Está a ser difícil mudar os
hábitos das pessoas na prevenção contra a Covid-19. A DW acompanhou o primeiro
dia de estado de emergência em Inhambane, no sul de Moçambique. São já dez os
infetados com coronavírus no país.
Moçambique entrou esta
quarta-feira (01.04) em estado
de emergência para conter a propagação do novo coronavírus. Em
Inhambane, no sul do país, notou-se uma fraca movimentação de pessoas nas ruas.
Mas mudar de hábitos está a ser difícil.
Muitas pessoas recusam-se
a ficar em casa, e cumprir uma distância mínima de dois metros das outras
pessoas é praticamente impossível.
Francisco Massigue, residente de
Inhambane, afirma estar preocupado com a situação e garante que "não há
prevenção nenhuma, uma vez que existem aglomerações nas esquinas".
Conta que as viaturas de
transporte de passageiros, por exemplo, vão cheias porque os 'chapas' não estão
a obedecer às regras de prevenção. "Cumprem na saída da paragem e pelo
caminho enchem na mesma, como se nada acontecesse neste país. Há muito trabalho
que se deve fazer e as autoridades devem colaborar", reclama.
Nem as pessoas que residem nas
áreas urbanas, nem as que moram nas zonas rurais estão a cumprir com as medidas
recomendadas.
Hélio Clemente, um residente do
distrito de Inhassoro, pede mais consciencialização, porque continua a ver as
pessoas "a andar aglomeradas" e a apertar as mãos.
"A coisa pode piorar",
avisa.
Falta informação sobre Covid-19
Nelson Almeida, residente na
cidade de Maxixe, conta que, nos últimos dias, regressaram muitos concidadãos
vindos da vizinha África do Sul, onde foi decretado um recolher
obrigatório.
"A maioria reside no campo,
e não entendem sobre coronavírus, não têm rádio e televisão. Têm muita
dificuldade para perceber o que está a acontecer a nível mundial", afirma.
Novo comité de resposta em
Inhambane
Entretanto, foram implementadas
medidas para assegurar o cumprimento das regras de prevenção.
À DW África, Wilson Limeme, da
Associação dos Transportadores de Inhambane, diz que garantir as normas de
higiene é uma prioridade. Cada passageiro "deve lavar as mãos" com
água e sabão. Outra regra é que apenas se aceita "três-a-três" - três
pessoas em cada lugar. "Como já apanharam o comunicado, ninguém
reclama", explica.
Naftal Matuce, porta-voz do
governo da província de Inhambane, revela que acaba de ser criado um
"Comité Operativo de Emergência" para dar resposta à pandemia de
Covid-19. Foram ainda abertos dois centros para acomodar possíveis infetados.
Moçambique regista, neste
momento, dez casos de infeções com o novo coronavírus, de acordo com os últimos
dados revelados esta quarta-feira (01.04) pelas autoridades de saúde.
Luciano da Conceição (Inhambane)
| Deutsche Welle
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