Leu “O Exodus” ou o “Mila 18”?
Leu Leon Uris? (1924-2003)
Beatriz
Lamas Oliveira* | Jornal
Tornado | opinião
Benjamin Netanyahu não
inventou a ideia de utilizar o Holocausto para obter ganhos políticos. No
entanto, como tantas outras coisas na política israelita atual, ele utiliza
essa arma/ferramenta até ao gume. Tal como o fizeram para sua defesa pessoal os
prisioneiros que transformavam colheres em afiadas facas para defesa pessoal e
para ataque às sentinelas alemãs.
Segundo o Jornal israelita
Haaretz, o primeiro-ministro de Israel pretende explorar o Quinto Fórum Mundial
do Holocausto, marcado esta semana em Jerusalém para lembrar os 75 anos da
libertação de Auschwitz pelo Exército Soviético. Explorar como? Tentando apagar
a decisão do Tribunal Penal Internacional de investigar crimes israelitas sobre
os Palestinianos, reféns de um território que também lhes foi prometido.
O que foi o Campo de Auschwitz
De 1 milhão e 300 mil pessoas
enviadas para Auschwitz, morreram 1 milhão e 100 mil.
O número de mortos inclui 960.000 judeus (865.000
dos quais foram gaseados na chegada), 74.000 polacos não judeus, 21.000 ciganos,
15.000 prisioneiros de guerra soviéticos e 15.000 outros
europeus.
Os que não foram gaseados
morreram de fome, exaustão, doença, execuções individuais ou espancamentos.
Outros foram mortos durante experimentos médicos efectuados pelo Dr Mengele.
Quando o Exército Vermelho
Soviético se aproximou de Auschwitz em janeiro de 1945, no final da
guerra, as SS enviaram a maior parte da população do campo para o oeste. Marcha
da morte para campos na Alemanha e na Áustria. As tropas soviéticas entraram no
campo em 27 de janeiro de 1945, um dia comemorado desde 2005 como Dia
Internacional da Memória do Holocausto. Nas décadas seguintes à guerra,
sobreviventes como Primo Levi, Viktor Frankl e Elie Wiesel escreveram memórias
de suas experiências em Auschwitz, e o campo se tornou um símbolo dominante do
Holocausto.
Quinto Fórum Mundial do
Holocausto
Terá intervenções dos presidentes
da Rússia, França, Alemanha e do vice-presidente dos Estados Unidos da América,
ou seja das quatro potências que derrotaram o regime nazi.
Para somar às ferramentas da
insólita interpretação da libertação de Auschwitz, que é agora reivindicada
pela Rússia e pela Polónia, o que não dá grande lustro às comemorações do
encerramento do campo de extermínio nazi.
Quanto à interpretação sobre o
papel da Rússia Soviética e da Polónia, diz Vladimir Putin: ‘Conhecemos a verdade
histórica’.
Israel Katz, que é considerada
uma persona non grata na Polónia depois de acusar os polacos de anti-semitismo,
diz que os israelitas “sabem exatamente quem libertou” os judeus.
Quem é Yisrael Katz
É o ministro dos Negócios
Estrangeiros de Israel, e foi ele quem disse ao presidente russo Vladimir Putin
na quinta-feira que, em relação ao desacordo histórico,” Nós, como aqueles que
foram libertados, sabemos exatamente quem nos libertou.”
Andrzej Duda, Presidente polaco
pede para que se acabe com a distorção do holocausto.
Netanyahu convida os líderes
mundiais com a intenção de obter apoios para a subtil posição de
força de Israel que considera que o Tribunal Penal Internacional Haia não tem
jurisdição nos territórios palestinianos ocupados. Netanyahu, uma raposa velha
e matreira, 48 horas depois do promotor da CCI Fatou Bensouda anunciar no mês
passado, após cinco anos de exame preliminar, que está pronto para abrir uma
investigação sobre possíveis crimes de guerra na Cisjordânia e Gaza, enquanto
aguarda uma decisão judicial da CCI sobre jurisdição.
Quem é Fatou Bensauda
É uma advogada da Gâmbia e
promotora de justiça criminal internacional. Procuradora-chefe do Tribunal
Penal Internacional desde Junho de 2012, depois de ter sido vice-promotora
responsável pela Divisão de Processos do TPI desde 2004 e ter sido Ministra da
Justiça da Gâmbia, onde desempenhou um papel central nos primeiros anos do
regime do presidente ditador da Gâmbia, Yahya Jammeh, sendo escolhida como
procuradora geral e consultora jurídica após seu golpe de 1994 em 1996. Foi
Ministra da Justiça em agosto de 1998 e, honra lhe seja, demitida em março de
2000. O governo de Jammeh tinha sido denunciado por desrespeito aos direitos
humanos, sendo considerado uma das “piores ditaduras do mundo”. Foi elogiada
por grupos de defesa dos direitos humanos pela rápida acusação de crimes contra
mulheres e crianças.
Fatou Bensouda, anunciou na
semana passada a intenção de investigar crimes de guerra israelitas, tinha
visitado Israel há vinte anos para participar de uma conferência patrocinada
pelo governo, sublinha o The Times of Israel. De facto, em outubro de
1998, Bensouda, que acabara de ser nomeada ministra da Justiça de seu país
natal, a Gâmbia, participou na altura num seminário para mulheres líderes de
todo o mundo organizado pela Mashav, a Agência de Cooperação Internacional para
o Desenvolvimento do Ministério das Relações Exteriores, em Haifa.
O The Times of Israel tenta
desacreditar a jurista da Gâmbia, insinuando que ela muda de campo conforme as
conveniências.
Li muitos dos livros que foram
publicados por prisioneiros de campos de concentração nazi. Li leon Uris, li
Anne Frank, li muitos outros. De todos estes livros retirei a impressão, o
sentimento, de que aqueles que escaparam à morte e foram libertados depois da
II guerra terminar, estavam muito doentes, e tinham todos os sintomas de
depressão grave, de confusão mental, de desenraizamento.
Não eram todos judeus e dentre
aqueles que o eram havia os crentes e os ateus, aqueles que nem rezar sabiam.
Amalgamados e mal amados,
desumanizados, muitos aceitaram a ideia de que Israel seria um futuro livre de
horrores.
Na minha opinião caíram numa armadilha.
E para Israel transportaram a angústia, o medo, a falta de raízes, toda uma
confusão mental e cultural que foi criar Kibbutz.
Uma tragédia que não faz justiça
ao Holocausto, antes o prolonga.
E Benjamin Netanyahu é
cúmplice do campo de extermínio em que se tornou a Palestina.
Kapo Benjamin
Netanyahu. Suspeito de corrupção esbraceja ainda.
*Médica Especialista em Saúde
Publica e Medicina Tropical. Editora na "Escrivaninha". Autora e ilustradora.
-- Por opção do autor, este artigo
respeita o AO90
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