Na China e na Europa,
passando pelos Estados Unidos e Canadá, são várias as empresas
farmacêuticas e institutos académicos e militares a desenvolverem vacinas
contra a COVID-19, com testes em humanos prestes a começar. O mais recente
desenvolvimento diz respeito à China, país onde começou a pandemia que, à data,
soma 11.868 mortes em todo o mundo.
A cadeia de televisão estatal
chinesa, CCTV, deu a conhecer na terça-feira que uma equipa de investigadores
liderada pela epidemiologista Chen Wei, da Academia de Ciências Médicas
Militares, foi autorizada a arrancar com ensaios clínicos de uma vacina contra
a COVID-19 em humanos.
De acordo com a mesma fonte, o
teste, desenvolvido em parceria com a empresa CanSino Biologics, estará na
linha da frente “entre nove tratamentos possíveis, em desenvolvimento por
cientistas chineses”, explica o “South China Morning Post”.
Chen Wei conta que a
potencial vacina foi desenvolvida seguindo “padrões internacionais e
regulamentos nacionais”, tendo em vista uma produção “segura, eficaz, de
qualidade controlada e em massa”.
O alvo é, como se sabe, o vírus SARS–CoV-2,
causador da doença COVID-19. Tendo em conta que este coronavírus partilha a
esmagadora maioria do material genético do coronavírus da SARS (que apareceu
também na China em 2002), os investigadores estarão a aproveitar muita da
investigação já realizada sobre coronavírus.
De acordo com o jornal “The
Guardian”, os dois coronavírus consistirão em duas tiras da molécula “mRNA” (ácido ribonucleico
mensageiro) encapsuladas numa proteída em forma de esfera com picos. São essas
“antenas” que o tonam capaz de se agarrar às células que revestem o pulmão
humano e sequestrar-lhes o mecanismo de reprodução, fazendo mais cópias de si
próprio.
O jornal britânico diz também que serão já 35 as empresas e instituições académicas a
testarem, neste momento, uma possível vacina contra a COVID-19.
Na Europa, de quem mais se fala é
da CureVac, uma
farmacêutica alemã recentemente envolvida numa polémica entre Donald Trump e
o governo de Angela Merkel, depois de o jornal alemão “Welt” ter
noticiado que a administração norte-americana teria oferecido à companhia alemã
uma grande quantia de dinheiro para garantir os direitos da vacina, mas “apenas
para os EUA”. A Curevac, no entanto, negou ter recebido tais ofertas do governo dos EUA.
No site oficial, a CureVac confirma que no dia 2 deste mês, o antigo diretor geral Daniel
Menichella, foi convidado pela Casa Branca para “discutir estratégias e
oportunidades para o rápido desenvolvimento e produção de uma vacina para o coronavírus”
com Donald Trump e Mike Pence e vários membros, numa “task-force” criada
pelo governo norte-americano para combater o novo coronavírus. Depois desta
reunião, a CureVac substitui o seu diretor-geral por três vezes nas últimas
duas semanas.
A empresa espera poder começar
a testar a vacina em junho ou julho e assegura que tem capacidade para
“produzir uma vacina em massa, se necessário, num momento de emergência”.
“Podemos fazer 10.000 mil, 100.000 mil ensaios, podem chegar a 1 milhão, se
quiserem. Temos o material pronto para fazer”, assegurava o anterior CEO Ingmar
Hoerr.
A resposta da CureVac ao novo
coronavírus é reconhecida pela Comissão Europeia, que está disposta a
financiar monetariamente a empresa alemã. A Comissão avançou esta semana que o
financiamento poderá chegar aos 80 milhões de euros, com o objetivo de
“escalar o desenvolvimento e produção da vacina contra o coronavírus na
Europa”.
Em comunicado,
a Comissão Europeia assegura que o tema foi discutido por videoconferência
entre os gestores da CureVac e a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen,
Marya Gabriel, comissária Europeia para a Inovação, Investigação, Cultura,
Educação e Juventude e o vice-presidente do Banco Europeu de Investimento.
A BioNTech, farmacêutica
alemã, aliou-se à Pfizer para acelerar o desenvolvimento de sua própria vacina
de “mRNA”, com a intenção de iniciar os testes clínicos em abril.
A empresa norte-americana Moderna também
começou a fazer testes com a vacina experimental na passada segunda-feira, numa
aliança com Instituto
Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA.
A empresa de biotecnologia que
sequenciou o gene do vírus em 42 dias, vai agora testar a vacina em 45
voluntários, numa faixa etária entre os 18 e 55 anos, oferecendo 1.100 dólares
a cada voluntário para poder participar no teste. No entanto, os responsáveis
de saúde norte-americanos avisam que vai demorar entre um ano e ano e meio para
perceber se a vacina é segura e eficaz.
Israel também está na corrida
para encontrar uma vacina para a COVID-19. O jornal israelita Haaretz noticia
que os cientistas do Instituto de Pesquisa Biológica de Israel esperam
anunciar nos próximos dias, que concluíram o desenvolvimento de uma vacina para
o novo coronavírus COVID-19. Para que a vacina possa ser considerada eficaz e
segura, esta nova pesquisa vai ter que passar por “uma série de testes que se
devem prolongar por muitos meses”, assegura a publicação online.
Numa série anúncios, a Medicago,
uma empresa biofarmacêutica do Canadá, anunciou a produção de “uma partícula
semelhante ao vírus VLP (moléculas que se assemelham ao vírus, mas não são
infeciosas porque não contêm material genético viral), do coronavírus em apenas
20 dias após a obtenção do gene SARS-CoV-2 (vírus causador da doença COVID-19).
Em comunicado,
a empresa sediada no Quebec, assegurou que a “produção do VLP é o primeiro
passo no desenvolvimento de uma vacina para COVID-19, que agora passará aos
testes pré-clínicos de segurança e eficácia”. Concluído este processo, a
Medicago espera iniciar os testes da vacina em humanos em julho ou agosto deste
ano.
Os especialistas da Organização
Mundial da Saúde não esperam que chegue ao mercado uma vacina devidamente
testada e aprovada antes de meados do ano que vem.
Ao nível mundial, o novo
coronavírus infetou até este sábado (21) mais de 284 mil pessoas, das
quais perto de 90 mil recuperaram e 11.868 morreram.
Até ao momento, Itália é o
país que regista o maior número de mortes: são agora mais de 4 mil. Na
China, segundo país com mais óbitos, perto de 3.300 pessoas morreram com a
COVID-19. Em Portugal, o número é agora de 12 mortes.
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