Em pronunciamento anual,
presidente americano lista conquistas económicas e mira base conservadora de
apoiantes. Líder democrata Nancy Pelosi rasga discurso diante de Congresso
polarizado.
O presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, reivindicou ser o responsável por uma "grande retomada
americana" durante o discurso anual do Estado da União, na noite de terça-feira (04/02) em Washington.
Diante de um Congresso dividido,
Trump aproveitou para se concentrar em assuntos ligados à economia num
pronunciamento que deverá impactar sua campanha pela reeleição.
Enquanto Trump subia ao palanque
da mesma Casa em que uma maioria de democratas votou pelo seu impeachment,
em dezembro, congressistas republicanos entoaram gritos de "mais quatro
anos!".
Durante o pronunciamento de 78
minutos, Trump não mencionou o julgamento do impeachment que deverá terminar
nesta quarta-feira, com votação da sentença pelo Senado. É esperado que o
presidente americano seja absolvido pela maioria republicana na Casa.
Democratas da oposição
demonstraram visível e audivelmente estarem contrariados pela linguagem que
consideraram extremamente partidária do discurso de Trump. Num aceno a seus
apoiantes, o presidente republicano criticou assuntos como imigração, pediu
restrições ao aborto e afirmou que defenderá o direito de posse de armas.
No final do discurso, a presidente
da Câmara e expoente da votação do impeachment, a democrata Nancy Pelosi,
rasgou a cópia do discurso que Trump lhe havia entregue e ao vice-presidente
e também presidente do Senado, Mike Pence, ao subir ao pódio. A atitude de
Pelosi foi considerada a reação mais clara dos democratas às palavras de Trump
e criticada por conservadores como "infantil".
"Foi o que havia de cortês a
fazer considerando as alternativas", explicou Pelosi, chamando o discurso
de "um manifesto de inverdades".
O gesto refletiu a polarização no
Congresso. Em vez de concretizar um tradicional momento de trégua política, o
discurso mostrou a guerra simbólica que vive o país antes das eleições
presidenciais.
O presidente americano foi
repetidamente aplaudido por congressistas republicanos durante o discurso.
"Estamos avançando num ritmo inimaginável até há pouco tempo, e nunca
voltaremos para trás", declarou, entre palmas dos correligionários.
"Os anos de declínio económico acabaram."
De forma reiterada, Trump apontou
contrastes entre seu mandato e o do ex-presidente democrata Barack Obama. Num
momento do discurso, ele atacou "as políticas económicas fracassadas da
gestão anterior".
Checagens realizadas
por vários veículos de comunicação do país rapidamente destacaram que a
atual expansão económica nos Estados Unidos começou sob Obama e que vem
mostrando sinais de retração nos últimos três meses. Segundo as análises, Trump
não conseguiu manter o crescimento económico de 3%, conforme havia prometido.
O presidente americano concedeu a
Medalha Presidencial da Liberdade – a maior honraria no país a um civil – ao
apresentador de rádio conservador Rush Limbaugh, conhecido por declarações
consideradas racistas.
Trump também realizou um
reencontro surpresa entre um soldado e sua família e apresentou o presidente
autodeclarado da Venezuela e líder da oposição Juan Guaidó, que estava na
plateia, como um bastião contra o socialismo – em provocação ao regime de
Nicolás Maduro.
"O socialismo destrói
nações, mas lembrem-se sempre que a liberdade unifica a alma", sentenciou
Trump.
O presidente também elogiou
o aumento das despesas do Estado com o Exército e listou como exemplos de
promessas cumpridas, entre outros, um acordo comercial com a China e medidas
"sem precedentes" para coibir a imigração ilegal, além de seu
controverso plano
de paz para "acabar com as guerras americanas no Médio Oriente".
Por outro lado, o presidente
americano não falou na dívida interna crescente, que poderá atingir níveis
recorde desde a Segunda Guerra Mundial.
Criticado pela falta de propostas
para a área da saúde, Trump prometeu baixar os custos de planos para a
população, atacando as propostas democratas como "uma tomada
socialista" que arruinaria o país, diminuindo benefícios ao conceder
cuidados a imigrantes ilegais.
Além disso, de acordo com a visão
de Trump, as promessas de renovação do programa espacial americano deverão ser
concretizadas, e os Estados Unidos "cumprirão seu destino nas
estrelas" e serão "a primeira nação a fincar sua bandeira em
Marte".
Em suas críticas, Trump ainda
atacou "imigrantes ilegais", detalhando alegados crimes violentos
cometidos por imigrantes e dizendo que apoiaria uma legislação que processe
localidades que possuem leis protegendo cidadãos sem documentos.
Deutsche Welle | RK/dpa/afp/rtr
Sem comentários:
Enviar um comentário