Nas últimas 24 horas foram
confirmados mais 630 casos de infeção pelo novo coronavírus, em Portugal, de
acordo com o boletim diário da Direção-Geral da Saúde. É um aumento de 27% face
ao dia anterior.
Portugal tem 2995 infetados, 43
mortos e 22 recuperados da infeção causada pelo novo coronavirus, segundo o
boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta quarta-feira (25
de março), que inclui os dados recolhidos até às 24:00 do dia anterior. Nas
últimas 24 horas, foram confirmados mais 630 casos - um aumento 27% face ao dia
de ontem - e registadas mais 10 mortes. E é com estes dados que o país entrará
na terceira fase da pandemia, a de mitigação, que já prevê o
contágio comunitário.
"Portugal está prestes a
entrar na terceira fase da pandemia - a de mitigação - o que envolve mais esforços",
disse o Secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales, durante a
conferência de imprensa diária no ministério da Saúde, esta quarta-feira.
"Quer isto dizer que temos transmissão comunitária, não exuberante, mas
temos. É por isso que à meia-noite vai entrar um novo plano. A fase transição
pode ter alguma turbulência, mas estamos aqui para resolver os obstáculos e
contamos com todos", clarificou a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.
O Plano Nacional de Preparação e Resposta ao novo
coronavírus estabelece três níveis e seis subníveis, de acordo com a avaliação
de risco para a covid-19 e o seu impacto para Portugal. Segundo o documento da
DGS, a fase de mitigação, nível vermelho de alerta e de resposta três (a mais
elevada de uma escala de três), corresponde à presença de casos de covid-19 em
território nacional e divide-se entre os subníveis de "cadeias de
transmissão em ambientes fechados "e "cadeias de transmissão em
ambientes abertos".
E na prática o que muda? Segundo
a diretora-geral da Saúde se nas primeira fases os doentes eram encaminhados
para instituições hospitalares de referência, agora as respostas serão mais
alargadas. "Abrimos o processo", diz Graça Freitas. Ou seja, os
infetados passam a poder ser acompanhados em casa (cerca de 80%), no centros de
saúde mais próximos da sua residência, no caso de "um grupo de doentes com
sintomas um bocadinho mais graves" e só os casos críticos (aproximadamente
5%) serão internados na rede alargada de hospitais. Ao dia de hoje, estão
hospitalizadas 276 doentes, destes 61 encontram-se em alas de cuidados
intensivos.
A resposta é dada de acordo com a
proximidade do local onde se encontra o doente, sem olhar à dicotomia
público/privado e tentando sempre que possível isolar os infetados com covid-19
dos restantes doentes. A pensar nisso, os três institutos portugueses de
oncologia (IPO de Lisboa, Porto e de Coimbra) não deverão receber nenhuma
pessoa suspeita de infeção, como medida de proteção dos seus doentes
imunodeprimidos.
Lisboa e Porto lideram concelhos
com mais casos
A região mais afetada do país
continua a ser o norte (1517 casos, 20 mortes), depois Lisboa e Vale do Tejo
(992, 12 mortes). Seguem-se o centro (365, 10 mortes), o Algarve (62, uma
morte), a Madeira (16 casos), os Açores (17) e o Alentejo (12).
Numa análise mais fina da
caracterização demográfica, Lisboa (187 casos), Porto (137), Maia (119),
Vila Nova de Gaia (83) e Valongo (71) são os concelhos onde existem o
maior número de infetados com o novo coronavírus. Quatro destes cinco pertencem
à Administração Regional de Saúde do Norte, onde o vírus está mais ativo. Pelo
contrário, Silves, Pombal, Ourém, Mirandela, Lagoa (Faro) são os concelhos com
menos casos (três cada um).
É preciso, no entanto, ter em
conta que estes últimos dados, relativo à distribuição de casos por concelhos
foram preenchidos apenas por 54% dos concelhos, como informa o boletim. Segundo
Graça Freitas isto acontece porque ao contrário dos óbitos - que são de registo
obrigatório - este género de informação pode não ter sido preenchida e, por
isso, ainda não se encontra disponível. Dependem do fator humano, ou seja, se
os técnicos tiveram ou não disponibilidade de registar na plataforma oficial.
Idosos são os mais afetados
Apesar da faixa etária que revela
o maior números de infetados em Portugal ser a dos 50-59 anos (535 casos) e de
existirem muitas confirmações entre os mais novos, a maioria dos doentes tem
mais de 70 anos.
"Quase 80% dos casos de
covid-19 até à data são entre pessoas com mais de 70 anos", afirmou
António Lacerda Sales, durante a conferência de imprensa. Também a
"letalidade desta doença é de facto muito maior entre os idosos",
assumiu o Secretário de Estado da Saúde, alertando para a preocupação cresce
com os lares. A ministra da Saúde anunciou no sábado a preparação de medidas
mais robustas de apoio a estas instituições, sem especificar ainda quais.
Ainda de acordo com o boletim
epidemiológico desta quarta-feira, aguardam resultados laboratoriais 1591 cidadãos
e 13 624 estão em vigilância pelas autoridades de saúde.
Quanto aos sintomas, mais de
metade das pessoas (62%) revelam tosse, 51% febre, 36% dores musculares, 28%
cefaleia, 23% fraqueza generalizada e 19% dificuldades respiratórias.
Testes. Cadeia de prioridades
entra em vigor amanhã
A Direção-Geral da Saúde
estabeleceu uma cadeia de prioridades para um cenário em que "não seja
possível testar todos" os suspeitos. Doentes para internar,
recém-nascidos, grávidas e profissionais de saúde sintomáticos são as
prioridades para a realização de análise biológicas ao novo coronavírus, no
caso de não ser possível avaliar todos, estabelece a DGS na Norma 004/2020, que entra em vigor à meia-noite do dia 26
de março.
Nesse caso, a DGS determina a
seguinte prioridade: primeiro, os doentes com critérios de internamento
hospitalar; segundo, os recém-nascidos e as grávidas; e terceiro, os
profissionais de saúde sintomáticos.
Na cadeia de prioridades
seguem-se doentes com comorbilidades (como asma, insuficiência cardíaca ou
diabetes), doentes em situações de maior vulnerabilidade, como residência em
lares e unidades de convalescença, e, finalmente, doentes com contacto próximo
com as pessoas anteriormente referidas.
Neste momento, segundo o
Secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales estão a ser realizados seis
mil testes diários para despistar a covid-19 no Serviço Nacional de Saúde (SNS)
e cerca de dois mil no setor privado e social. Para os próximos dias estão
disponíveis 24 mil kits para efetuar as análises biológicas, informa a tutela,
acrescentando que esta tarde ocorrerá uma reunião no Instituto Português
Ricardo Jorge para reavaliar a capacidade de testes no país.
Espanha ultrapassa a China em
número de mortos
Nas últimas 24 horas morreram 738
pessoas em Espanha por causa do coronavírus, elevando para 3434 o número total
de vítimas no país vizinho. Um número que já supera o da China, onde foram
declarados até ao momento 3287 óbitos, ficavam apenas aquém dos mais de 6800 em
Itália.
Espanha tem agora 47 610
infetados e 26 960 pessoas internadas. Há 5367 recuperados.
O novo coronavírus, responsável
pela pandemia de covid-19, já infetou mais de 434 mil pessoas em todo o
mundo, das quais mais de 19 604 morreram. Recuperaram 111 854 pessoas.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o
que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.
Recomendações da DGS
Para que seja possível conter ao
máximo a propagação da pandemia, a Direção-Geral da Saúde continua a reforçar
os conselhos relativos à prevenção: evite o contacto próximo com pessoas que
demonstrem sinais de infeção respiratória aguda, lave frequentemente as mãos
(pelo menos durante 20 segundos), mantenha a distância em relação aos animais e
tape o nariz e a boca quando espirrar ou tossir (de seguida lave novamente as
mãos).
Em caso de apresentar sintomas
coincidentes com os do vírus (febre, tosse, dificuldade respiratória), as
autoridades de saúde pede que não se desloque às urgências, mas sim para ligar
para a Linha SNS 24 (808 24 24 24).
Rita Rato Nunes |
Diário de Notícias
Imagem e quadro estatísticos: Boletim
Epidemiológico de dia 25 de março. © DGS
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