Missão da Comunidade Económica
dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) deverá chegar à Guiné-Bissau na
segunda-feira para ajudar a resolver crise política. Mas analista diz que a
organização "está comprometida".
A missão da Comunidade Económica
dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) chega a Bissau na segunda-feira e vai
permanecer até sexta-feira, 13. Será composta por peritos constitucionais, que
vão manter contactos com a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o Supremo
Tribunal de Justiça.
O representante especial da
CEDEAO na Guiné-Bissau disse num comunicado publicado esta sexta-feira que o
propósito da missão é ajudar a alcançar "uma resolução rápida do
contencioso eleitoral criado após a divulgação dos resultados da segunda volta
das presidenciais", realizada a 29 de dezembro.
No seu último comunicado, de 2 de
março, a CEDEAO disse que "não pode reconhecer organismos criados e
instalados fora dos quadros constitucionais e legais".
Mas os partidos e personalidades
políticas que apoiaram a candidatura de Umaro Sissoco Embaló à Presidência
discordam da organização sub-regional.
"Não conseguimos
entender", frisou Vítor Pereira, que falou em nome do coletivo durante uma
conferência de imprensa, na quinta-feira (05.03). "Não é possível que uma
organização idónea tenha dois pesos e duas medidas e se pronuncie de forma
diferente. Não conseguimos entender isso".
Tensão política aumenta
Desde quarta-feira, polícias
e militares têm recuperado as viaturas que estavam a ser utilizadas
por membros do Governo de Aristides Gomes, demitidos por Umaro Sissoco Embaló.
Em alguns casos, de acordo com as testemunhas, a operação não foi pacífica,
existindo pontualmente trocas de palavras entre os elementos das forças de
defesa e segurança e familiares dos visados na recuperação dos carros.
Esta sexta-feira, a DW pôde
constatar que os militares já não ocupam o Palácio da Justiça, onde também
funciona o Supremo Tribunal de Justiça. As instalações estão a ser guardadas
pela polícia de ordem pública e elementos da Ecomib, a força militar da CEDEAO
no país.
Na quinta-feira, o Conselho de
Segurança das Nações Unidas expressou "profunda
preocupação" com a crise pós-eleitoral na Guiné-Bissau.
Para o comentador político Jamel
Handem, o que se vive neste momento na Guiné-Bissau "não é
democracia".
"Nós tentamos fazer a
democracia com as eleições, convencemo-nos de que as eleições iriam resolver o
problema. Aqui está tudo claro: há um grupo que assumiu o poder pela força das
armas e há outro grupo que está submetido", afirma.
Em vésperas da chegada da missão
da CEDEAO ao país, Handem acredita que a organização "está comprometida e
perdeu as capacidades para a resolução do conflito na Guiné-Bissau".
O analista aponta uma
solução: "Se o Conselho de Segurança das Nações Unidas quiser resolver
o problema da Guiné-Bissau tem que constituir uma missão de alto nível que
integre todas as organizações internacionais interessadas para virem cá
resolver o problema. Mandar só uma dessas organizações é a mesma coisa que
condenar a Guiné-Bissau à morte", avisa.
Iancuba Dansó (Bissau) | Deutsche
Welle
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