindo em geometria variável e caso a caso, de que resultaria um viés de direita.

Uma maioria desproporcionada do PS tende a dispensar, absoluta ou parcialmente, uma negociação à Esquerda para um tão necessário novo mandato, agora focado na dignidade do emprego, no crescimento dos salários e pensões, no resgate do SNS, nas questões do território e do ambiente, na mudança do perfil da nossa economia. É preciso reforçar as forças à esquerda do PS.

* Investigador e professor universitário

Portugal | Tancos. Armas iam ser trocadas por droga


DO EXPRESSO - pagar para ler (ajudem o tio Balsemão)

Acusação do roubo de Tancos tem de sair para a semana. Caso contrário, os assaltantes são libertados

A acusação do caso dos roubo das armas de Tancos será conhecida na próxima semana 

De acordo com fontes do processo, caso o Ministério Público não conclua e apresente o tão aguardado documento, o alegado líder do assalto, João Paulino, será de imediato libertado do Estabelecimento Prisional de Lisboa por excesso de prisão preventiva. Foi detido há precisamente um ano por uma equipa do contraterrorismo da Polícia Judiciária.

Hugo Franco | Rui Gustavo | Expresso

Para continuar a ler o artigo, clique AQUI -- (acesso gratuito: basta usar o código que está na capa da revista E do Expresso. Pode usar a app do Expresso - iOS e Android - para descarregar as edições para leitura offline)

Portugal | PGR iliba Governo: Classe dominante pode continuar na pouca-vergonha


Dizem as notícias: PGR, o costume. À corrupção, conluios e nepotismos que grassam nos dos governos e de instituições que deviam servir a transparência, a honestidade e os interesses das populações vem a justiça em minúsculas, desprezível, dar pareceres que servem para o mesmo do costume: a falta de transparência, o livre arbítrio para os políticos (e outros) que destinam a familiares lucros de milhares (milhões?) de euros em negociatas consideradas legais, isentas de irregularidades. 

Se assim é com famílias de políticos (e outros) o que não encerrará de legalidade duvidosa outros “esquemas” que vêm a lume de vez em quando na comunicação social? Aliás, basta perguntar porque anda a gozar de liberdade absoluta e vida faustosa Ricardo Salgado, ou amigos do peito de Cavaco Silva – por exemplo. E outros, e outros, da classe dominante. Salvo raras exceções. 

Porque com eles a justiça dita e escrita em minúsculas é tão complacente, tão permissiva, tão semelhante a uma serva prostituta que os serve e os protege? Não deve ser por acaso que até há agentes da justiça que também beneficiam de Pensões Vitalícias… O que mal não tem… Duvidamos sempre, claro que duvidamos. Porque dos impolutos não reza a história, só acerca dos da classe dominante. Devidamente condecorados e enaltecidos, tantas vezes por somente parasitarem o Estado, que somos todos nós, ou devíamos de ser… Porque somos os que pagamos as doces vidas desses tais "grandes" cidadãos, doutores, e nunca malteses - porque essa é condição dos plebeus, dos explorados, enganados, roubados, escravizados e oprimidos.

Uma lição: Podem existir dúvidas acerca de um governante ou outro em organismos cruciais para as "negociatas" mas, diz a PGR, tal qual o PM, "a demissão não deve ser automática". Na verdade deveriam ser esses tais governantes e outros já citados a pugnarem pelo limpinho-limpinho dos seus caracteres e nem darem azo a suspeitas com familiares, amigos e mais quem vier... Isso é que era bom e merecedores de total confiança. Mas não... Salvo raras exceções, em todos os "ramos" dos poderes. O que a PGR dá a conhecer é que a a pouca-vergonha pode continuar para a classe política-dominante. E depois logo se vê... Como vê? Se a justiça parece mais cega para um dos lados, aquela de que também faz parte, a do domínio dos povos.

Redação PG

Clima: Juventude mundial reúne-se em Nova Iorque para exigir ação


Jovens de todo o mundo reúnem-se este fim de semana em Nova Iorque, em vésperas da Cimeira da Ação Climática convocada pelo secretário-geral da ONU, para exigirem aos políticos ações eficazes no combate às alterações climáticas.

A denominada "Cimeira da Juventude", na sede das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, arranca com um discurso de António Guterres, lançando um dia completo de painéis de discussão liderados por adolescentes e jovens adultos que, segundo o secretário-geral, estão a demonstrar liderança e "estão absolutamente corretos em pressionar para fazer melhor e unir através da ciência".

Entre os jovens ativistas mais mediáticos com presença prevista estará a adolescente sueca Greta Thunberg, que deu origem ao movimento "Greve Mundial pelo Clima".

A "cimeira da juventude" inclui também um fórum intergeracional, onde os jovens poderão falar diretamente com líderes políticos de todo o mundo, que levarão a discussão ao alto nível político na segunda-feira, com a apresentação de planos nacionais, iniciativas público-privadas, estratégias e projetos que as Nações Unidas pretendem que sejam audazes e concretos.

O ataque com drones contra refinarias que deixou o mundo (em) alerta


A tensão no Golfo Pérsico tem vindo a aumentar, agravada pelo ataque a instalações petrolíferas da Arábia Saudita - há precisamente uma semana - , e a possibilidade de um conflito com o Irão será uma das questões relevantes da assembleia-geral da ONU, agendada para a próxima semana. Mas, afinal, o que está em causa?

Que ataque foi este que aumentou a tensão no Golfo Pérsico? Um ataque com drones contra refinarias em Abqaiq e Khurais, que provocou incêndios nas duas instalações petrolíferas do gigante Aramco, no leste da Arábia Saudita, maior exportador mundial de petróleo.

Na sequência deste ataque, a Aramco reduziu a sua produção para metade, ou seja, menos cerca de 5,7 milhões de barris por dia. Sendo que, no total, os ataques provocaram a suspensão de mais de 5% da produção diária de petróleo bruto do mundo.

Além disso, as explosões também interromperam a produção de gás, reduzindo o fornecimento de etano e de gás natural no país para cerca de metade.

Os EUA mostraram-se de imediato preparados para recorrer às suas reservas estratégicas de petróleo para compensar interrupções no mercado do petróleo, em colaboração com a Agência Internacional de Energia. Ainda assim, os preços do barril de petróleo aumentaram mais de 10%, a maior subida desde 1991.

O ataque aconteceu numa altura em que os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo tentam, há meses, encontrar forma de limitar a oferta e estabilizar preços.

Mais lidas da semana