... é um prelúdio da guerra dos EUA contra
a China
Peter Symonds | WSWS
O discurso a seguir foi proferido
por Peter Symonds, editor nacional do WSWS (Austrália), no Comício Online do
Dia Internacional do Trabalhador de 2020, realizado pelo World Socialist
Web Site e pelo Comité Internacional da Quarta Internacional em 2 de maio.
Da Austrália, nós saudamos a
todos aqueles que estão participando deste Comício do Dia Internacional do
Trabalhador.
A pandemia de COVID-19 tem
exposto a avançada podridão interna do sistema capitalista, que prioriza os
lucros obscenos dos super-ricos em detrimento da vida e da saúde da grande
maioria da população mundial.
O discurso de Peter Symonds
começa aos 37:48 do vídeo. (ver vídeo)
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Enquanto milhares de pessoas
continuam morrendo todos os dias, há uma necessidade gritante de colaboração
internacional para mobilizar o conhecimento científico, os recursos médicos e
de saúde com o objetivo de encontrar os melhores meios para controlar e, em
última instância, deter a maior propagação do vírus.
No entanto, não foi só o obsoleto
sistema de estado-nação do capitalismo que se revelou um obstáculo à cooperação
internacional para combater o vírus mortal. Todas as rivalidades geopolíticas,
que antes do início da pandemia estavam impulsionando uma guerra global, estão
ressurgindo com uma força ainda maior.
O fator mais desestabilizador da
política mundial é o imperialismo dos EUA, que procura desesperadamente
consolidar a sua posição global dominante de todas as maneiras possíveis,
incluindo a utilização da sua enorme máquina militar.
No meio da pandemia, a
administração Trump, apoiada nos EUA pelos democratas e pelos meios de
comunicação, está realizando uma campanha de propaganda feroz, que se baseia em
alegações infundadas e em claras mentiras, para culpar a China pelo novo
coronavírus.
Trump cortou o financiamento à
Organização Mundial da Saúde – o organismo que oferece ajuda e orientação a
países de todo o mundo para combater esta e outras doenças – alegando,
falsamente, que conspirou com a China para encobrir o surto.
Na verdade, as autoridades
chinesas agiram prontamente para alertar o mundo. A partir de 3 de janeiro,
informaram regularmente a OMS sobre a evolução da epidemia, identificaram rapidamente
o agente responsável pela doença e, em 11 de janeiro, forneceram à OMS a
constituição genética do vírus. Em 23 de janeiro, Wuhan foi colocada em
lockdown para evitar que o vírus continuasse se espalhando.
Sejam quais tenham sido as
limitações da resposta chinesa na luta contra um vírus desconhecido, elas
tornam-se insignificantes em comparação com o fato de a administração Trump não
ter tomado qualquer medida durante semanas diante dos perigos conhecidos, o que
resultou na morte de dezenas de milhares de pessoas.
Além disso, Trump deu crédito à
teoria da conspiração de extrema direita de que o vírus teve origem em um
laboratório de virologia de Wuhan e foi disseminado acidental ou
deliberadamente. Esta semana, Trump afirmou ter encontrado provas que sustentam
a alegação, apesar de o Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional ter
acabado de afirmar que acreditava que o coronavírus “não foi feito pelo homem”.
Esta Grande Mentira, inventada
pelo ex-assessor fascista de Trump, Stephen Bannon, foi amplificada em todos os
meios de comunicação dos EUA. Isso aconteceu mesmo diante da esmagadora
evidência científica no sentido contrário, segundo a qual a pandemia é o
resultado da mutação do vírus de animais para humanos.
Os esforços dos EUA para fazer a
China de bode expiatório, apoiados por aliados como a Austrália, são uma
tentativa grosseira de desviar a atenção de sua própria negligência criminosa
diante de uma oposição crescente da classe trabalhadora. Mas é muito mais do
que isso. Os estrategistas dos EUA receiam profundamente que a pandemia
provoque um novo declínio da posição económica e estratégica do imperialismo
estadunidense em relação à China e aos seus outros rivais.
Primeiro sob a administração
Obama e agora sob Trump, os EUA procuraram agressivamente minar diplomática e
economicamente a China, ao mesmo tempo que tem se empenhado em uma rápida
escalada militar em todo o Indo-Pacífico com o objetivo de se preparar para a
guerra. Sob Trump, a chamada “guerra ao terror” foi substituída pelo “conflito
entre grandes potências”. A sua guerra económica contra a China conduz
inexoravelmente ao confronto e ao combate militar.
A administração Trump está agora
discutindo ativamente sanções económicas de retaliação e outras medidas contra
a China. Ao mesmo tempo, continua realizando as suas provocações navais contra
os chineses no Mar do Sul da China.
Vinte e cinco anos de guerras
criminosas dos EUA pelo domínio no Oriente Médio e na Ásia Central estão se
transformando no impulso para uma guerra catastrófica entre potências com armas
nucleares. Não é por acaso que a administração Trump rasgou o tratado de
mísseis balísticos de médio alcance e que o orçamento militar deste ano dá
prioridade máxima ao desenvolvimento de novas armas nucleares.
As classes capitalistas de todo o
mundo possuem apenas uma solução para a crise econômica que se agrava
rapidamente por causa da pandemia de COVID-19: a guerra de classes contra a
classe trabalhadora e a guerra contra os seus rivais. A sobrevivência da
humanidade depende de a classe trabalhadora internacional colocar um fim ao
sistema de lucro falido e à sua divisão antiquada do mundo em estados-nação
rivais.
Pequim não possui uma resposta
progressista contra a agressiva escalada militar dos EUA e o seu impulso de
guerra. Por um lado, vacila entre as tentativas fúteis de apaziguar Washington
e, por outro, envolve-se em uma corrida armamentista que só pode terminar em
uma catástrofe para a humanidade.
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