Os insultos racistas ocorridos
este domingo têm merecido condenação pública transversal. Mas para derrotar
este flagelo, que não se cinge ao desporto, é preciso ir às causas e agir de
forma consequente.
AbrilAbril | editorial
O País acordou na segunda-feira
a condenar, de forma generalizada, o sucedido na disputa de futebol realizada
ontem entre o Vitória Sport Clube e o Futebol Clube do Porto, onde muitos
adeptos vimaranenses proferiram, de forma sistemática, insultos racistas contra
Marega, que acabou por abandonar o campo.
A questão ficou naturalmente
mediatizada por ter sucedido no palco onde ocorreu – um jogo da primeira liga
de futebol – e já está a ser objecto de comentários e análises das mais
diversas esferas da sociedade, em particular no mundo do desporto.
Condenação é a palavra mais
ouvida. E procuram-se culpados, em concreto. Mas, se do ponto de vista dos
princípios, (quase) todos apontam estar do mesmo lado, é na acção concreta e
posicionamento político que as responsabilidades também devem ser assacadas.
O racismo não é um problema
exclusivo do terreno desportivo, e muito menos ocorre apenas no futebol.
Recentemente têm sido trazidos a público diversos casos que demonstram haver
ainda muito caminho a fazer no combate a quaisquer expressões de racismo na nossa
sociedade.
A discriminação racial é, a par
da xenofobia, uma das mais velhas armas daqueles que se querem manter no poder
através da exploração. Assiste-se à manipulação e promoção, por parte de
diversas forças, de sentimentos e emoções que alimentam discriminações, medos,
ódio e divisões sociais.
A questão central da igualdade e
da unidade em torno daquilo que nos une torna-se premente na sociedade actual,
quando são aqueles que alimentam o sistema que beneficia das divisões e ódios
entre aqueles que mais ganhariam se estivessem lado a lado na luta por melhores
condições de vida.
A luta pela igualdade e contra
todo o tipo de discrimações é, pois, actual. E merece firme combate contra as
políticas de portas fechadas praticadas pela União Europeia, os ataques a
direitos sociais e laborais que promovem as desigualdades, os entraves
administrativos e materiais aos serviços e forças de segurança que deviam estar
na primeira linha deste combate, ou a tolerância zero para com os que nutrem
elementos de divisão com carácter racista ou xenófobo.
Será pois na prática que se
diferenciarão aqueles que apenas se insurgem por palavras daqueles que estão do
lado da efectiva mudança, por via de acções práticas, exigindo respostas e mais
meios para este combate.
Imagem: António Petinga / Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário