Quatro crianças são contaminadas
por professora em jardim de infância em Heinsberg, no oeste alemão, onde 60
casos já foram confirmados. Funcionário de outra escola é diagnosticado,
elevando temores de maior propagação.
O vírus Sars-CoV-2 continua se
espalhando pela Alemanha, que anunciou neste sábado (29/02) quatro casos de
infecções em crianças, contaminadas pelo novo coronavírus num jardim de
infância em Heinsberg, no oeste alemão. A cidade é o foco principal da doença
no país.
O estado de saúde das crianças,
cujas idades não foram especificadas, não causa preocupação no momento,
informou um porta-voz de Heinsberg, cidade que fica no estado da Renânia do
Norte-Vestfália. Segundo ele, os infectados têm "sintomas de resfriado".
As crianças frequentavam o jardim
de infância onde trabalha uma mulher que foi contaminada pelo marido, o
primeiro caso detectado nesse estado alemão, que é densamente povoado.
O homem, de 47 anos, teve seu
diagnóstico confirmado na terça-feira passada, após ter contato com um
conhecido que esteve recentemente na China. A esposa, contaminada pelo marido,
é professora do jardim de infância e chegou a ir trabalhar antes de ser
diagnosticada.
Um total de 114 crianças
frequentava o centro infantil. Exames foram realizados em cerca de 100 meninos
e meninas, resultando em diagnósticos positivos em quatro deles. Segundo as
autoridades, as demais crianças não apareceram para fazer os exames
voluntários.
Enquanto isso, a cidade de Bonn,
também na Renânia do Norte-Vestfália, registou seu primeiro caso de infecção.
O paciente é um jovem de 23 anos que trabalha como supervisor numa escola. Ele
tem sintomas leves e está em quarentena em casa, informou o Hospital
Universitário da cidade.
Segundo autoridades locais, o
rapaz foi a várias festas de Carnaval em Heinsberg durante vários dias, e
voltou a Bonn na quarta-feira. Ele chegou a trabalhar nesse dia, tendo contato
com crianças por cerca de uma hora e meia.
O jovem, no entanto, se sentiu
mal e não voltou mais à escola. Ele foi ao hospital na quinta-feira, mas exames
para detectar o coronavírus só foram realizados na sexta.
A escola em que ele trabalha
ficará fechada por duas semanas. As 185 crianças que estudam ali, bem como
professores e demais funcionários, deverão permanecer em casa e também farão
exames para detectar possíveis infecções.
O número de casos confirmados em
Heinsberg chegou a 60 neste sábado, concentrando a maioria das infecções na
Alemanha. Cerca de mil pessoas estão em quarentena domiciliar por precaução.
Segundo o porta-voz da cidade,
estima-se que aproximadamente 400 pessoas tenham tido contato com o primeiro
casal infectado, que também festejou o Carnaval na região na semana passada.
Assim, o número de casos pode ainda aumentar.
Outro estado bastante afetado é
Baden-Württemberg, que confirmou sua 15ª infecção neste sábado. O paciente é
uma mulher de 42 anos que teve contato com uma pessoa contaminada em Freiburg.
Ela está em isolamento domiciliar, informaram autoridades estaduais.
Outros casos foram registrados em
Hamburgo, Hessen, Baviera, Renânia-Palatinado, Bremen e Schleswig-Holstein. O
número exato de infecções na Alemanha ainda é incerto. O último balanço, de
sábado de manhã, falava em 66 pessoas, mas outros casos foram confirmados após
esse anúncio.
Na última quarta-feira, o
ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, afirmara que a Alemanha
enfrenta o início de uma epidemia do novo coronavírus.
Diante do aumento crescente no
número de casos, autoridades e empresas já começam a tomar medidas para impedir
a proliferação do vírus. Neste sábado, o guia de restaurantes Michelin decidiu
cancelar um evento que ocorreria na próxima terça-feira em Hamburgo, no qual
apresentaria suas escolhas de melhores restaurantes da Alemanha em 2020.
O país também já havia cancelado
a tradicional feira anual ITB, um importante encontro do setor de turismo
internacional, que ocorreria entre 4 e 8 de março em Berlim. Para o evento,
eram esperados mais de 10 mil expositores de todo o mundo e mais de 160 mil
visitantes.
Mundo em alerta
Iniciado na cidade de Wuhan, na
China, o surto de Sars-CoV-2 já atinge vários países europeus. O mais afetado é
a Itália, que neste sábado confirmou um total de 1.128 pessoas infectadas –
sendo 240 novos casos nas últimas 24 horas – e 29 mortes.
Também neste sábado, a Áustria
confirmou nove casos, e a Dinamarca anunciou sua terceira infecção, um homem
que provavelmente foi contaminado durante uma viagem à Alemanha. A Finlândia
também registou três casos.
A França anunciou que
decidiu proibir eventos com mais de 5 mil pessoas em lugares fechados e grandes
aglomerações ao ar livre como medida de precaução devido à expansão do surto. O
país já regista 73 casos.
A meia-maratona de Paris, que
ocorreria no domingo com 44 mil corredores registados, foi um dos eventos
suspensos. Além disso, todos os eventos coletivos nas principais áreas
afetadas, como o departamento de Oise, no norte, foram cancelados.
Ao todo, o novo coronavírus já
infectou 85.403 pessoas, segundo informou a Organização Mundial da Saúde (OMS)
neste sábado. Desse total, 79.394 infecções foram registadas na China e 6.009,
em outros países. Mais de 60 nações já foram afetadas.
Essa contagem indica que nas
últimas 24 horas foram registados 1.753 novos casos, sendo 435 na China e
1.318 em outros países.
A OMS também informou que a
doença Covid-19 já causou 2.838 mortes na China e 86 fora do país – ou seja, 47
e 19 a mais do que na véspera, respectivamente.
O vírus está se espalhando
mais rapidamente na Coreia do Sul, que registou 813 novos casos
neste sábado – seu maior aumento diário até agora –, com o país
totalizando 3.150 infecções.
O Brasil confirmou
seu segundo caso neste sábado, após o primeiro ter sido registado na
última quarta-feira, sendo também o primeiro na América Latina. Ambos os
pacientes são de São Paulo e viajaram à Itália recentemente.
Também neste sábado, os Estados
Unidos confirmaram a primeira morte ligada ao vírus no país, no estado de
Washington. Já são 62 casos confirmados de infecção no território americano, a
maioria oriunda de um navio de cruzeiro. Diante disso, o governo anunciou uma
expansão nas restrições de viagem, que afetam Irão, Itália e Coreia do Sul.
Deutsche Welle | EK/efe/afp/dpa/ots
Sem comentários:
Enviar um comentário