segunda-feira, 20 de abril de 2020

Angola | Chuvas causam 15 mortes e milhares de desalojados


Quinze mortes, 13 pessoas desaparecidas, das quais três crianças, várias casas inundadas e ruas intransitáveis é o balanço provisório das fortes chuvas que se abateram sobre Luanda na madrugada de sábado.

O director provincial de Comunicação Institucional e Imprensa do Comando Provincial de Luanda do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, subinspector Faustino Minguêns, disse ontem, ao Jornal de Angola, que oito mortes ocorreram no município do Kilamba Kiaxi e três no de Talatona.

Acrescentou que as chuvas provocaram a inundação de 1.945 residências e 73 ficaram parcialmente alagadas.  Faustino Minguêns referiu que as chuvas provocaram ainda o desabamento de sete residências e 28 ficaram parcialmente destruídas.

As chuvas afectaram ainda 2.136 famílias, o que corresponde a 10.680 pessoas , que estão a ser alojadas, provisoriamente, num espaço cedido pela Administração do Talatona .  Só no Talatona, acrescentou, as chuvas afectaram 2.530 pessoas e 1.225 no município do Kilamba Kiaxi, onde um dos hospitais ficou inundado e três pontes obstruídas, devido à força da água das chuvas.

O Serviço de Protecção Civil e Bombeiro, disse, está a fazer a sucção das águas em várias residências, o desassoreamento de algumas linhas de passagem de águas pluviais, bem como o reperfilamento das bacias de retenção e contenção de águas. O Serviço de Protecção Civil e Bombeiros procedeu ao resgate de 113 pessoas no município de Talatona, concretamente no Distrito Urbano da Cidade Universitária, devido ao elevado nível de água.

O director provincial de Comunicação Institucional e Imprensa do Comando Provincial do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros deu a conhecer que a corporação está a sensibilizar e a proteger as populações da via principal do Zango, de modo a evitar afogamentos junto da vala de drenagem a céu aberto, ali existente.

Até ontem, os efectivos do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros envidavam esforços para remover duas árvores caídas, sendo uma localizada no Distrito Urbano da Ingombota, na rua Reverendo Agostinho Pedro Neto, e outra no Kwame Nkrumah, Distrito Urbano da Maianga.

O governador de Luanda, Sérgio Luther Rescova, defendeu ontem, em conferência de imprensa, a necessidade de se apoiar as pessoas afectadas pelas chuvas e que se encontram em situação mais vulnerável.

Sérgio Luther Rescova sublinhou que o Governo Provincial está a reforçar o trabalho preventivo, enquanto se espera pelas principais obras de infra-estruturas relacionadas com a macro drenagem que a província de Luanda precisa. O governador disse ainda que o Serviço de Protecção Civil e Bombeiros começou a prestar apoio às populações tão logo a chuva começou. Acrescentou que os municípios de Kilamba Kiaxi, Talatona e Viana foram os mais afectados pela chuva. De acordo com o Instituto de Meteorologia, há previsão de chuva para a região de Luanda e arredores, nos próximos dias, podendo o céu apresentar-se nublado, alternando com períodos de céu muito nublado, assim como podem ainda ocorrer ventos fortes e trovoadas.

48 famílias desabrigadas na cidade do Lubango

Pelo menos 48 famílias estão desalojadas na cidade do Lubango, província da Huíla, desde sábado, na sequência das fortes chuvas que se abateram sobre a região. Segundo a porta-voz do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, agente-bombeira Luzineidy Camote, as casas inundadas foram edificadas em linhas de água, zonas onde existem lençóis freáticos e em ravinas, situação que deveria ser acautelada por parte dos cidadãos, respeitando as orientações das autoridades administrativas.

Destacou igualmente a morte, na semana finda, de um cidadão, por descarga eléctrica, no município da Cacula, a 87 quilómetros a norte do Lubango.

O facto ocorreu quando o jovem, de 21 anos, se encontrava sobre o tecto de sua residência, com a intenção de ligar um cabo eléctrico, sem meios de protecção. Foram efectuados ainda três resgates de cadáveres, por afogamento, no município do Lubango, sendo dois na cascata da Huíla e um nas Três Pontes, arredores da urbe.

Situação em Malanje

Vinte e seis famílias do município de Malanje, província com o mesmo nome, ficaram desalojadas em consequência da destruição das suas residências causada pelas fortes chuvas que caíram sobre a região durante a última semana. As chuvas provocaram ainda o desalojamento de 23 famílias do município de Quiuaba Nzoji, província de Malanje.

A informação foi prestada, à Angop, pela porta-voz do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB), Júlia da Conceição, quando fazia o balanço das ocorrências registadas no período de 9 a 15 deste mês. Durante o período em análise, referiu, procedeu-se ainda à remoção de dois cadáveres, vítimas de afogamento, no rio Cuije (município de Malanje), e de um morto, por acidente de viação, na comuna do Lombe (município de Cacuso).

Os bombeiros, durante o período em análise, extinguiram um incêndio de pequena proporção, na localidade de Matete, município de Cacuso, resultante da combustão de uma viatura, motivada por curto-circuito.

Uíge regista a morte de quatro irmãs

Quatro irmãs morreram, na zona 1 do bairro Bem-Vindo, na cidade do Uíge, quando a parede da casa onde viviam desabou, na sequência das fortes chuvas que se abatem sobre a região.

As quatros meninas, com idades compreendidas entre os 7 e 16 anos, ficaram soterradas pelos adobes da parede da casa, quando dormiam.

O porta-voz do comando provincial do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, Domingos Changa, disse à imprensa que o infortúnio aconteceu por volta das 23 horas de sexta-feira, quando, devido à chuva, o quarto de banho da casa vizinha desabou sobre a parede da casa onde as meninas se encontravam a dormir.

Gaspar Teca, tio das meninas, que se encontrava no local, lamentou o sucedido e disse ser uma perda irreparável para a família, destacando, por outro lado, os apoios da Administração Municipal do Uíge.

“É uma grande perda para a nossa família. Agradeço o apoio das autoridades, que entregaram-nos diversos bens alimentares e os caixões”, disse Gaspar Teca.

André da Costa e Mavitidi Mulaza, Uíge | Jornal de Angola

Na imagem: Ruas intransitáveis foi um dos resultados das fortes chuvas da madrugada de sábado em Luanda // Alberto Pedrol | Edições Novembro

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