O Ministério Público assegura que
"dará seguimento aos pedidos de cooperação judiciária internacional que
lhe sejam dirigidos".
Ministério Público vai analisar a
informação tornada pública no âmbito do Luanda Leaks, que detalha esquemas
financeiros da empresária Isabel dos Santos e do marido que estarão na origem
da fortuna da família, e "desencadeará os procedimentos adequados".
Numa resposta enviada à agência
Lusa, a Procuradoria-Geral da República (PGR) refere que "o Ministério
Público não deixará de analisar toda a informação que tem vindo a público e de
desencadear os procedimentos adequados no âmbito das suas atribuições", garantindo
que "dará seguimento aos pedidos de cooperação judiciária internacional
que lhe sejam dirigidos".
Um consórcio de jornalismo de
investigação revelou no domingo mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de
"Luanda Leaks", depois de analisar, ao longo de vários meses, 356
gigabytes de dados relativos aos negócios de Isabel dos Santos entre 1980 e
2018, que ajudam a reconstruir o caminho que levou a filha do ex-presidente
angolano José Eduardo dos Santos a tornar-se a mulher mais rica de África.
A PGR refere ainda que
"mantém uma estreita colaboração com a sua congénere angolana, tendo
renovado em 26 de abril de 2019 o Acordo Adicional ao Acordo de Cooperação com
a Procuradoria-Geral da República de Angola".
O Consórcio Internacional de
Jornalismo de Investigação (ICIJ), que integra vários órgãos de comunicação
social, entre os quais o Expresso e a SIC, identificou mais de 400 empresas (e
respetivas subsidiárias) a que Isabel dos Santos esteve ligada nas últimas três
décadas, incluindo 155 sociedades portuguesas e 99 angolanas.
As informações recolhidas
detalham, por exemplo, um esquema de ocultação montado por Isabel dos Santos na
petrolífera estatal angolana Sonangol, que lhe permitiu desviar mais de 100
milhões de dólares (90 milhões de euros) para o Dubai.
Revelam ainda que, em menos de 24
horas, a conta da Sonangol no Eurobic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos é
a principal acionista, foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte
à demissão da empresária.
Os dados divulgados indicam
quatro portugueses alegadamente envolvidos diretamente nos esquemas financeiros:
Paula Oliveira (administradora não-executiva da Nos e diretora de uma empresa
offshore no Dubai), Mário Leite da Silva (CEO da Fidequity, empresa com sede em
Lisboa detida por Isabel dos Santos e o seu marido), o advogado Jorge Brito
Pereira e Sarju Raikundalia (administrador financeiro da Sonangol).
TSF | Lusa
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