Serviço de contrainteligência
identifica oito extremistas de direita, quatro islamistas e dois "cidadãos
do Reich" na Bundeswehr em 2019. Em muitos casos, declarações xenófobas em
redes sociais levantaram suspeitas.
O Serviço de
Contrainteligência Militar da Alemanha (MAD) listou no ano passado 14
soldados e funcionários da Bundeswehr, as Forças Armadas do país, como
extremistas, aponta um relatório divulgado na terça-feira
(03/03).
O relatório do MAD, enviado ao
Parlamento alemão e ao qual agência de notícias DPA e a rede de emissoras ARD
tiveram acesso, aponta que além de oito extremistas de direita, foram
identificados quatro islamistas e dois chamados reichsbürger –
autointitulados "cidadãos do Reich", que rejeitam a legitimidade da
atual República Federal da Alemanha e de suas leis e adotam para si as antigas
fronteiras de 1937 do Terceiro Reich.
Segundo o MAD, foram
contabilizados 743 casos suspeitos de extremismo entre as Forças Armadas em
2019, entre eles 592 relacionados ao extremismo de direita, 69 islamistas e 11
de extrema esquerda. No total, 49 pessoas foram demitidas por conduta
extremista, 46 delas de direita.
O MAD considera extremista quem
age ativamente contra a ordem básica democrática, em alguns casos com uso de
violência. De acordo com o parágrafo 4º da Lei Federal de Proteção à
Constituição, são considerados esforços nesse sentido comportamentos
direcionados contra as liberdades e direitos democráticos, a independência da
Justiça ou contra os direitos humanos descritos na Lei Fundamental, a
Constituição alemã.
Segundo os autores do relatório
do MAD, contribuíram para o extremismo de direita no ano passado a ideologia da
chamada Neue Rechte (Nova Direita), o chamado Movimento Identitário, assim como
a Junge Alternative, ala jovem do partido populista de direita Alternativa para
a Alemanha (AfD), e a Der Flügel, ala ultranacionalista da AfD.
"Declarações xenófobas nas
redes sociais foram responsáveis pela maior parte dos casos processados como
suspeitos pelo MAD", diz o relatório.
O documento também menciona
"ofensas clássicas de propaganda", como tocar música de extrema
direita em propriedades militares e participar de eventos de extrema
direita.
"O número de membros de
grupos, organizações e partidos de extrema direita permaneceu estável e a um
nível baixo", aponta o MAD.
Em outubro do ano passado, o Ministério
da Defesa inaugurou uma nova unidade para lidar com os casos suspeitos de
extremismo, com o objetivo de, após críticas ao trabalho do MAD, garantir mais
transparência e também monitorizar as consequências dos casos classificados como
extremistas.
"Não há lugar para o
extremismo na Bundeswehr. O objetivo das Forças Armadas é afastar e manter
distantes delas tanto extremistas reconhecidos quanto pessoas com falta de
lealdade à Constituição", conclui o relatório.
Em meados de 2019, um
levantamento do Ministério da Defesa alemão apontou que, em dois anos, a Bundeswehr
rejeitou 63 candidatos por extremismo. Deles, 21 foram tidos como
extremistas de direita. Em 12 casos, foram identificados islamistas, e dois
foram considerados extremistas de esquerda.
Deutsche Welle | LPF/dpa/ard
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