Martinho Júnior, Luanda
A experiência angolana face aos
riscos da pandemia Covid-19 numa época de crise capitalista que atinge o país
em toda a linha, devolve Angola a uma situação similar à de 2002 quando, sem
interferências externas, finalmente os angolanos conseguiram suspender as
hostilidades e tentar partir para a reconstrução nacional, a reconciliação e a
reinserção social em função da frágil plataforma de paz então alcançada.
Ao antes do mais contar
humildemente com as suas próprias forças, animou-se o Estado de Emergência que
está a proporcionar a oportunidade de colocar o homem no centro de todas as
atenções, numa fórmula proactiva de segurança vital capaz de exercer com
pedagogia as respostas à integral ameaça e fazendo com que desse modo se possa
em muito “corrigir o que está mal e melhorar o que está bem”!
Colocar o homem no centro de
todas as atenções, privilegiando no caso de Angola o sujeito angolano, tem
sensibilidade à escala global apenas para alguns, para Cuba, para a China, para
a Venezuela Bolivariana, pelo que o recurso à ajuda solidária dessas experiências,
é logo à partida um sinal revitalizador de emergências!
Apesar disso, há que levar em
conta os fundamentos de sérios argumentos que, pelo contrário, alertam para o
reforço do neoliberalismo, tal como Michel Chossudovsky… (https://www.globalresearch.ca/towards-a-new-world-order-the-global-debt-crisis-and-the-privatization-of-the-state/5709755).
… Contudo, para alguma coisa de
construtivo serve o facto de África ser a ultraperiferia económica global!...
As espectativas são por demais
evidentes, pois admite-se que, em função da presente crise, o que se segue pode
nada ter a ver com o que ficou temporalmente para trás… (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/04/martinho-junior-luanda-as-profundas.html).
01- Neste momento é um executivo
que preenche os espaços de antena da Televisão Pública de Angola em fato de
trabalho “todo-o-terreno”, de mangas arregaçadas, com um colete
identificativo, desenvolto na comunicação e procurando assumir as decisões com
sentido de responsabilidade e de forma pedagógica face aos desafios que tanto
têm de desconhecido, que vêm de fora e se juntam ao acumular dos desafios de
dentro!... (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/04/estado-de-emergencia-em-angola-no-15-dia.html).
Os fatos de cerimónia protocolar
o executivo está só a reservar para os actos mais solenes, ao contrário dos
tempos em que todos os dias desfilavam os “pimpolhos” de ocasião,
cada qual com seu mais refinado fatinho que propositadamente defendia o
estatuto do seu usuário, distanciando-o cada vez mais das comunidades, da
sociedade e do povo angolano, acompanhando aliás a injecção progressiva das
desigualdades forjadas ao longo de mais de três décadas como jamais deveriam
ter sido fabricadas e sentidas. (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/04/angola-uma-mao-lava-outra.html).
Confirmando o que acima é
realçado, está o comportamento da informação pública do próprio Estado: o canal
2 de TPA, que antes só servia para farra e alienação, alienação e farra
inaugurou, entre outros programas, a telescola primária…(https://www.ongoma.news/artigo/canal-2-retorna-a-gestao-da-tpa-com-nova-grelha-de-programacao).
Quantos programas de formação
escolar, profissional e técnica se poderão a partir de agora impulsionar, de
forma a reforçar a aprendizagem e a mobilização multi sectorial do tecido
humano juvenil e por tabela, do tecido produtivo?... (https://www.club-k.net/index.php?option=com_content&view=article&id=30097:novo-presidente-cancela-contratos-do-canal-2-da-tpa-com-a-semba-comunicacoes&catid=41026&lang=pt&Itemid=1083; http://jornaldeangola.sapo.ao/sociedade/canal_2_ganha_outra_dimensao).
O canal 2 da TPA pode e deve
tornar-se numa pedagógica telescola multi sectorial… alguém se lembra, por
exemplo, da necessidade de alfabetização, inclusive em línguas nacionais?... (http://jornaldeangola.sapo.ao/sociedade/tele-aulas-prendem-atencao-de-alunos-e-encarregados).
Para quando um programa mais
alargado e investigativo de memórias de antigos combatentes, sabendo de antemão
quanto eles têm que pedagigicamente lembrar em função da juventude, sobre a
vida, sobre a antropologia e sobre a história deste país, contada na 1ª
pessoa?... (http://jornaldeangola.sapo.ao/politica/ministro-da-defesa-antigos-combatentes-vao-ter-tratamento-especial).
Este é um momento dialético
propício ao não retorno e por isso é justo lembrar o que não se deve alguma vez
mais repetir, abrindo as janelas dos caminhos a trilhar!... (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/04/quarentena-para-o-mpla.html).
O colectivo está a corresponder
satisfatoriamente ao Estado de Emergência vocacionado para a crise, apesar da
sociedade estar muito longe de estar preparada para situações desta natureza e
o facto das medidas contra a pandemia terem sido tão oportunas quão sábias e
rapidamente aplicadas (a ponto de só a 27 de Abril ter o corrido o 1º caso de
contágio local, registado em Luanda), tem sido um importante incentivo para a
massiva mobilização em curso, apesar da elasticidade das medidas edos imensos
esforços que há a fazer para se seguirem pistas em cadeia no imenso espaço
nacional. (https://www.ciam.gov.ao/noticia.php?cod=T1RJPQ==; http://jornaldeangola.sapo.ao/sociedade/covid-19-angola-regista-primeiro-caso-por-transmissao-local).
Sobre a pandemia, o Estado
Angolano vai transmitindo com transparência e pedagogia as mensagens adequadas
ao Estado de Emergência! (https://www.facebook.com/coronavirus_info/?page_source=coronavirus_hub_attachment&__xts__[0]=120.%7B%22is_click_tracking%22%3Atrue%2C%22content_id%22%3Anull%2C%22render_location%22%3Anull%2C%22unit_type%22%3A%22coronavirus_hub_attachment%22%2C%22extra_data%22%3Anull%7D&__tn__=HH-R)...
Quinze dias de paralisação quase
total adequaram-se à crise dos preços do petróleo, o melhor foi mesmo parar! (http://www.novojornal.co.ao/economia/interior/covid-19petroleo-expansao-da-pandemia-de-covid-19-gera-encolhimento-do-valor-do-barril---melhoria-ligeira-de-sexta-feira-esmagada-por-mas-noticias-dos-mercados-86256.html; http://jornaldeangola.sapo.ao/desporto/covid-19-cria-rotura-financeira-as-equipas).
O petróleo, sua refinação e os
combustíveis, deverão continuar a merecer sempre uma melhor atenção a fim de
tornar mais criterioso o movimento dos transportes, sua funcionalidade, suas
disponibilidades e seu uso… (http://jornaldeangola.sapo.ao/economia/preco-do-barril-cai-para-22-dolares; https://www.ciam.gov.ao/perguntas.php).
Há que priorizar urgentemente o
transporte colectivo que a nível urbano está tão raquítico: as urbanizações com
Luanda e a região Benguela-Catumbela-Lobito estão com níveis de poluição
contraproducentes e insustentáveis pelo que nelas as medidas de ordenamento
conjugadas às que se impõem aos transportes colectivos, devem ser imediatas, no
seguimento do Estado de Emergência!... (http://jornaldeangola.sapo.ao/economia/covid-19-ministerio-dos-transportes-estabelece-servicos-minimos; http://www.novojornal.co.ao/economia/interior/covid-19-covid-19-sector-dos-transportes-estima-uma-perda-de-13-mil-milhoes-de-dolares-87591.html; http://www.governo.gov.ao/VerNoticia.aspx?id=49721).
02- Agora o Estado de Emergência,
em ciclos de quinze dias adaptados à tipologia da pandemia, acaba de adoptar um
terceiro figurino: (http://jornaldeangola.sapo.ao/politica/novo-decreto-presidencial-sobre-o-estado-de-emergencia; https://www.dw.com/pt-002/angola-prolonga-estado-de-emerg%C3%AAncia/a-53225883).
- Mantêm-se todas as fronteiras
nacionais do país fechadas ao trânsito de pessoas (terra, mar e ar), salvo ao
que é considerado indispensável, mas sempre com um padrão de medidas rigorosas
adequadas;
- Nas fronteiras apertou-se a
vigilância para a circulação das mercadorias, o que também dá a oportunidade
para melhor se detectarem os tráficos e trânsitos ilegais ou clandestinos de
fronteira;
- Em relação às 18 Províncias, só
Luanda está em cerco sanitário impedindo a circulação de pessoas para lá dos
seus limites e reciprocamente, ao contrário das outras, todas elas aptas à
circulação de pessoas desde que preencham as recomendações nos transportes
colectivos (50% de sua ocupação) e nas obrigações pessoais diariamente
definidas e publicitadas a nível nacional, provincial e local;
- O trânsito de mercadorias nos
limites de Luanda está sob uma malha de vigilância mais apertada que nas outras
Províncias, uma malha que se distende até aos mercados de maior concentração,
onde se procura melhor definir a manobra por grosso e a manobra a retalho, tal
como nas grandes superfícies comerciais.
- A gestão das quarentenas
forçadas tem definido bem o patamar das institucionais, do patamar das
domiciliárias, obrigando sempre ao desenrolar de pesquisas em torno de cada
acontecimento mais crítico, algo que tem sido feito com um notável esforço das
autoridades de competência (daí a detecção paulatina dos poucos casos que têm
vindo a ser detectados desde o primeiro dia do Estado de Emergência).
- Em breve será inserido o
sistema de prevenção em 164 municípios do país, com o reforço dos 256
profissionais cubanos de saúde acompanhados de 1500 profissionais angolanos que
com eles farão escola; espera-se que a atenção incida não só sobre o fenómeno
do Covid-19, mas sobre as razões causais das doenças típicas do
subdesenvolvimento, dos climas tropicais, da sanidade pública, da pobreza, da
subnutrição…
- Continua a aprendizagem em
especial recolhendo ensinamentos da República Popular da China e da Revolução
Cubana, a fim de melhor adequar as medidas ni âmbito do Estado de Emergência. (https://revistaopera.com.br/2020/04/27/como-a-china-quebrou-a-cadeia-de-infeccao/; https://revistaopera.com.br/2020/03/22/o-coronavirus-e-a-propaganda-anti-china/; http://www.cubadebate.cu/especiales/2020/04/27/covid-19-en-cuba-el-pico-se-adelanta-que-dicen-los-modelos-matematicos-y-como-interpretarlos/#boletin20200427).
Para completar este quadro, urge
encontrar com os países vizinhos, as fórmulas de gestão crítica de fronteiras
que aliás teve-se já ocasião de antecipada e sucintamente voltar a abordar. (http://www.governo.gov.ao/VerNoticia.aspx?id=49500; https://paginaglobal.blogspot.com/2020/04/a-vulnerabilidade-cronica-e.html).
Com a RDC deveria haver uma
atenção muito especial que deveria servir de modelo para as outras 8 fronteiras
daquele país tão sensível enquanto coração da África Central e dos Grandes
Lagos (da África Tropical rica em água e fulcral para todo o continente).
Os povos valem o que conseguirem
solidariamente realizar no colectivo e a União Africana deveria, em função da
pandemia e com a Organização Mundial de Saúde, estimular as acções comuns entre
Estados africanos ao longo de todas as suas fronteiras, para além das tímidas
medidas que está a tomar!... (https://au.int/en/pressreleases/20200429/african-union-distribute-more-covid19-supplies-its-member-states-after).
03- A retoma progressiva da
economia pode ser feita com outra sensibilidade e pertinência, particularmente
nos imensos espaços rurais angolanos e por que a diversificação económica, que
não foi feita em tempo útil, ter de ser feita agora sob intensa pressão. (https://www.dw.com/pt-002/covid-19-v%C3%AAm-a%C3%AD-mais-d%C3%ADvidas-para-angola/a-52965030).
A situação global reflectida em
Angola, obriga que os angolanos partam à redescoberta do seu espaço
físico-geográfico-ambiental e de si próprios, revitalizando e mobilizando suas
próprias forças. (http://jornaldeangola.sapo.ao/opiniao/artigos/o-mundo-ja-espreita-a-era-pos-covid-19; https://paginaglobal.blogspot.com/2020/04/martinho-junior-luanda-as-profundas.html).
Em Angola é necessário gerar
consensos de natureza cada vez mais cientificada e alargada, com relevância
para as questões de natureza ambiental e humana, de forma a gerar capacidades
de mobilização adequadas, mas sobretudo vocacionados para a juventude e para o
futuro. (http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/01/acordar-o-homem-angolano.html; http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/04/colocar-nossas-pernas-titubeantes-no.html).
A antropologia cultural é
fundamental por que todos os esforços desemboquem em alterações profundas no
modo de pensar e agir adequadas aos parâmetros de desenvolvimento sustentável,
a pista que urge seguir com muito mais empenho em relação ao controlo e gestão
da água interior, sobretudo sobre a região central das grandes nascentes, num raio
de 300km em torno do marco geodésico de Camacupa (símbolo do centro
físico-geográfico do país).
A equação em termos de
antropologia cultural, implica conhecimento e prática ambiental adequada às
características das profundas alterações climáticas que se registam no século
XXI, sendo urgente ajustar a resposta aos actuais desafios em função do risco
Covid-19, mas sobretudo a partir dele, pelo que a actual situação é um processo
de ignição em cadeia que se abre e não se pode desperdiçar, até por que empolga
no sentido do angolano conhecer seu espaço ambiental e conhecer-se a si
próprio, seguindo uma trilha de segurança vital de que não se poderá escapar
neste e nos próximos séculos.
Por essa razão é necessário
manterem-se sempre presentes os temas que mergulham:
. Nos conceitos de lógica com
sentido de vida em função da própria essência antropológica e histórica que
caracteriza o movimento de libertação em África (que por si foi extraordinariamente
exigente em termos de sobrevivência e acção); (https://paginaglobal.blogspot.com/2019/06/angola-aprender-reinterpretando.html).
. Na geoestratégia de
desenvolvimento sustentável que desde logo tem a ver com o controlo e a
protecção das nascentes e cursos iniciais da rosa-dos-rios angolanos que correm
desde o marco geodésico de Camacupa;
. Na ignição duma cultura de
inteligência patriótica, em função das capacidades de investigação e aquisição
de conhecimento científico que acompanhe as prioridades em que se inscrevem por
exemplo, a luta contra o subdesenvolvimento e por um desenvolvimento
sustentável, a educação massiva dos angolanos em relação ao que os cerca de
modo a garantir segurança vital para todos, a incessante busca de justiça
social aberta à solidariedade e à dignidade, a premente necessidade de
diversificação produtiva, o combate a esta pandemia, o combate à seca…
04- Não é também por acaso que
Luanda está sob cerco sanitário por que o casco urbano da cidade capital tem,
sob o ponto de vista ambiental e humano, características distintas do resto do
território, com agravantes fitossanitárias de vulto.
Neste período de Abril, épocas de
chuvas intensas e uma humidade equatorial, a cidade de Luanda expôs uma vez
mais as suas mais deficitárias heranças estruturais que têm enormes implicações
na vida e no ambiente. (https://paginaglobal.blogspot.com/2018/08/luanda-em-desastre-ambiental.html).
Os canais de escoamento de água
residual e das chuvas além das insuficientes capacidades, demonstram que foram
mal projectados em termos de geoestratégia: o grosso das águas com toda a
espécie de resíduos desembocou na área de Benfica contaminando a baía do
Mussulo, as praias da Corimba e Ilha Cabeleira, a costa da Ilha de Luanda, as
bacias onde desaguam o Bengo e o Dange…
Na baía do Mussulo, o fenómeno
não é novo nos meses de Março e Abril, os resíduos disseminaram-se ao sabor das
marés, adensando os problemas de contaminação (fundos e correntes),
precisamente na altura em que algumas instituições e entidades se regozijavam
pela recuperação dos mangais junto à base do istmo, que está a conduzir ao
regresso dos flamingos e à recuperação da flora e fauna típica e original. (https://www.angonoticias.com/Artigos/item/8976/crime-ambiental-em-luanda-o-lixo-chega-as-praias-pelas-valas-de-drenagem; https://opais.co.ao/index.php/2019/02/04/chuva-arrasta-lixo-para-as-praias-do-mussulo/).
Com todas as situações a terem de
ver com as questões ambientais e antropológicas, é ainda muito tímido o que se
está a fazer em todas as frentes, mas a necessidade de mudança de paradigma é
inquestionável, até por que na planificação geoestratégica o grande desafio é
programar a vida a partir da região central das grandes nascentes e não com os
olhos de quem chega pelo mar, quando a orla costeira, não só em Luanda, está a
ser tão maltratada! (http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/01/luanda-442-anos.html).
A mudança de paradigma requer
romper com as geoestratégias de origem colonial, herança que se mantém de forma
tão perniciosa para a vida!
Para a mudança de paradigma
apenas faltava um fenómeno como a pandemia Covid-19, sabendo de antemão que com
as profundas alterações climático-ambientais por nefasta acção humana, outros
mais fenómenos de natureza similar estão na calha e invadem os horizontes mais
próximos.
A segurança vital está no centro
das prioridades humanas numa lógica com sentido de vida que faz a leitura da
antropologia cultural e do papel fulcral da água interior, que tão mal tem sido
controlada e gerida em Angola, apesar dos alertas que de há anos bastantes
temos tido a oportunidade de fazer!... (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/04/a-hora-do-grande-reset-castels.html; https://paginaglobal.blogspot.com/2019/09/angola-ponte-genetica-martinho-junior.html).
Martinho Júnior -- Luanda, 2 de Maio de 2020
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