Hospitais, agentes funerários e
até municípios ampliam resposta para acolher cadáveres. Experiência com os
incêndios de Pedrógão serve de exemplo.
"Antecipar o pior, esperando
o melhor". O lema do presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras,
resume o que se estará a passar um pouco por todo o país em termos do reforço
da capacidade de frio para acolher cadáveres. E dos stocks de urnas nas
funerárias para dar resposta a uma eventual subida do número de mortes por
Covid-19.
A Autoridade Nacional de Proteção
Civil fez o levantamento das existências junto dos agentes funerários. Do Norte
ao Sul, o Ministério da Justiça está a reforçar a capacidade frigorífica, no
âmbito do Plano de Emergência Nacional. "Já se procedeu ao reforço em
Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Castelo Branco, Faro, Portimão e Vila Franca de
Xira.
Continuará a proceder-se ao
reforço noutros locais, sempre que necessário", informou ontem fonte do
ministério. "Está programada uma monitorização diária da capacidade das
câmaras frigoríficas das delegações, em Lisboa, Porto e Coimbra, e gabinetes
médico-legais e Forenses, instalados em hospitais, existindo partilha de
câmaras frigoríficas", acrescenta a tutela.
No Hospital de Braga, está
instalado desde ontem um camião-frigorífico. Junto à morgue, estarão também
duas câmaras refrigeradoras, uma do Ministério da Justiça (Instituto de
Medicina Legal) e outra do Ministério da Saúde, segundo fonte hospitalar.
"STOCK" DE URNAS
O autarca de Cascais antecipou-se
às autoridades de saúde e comprou um contentor frigorífico, que está instalado
desde 31 de março. Carlos Carreiras entendeu que deveria preparar o município
para um cenário de catástrofe, depois do que aconteceu com os incêndios de
Pedrógão, em que os corpos tiveram de ser acondicionados num
camião-frigorífico. "Quando foram os fogos [a falta de capacidade de
frio], foi um problema porque o número de cadáveres era muito elevado",
explica, garantindo que o município "mais do que duplicou a
capacidade".
"Com as restrições dos
funerais, poderemos desta forma guardar os cadáveres enquanto não forem
enterrados ou cremados. No limite, também servirá para as famílias aguardarem
para poderem fazer mais tarde o funeral", acrescenta o autarca.
Ana Peixoto Fernandes, Delfim
Machado e Inês Banha | Jornal de Notícias
Na imagem: Camião-frigorífico foi
instalado no Hospital de Braga // Foto: Paulo Jorge Magalhães/Global
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