Após trégua na guerra comercial
com a China, presidente dos EUA ameaça taxar em 25% os automóveis europeus.
Comissão Europeia se diz otimista quanto a um acordo com Washington.
Pouco depois de seu governo
negociar uma trégua na guerra tarifária com a China, o presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, volta agora seus canhões para a Europa.
Nesta quarta-feira, o líder da
Casa Branca ameaçou impor tarifas devastadoras sobre os automóveis europeus
para forçar a União Europeia (UE) a ceder nas negociações sobre um acordo
comercial transatlântico. Anteriormente, o americano já havia prometido
aumentar as tarifas sobre as importações dos veículos fabricados na UE, mas
acabou adiando a decisão.
Trump se reuniu com a nova chefe
da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, durante o Fórum Económico Mundial
em Davos, na Suíça, onde teria reforçado a posição americana de diminuir as
desvantagens comerciais de seu país em relação ao bloco europeu.
"Encontrei a nova chefe da
Comissão Europeia que, por sinal, é fantástica. Tive uma ótima conversa. Mas,
eu disse, 'veja bem, se nós não obtivermos algo, vou ter que tomar uma atitude'
e essa atitude será através de tarifas muito altas sobre os carros deles e
outras coisas que entram em nosso país", disse Trump em entrevista à
emissora americana CNBC, em Davos.
"É mais difícil negociar com
a União Europeia que com qualquer outro. Há muitos anos eles vêm obtendo
vantagens sobre o nosso país", afirmou à Fox Business Network. "No
final, vai acabar sendo fácil, porque se não conseguirmos um acordo, teremos
que colocar 25% nas tarifas sobre os automóveis deles", acrescentou.
"Para ser honesto, eu queria
esperar até encerrar [as negociações] com a China", disse Trump. "Não
queria ir contra a China e a Europa ao mesmo tempo."
O relato do presidente contrasta
com a narrativa de Von der Leyen sobre a conversa entre ambos. Ela disse que
teve um diálogo positivo com o americano e demonstrou otimismo sobre a perspectiva
de chegar a um acordo que inclua as áreas do comércio, tecnologia e energia.
"Esperamos em poucas semanas
chegar a um acordo que ambos possamos assinar", disse a chefe do Executivo
da UE.
A embaixadora da Alemanha nos
Estados Unidos, Emily Haber, disse em Washington que a UE é tão forte
economicamente quanto os EUA, e que se Trump confirmar o aumento das tarifas de
importação, o bloco europeu responderá na mesma medida.
Um possível aumento das tarifas
de importação nos EUA resultaria em um aumento exponencial nos preços dos
automóveis europeus no mercado americano, atingindo com força marcas mais
sofisticadas como as alemãs BMW e a Audi.
Os mercados de ações na Europa
parecem ter sentido os efeitos da ameaça de Trump. Nesta quarta-feira, as
bolsas de Londres, Frankfurt e Paris fecharam em baixa.
Trump retornou a Washington nesta
quarta-feira, em meio ao julgamento no Senado americano do processo
de impeachment movido pela oposição democrata.
Deutsche Welle | RC/afp/rtr
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