Martinho Júnior, Luanda
De há muito que venho chamando a
atenção no sentido urgente dos africanos se voltarem sobre si próprios,
redescobrirem o chão onde vivem e redescobrirem-se a si próprios de forma
científica, pondo de lado o que foi sobre África imposto e convencionado por aqueles
que desde o exterior só dimensionaram o continente em função do egoísmo, da
ganância, do lucro, da corrupção e da especulação desenfreada sobre a
escandalosa oferta de matérias-primas a partir dum corpo deliberadamente
tornado inerte e à mercê dos abutres, na vigência da última palavra
neocolonial!
O renascimento de África só o
será se for conseguido numa via de civilização, de redescobrimento, de
renascimento e de vida, jamais em função da secular barbárie, não só a endémica
de natureza antropológica, mas a que outros fizeram recair sobre o
continente-berço da humanidade só para melhor explorar, a baixo-preço e com
mão-de-obra tanto quanto o possível escrava! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/04/28/africa-da-inercia-a-catastrofe/).
A lógica com sentido de vida
inspirada no sentido histórico e antropológico do movimento de libertação em
África, obrigou-me a assumir essa advocacia “sobre brasas e sobre o arame”,
numa altura em que o neoliberalismo galopante votou ao desdém as minhas intervenções,
como havia votado ao desdém enterrando-me em vida no seio duma comunidade
temperada na luta mas deliberadamente votada à marginalização, ao ostracismo e
a uma intestina guerra psicológica, que só por via da traição intestinal a
corruptela de civilização tornada barbárie foi tentando enfraquecer, diluir,
hostilizar e vencer!... (http://paginaglobal.blogspot.com/2017/02/angola-todos-os-saiagos-do-meu-pais.html; http://paginaglobal.blogspot.com/2017/02/angola-provas-de-vida-nao-reconhecidas.html; http://paginaglobal.blogspot.com/2018/04/angola-construir-paz-social.html).
Aquele MPLA que tanto significava
de esperança entre 1961 e 1986, foi desde os últimos dias de Agostinho Neto tomado
por dentro por vírus paridos de fora do continente que conduziram ao estado de
prostração e putrefacção em que se encontra, de descaracterização em
descaracterização… e se num movimento como o MPLA assim aconteceu, o que não
vai por África fora, o que não vai pelo Congo, essa placa central subsaariana,
uma autêntica âncora que impede o navio da vida alguma vez rebentar amarras e
ver-se livre do porto de morte onde foi encalhado?
Desde a passagem do Che pelo
Congo, o que tem sido essa placa central subsaariana, que tem fronteiras com 9
outros países quase tão transversalmente inertes como ela? (http://paginaglobal.blogspot.com/2012/05/ainda-o-sonho-africano-do-che.html; http://paginaglobal.blogspot.com/p/blog-page.html).
De crise em crise, mais cedo que
tarde o peso das minhas intervenções haveria que se fazer sentir por que o
ciclo de traumas se adivinhava do próprio apodrecimento da mente humana parida
da inconsistência neoliberal, no estertor do vírus mortal do capitalismo… (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/04/angola-uma-mao-lava-outra.html).
Recomecemos de novo pelo Congo,
pela República Democrática do Congo, porque todos os males de África foram
sendo por lá semeados, geridos e levados exponencialmente até ao estado de
exaustão, pelo império da hegemonia unipolar! (http://paginaglobal.blogspot.pt/2016/08/os-conflitos-contemporaneos-na-africa.html).
01- No preciso momento em que se
dava por fim a epidemia da ébola que custou tanto a vencer, chegava ao
subdesenvolvido e extremamente vulnerável Congo a importada pandemia do
Covid-19, envolvendo e esbatendo o abismo da crise global que não pode restaurar
mais o capitalismo tal como ele foi concebido e orquestrado ao longo dos
últimos séculos, desde o século XVI de tão má memória para África… (https://www.radiookapi.net/2020/04/02/actualite/revue-de-presse/mediacongonet-covid-19-vidiye-tshimanga-relate-limpreparation; https://www.jeuneafrique.com/906301/societe/ebola-en-rdc-si-tout-se-passe-bien-nous-pourrons-declarer-la-fin-de-lepidemie-le-12-avril/).
A República Democrática do Congo
jamais se preparou de forma suficiente para fazer frente a epidemias
autóctones, quantas delas oficialmente desconhecidas ainda hoje e, em relação a
uma pandemia como a Covid-19, a sua preparação corresponde ao lugar que ocupa
na cauda dos Índices de Desenvolvimento Humano, vulnerável, subdesenvolvido e
minado pela miséria, pelas guerrilhas endémicas sem fim, pelo paludismo, pela
subnutrição, pela fome e pela morte prematura, sem melhor perspectiva a prazo
curto, ou seja, sem outra espectativa de vida humana para além da fasquia dos
45 anos! (https://www.medecinssansfrontieres.ca/r%C3%A9publique-d%C3%A9mocratique-du-congo; https://www.radiookapi.net/2020/04/02/actualite/revue-de-presse/mediacongonet-covid-19-vidiye-tshimanga-relate-limpreparation).
O ritmo da expansão do Novo
Coronavírus é geometricamente superior à capacidade de resposta instalada em
precária resistência ou defesa, pelo que em relação à placa central subsaariana
da bacia de 3.700.000 km2 do poderoso rio Congo, há que esperar os cenários mais
pessimistas, se não houver o recurso humanista próprio dos que de há décadas
lutam heroicamente contra todas as adversidades contemporâneas e uma mudança
radical de paradigma dos africanos para consigo próprios! (https://www.ft.com/content/c12a09c8-6db6-11ea-89df-41bea055720b).
Cuba tem uma palavra a dizer no
Congo relembrando o humanismo do Che e por tabela também Angola, apesar da
devassa neoliberal que tornou a saúde do país num mercenarismo selvagem em nome
do mercado: não haverá resposta sobre a pandemia em Angola, se não houver uma
acção comum recíproca ao longo da vasta fronteira, com um modelo para gerar! (http://www.afrique-asie.fr/muchas-gracias-cuba/; https://www.digitalcongo.net/article/5e88944dea3f03000461ffe3/; https://www.fort-russ.com/2020/03/cuba-leads-by-revolutionary-example-in-covid-19-fight/).
É que Angola tem 2.511 km de
fronteira com a RDC e agora, tudo o que se fizer na trilha da lógica com
sentido de vida dentro do seu próprio território, não há volta a dar, deve-se
inexoravelmente fazer reflectir e esbater no outro lado em benefício do povo
congolês, cuja vulnerabilidade é ainda maior do que a vulnerabilidade dos
angolanos, um problema quase insolúvel perante este tipo de vírus! (https://www.digitalcongo.net/article/5b531f5b6fd5c000047d7b99/; https://fr.wikipedia.org/wiki/Fronti%C3%A8res_de_la_R%C3%A9publique_d%C3%A9mocratique_du_Congo; https://www.radiookapi.net/actualite/2012/10/13/francois-hollande-les-frontieres-de-la-rdc-sont-intangibles-elles-doivent-etre-respectees; https://www.congo-autrement.com/page/renseignements-rd-congo/rdc-liste-de-165-postes-frontieres-et-frontaliers-de-la-republique-democratique-du-congo.html).
Não é por acaso que a revista
Jeune Afrique indica já em relação a Angola, um número de casos muito superior
ao oficialmente confirmado!... – (https://www.jeuneafrique.com/910230/societe/coronavirus-en-afrique-une-carte-pour-suivre-au-jour-le-jour-lavancee-de-lepidemie/).
02- Mudança de paradigma é o que
se pede para uma crise que, desde o fim do socialismo na Europa (fim da URSS,
colapso do socialismo leste da Europa e destruição da Jugoslávia) passou a ser
existencialista por imposição do neoliberalismo por parte do exercício do
império da hegemonia unipolar! (http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/12/angola-incontornavel-memoria-do-dia-11.html).
“Há uma espécie em perigo: o
homem!”, apontava com clarividência Fidel na Conferência sobre o clima na
cidade do Rio de Janeiro em 1992, mas enquanto Cuba acordava apesar dos
terríveis constrangimentos, o resto da humanidade continuava a afundar-se na
direcção da barbárie e do abismo! (https://www.youtube.com/watch?v=JF67BSRjTYc; http://www.cuba.cu/gobierno/discursos/1992/esp/f120692e.html).
Como o que se continuou a fazer
foi precisamente o contrário do alerta-recomendação de Fidel, Angola e RDC
pouco a pouco foram engolidas pela infecta goela neoliberal! (http://pagina--um.blogspot.com/2010/10/congo-acabar-com-chaga-imensa-que.html; http://www.afrique-asie.fr/pandemie-et-socialisme-une-magistrale-lecon-politique/).
Mesmo assim, a 22 de Agosto de
1998, através do relatório sob o título “A necessidade de definição dum
bom plano táctico-operativo para a RDC, envolvendo várias componentes”, um dos
muitos relatórios preparados em suporte do Estado-Maior das FAA na altura sob
comando do general João de Matos, eu considerava no que dizia respeito a “CRITÉRIOS
DE INTERVENÇÃO A ESTABELECER COM AS NOSSAS FROÇAS NA RDC” um conjunto de
medidas adaptadas ao tempo de guerra, que relembro 21 anos depois dada a sua
pertinência nesta emergência comum que impõe o controlo da pandemia Covid-19…
“As NOSSAS FORÇAS devem
desencadear um conjunto de acções que prevêem na RDC, um desenvolvimento
sincronizado de meios político-diplomáticos, de INTELIGÊNCIA e CONTRA
INTELIGÊNCIA, bem como MILITARES, nas suas várias componentes.
Em relação à manobra político –
diplomática, deverá privilegiar o quadro da nossa Embaixada em KINSHASA, de
forma a estabelecer condições para a instalação de todos os nossos
dispositivos, mantendo o melhor relacionamento possível com o mais ALTO NÍVEL
do Governo de KABILA.
Deve também, em função das várias
componentes e ajudas no quadro da SADC, privilegiar o relacionamento com as
representações diplomáticas daqueles Países da SADC que estiverem motivados na
ajuda ao Governo de KABILA.
Tendo em conta a vastidão das
fronteiras comuns com a RDC e a tipologia dos problemas existentes, deve melhor
preparar, num regime de reciprocidade nas afectações, a instalação de várias
repartições Consulares Angolanas em povoações do CONGO, que possam
simultaneamente influenciar na recolha de informação sobre os movimentos da
UNITA, das FLEC, dos traficantes de fronteira (em particular de diamantes) e de
outros movimentos clandestinos (por exemplo migratórios), como por exemplo: TSHELA,
BOMA, MATADI ou INKISI (no BAS CONGO); KIKWIT, POPO KABACA ou KASSANDO LUNDA
(no BANDUNDU); TCHIKAPA, KANANGA ou MBUGI MAYI (nos CASSAI); DILOLO, SANDOA,
KAMINA ou KOLWEZI (no SHABA).
Esse esforço deverá criar todas
as condições para a instalação das nossas possibilidades de INTELIGÊNCIA, com
vista a filtrar toda a movimentação nas suas jurisdições, podendo sofrer
adaptações e uma melhor definição das ORDENS DE MISSÃO, tendo em conta o meio e
os objectivos que preconizamos em termos de INTELIGÊNCIA.
A implementação dessas medidas
deve acompanhar a progressão das NOSSAS FORÇAS, após o início do seu movimento
em direcção ao interior de ANGOLA, de acordo com a ORDEM DE MISSÃO militar para
cada Unidade e/ou coluna, mas pode não ser totalmente determinante para as
ORDENS DE MISSÃO de INTELIGÊNCIA, (há a possibilidade de se usarem outras
coberturas para os nossos Oficiais e Agentes).
A nossa Representação Diplomática
em BRAZZAVILLE deve estabelecer acordos em várias disciplinas com a de
KINSHASA, tendo em conta a reciprocidade de movimentos e apoios, assim como as
trocas de INFORMAÇÃO e coordenação das acções das várias componentes da nossa
articulação na REGIÃO (não devemos esquecer que BRAZZAVILLE e KINSHASA são, à
escala MUNDIAL, as duas Capitais de Países que ficam mais próximo uma da
outra).
Em relação às componentes de
INTELIGÊNCIA, há fundamentalmente duas linhas de interesse:
A que deve trabalhar na direcção
do estreitamento das relações com a RDC, envolvendo os aspectos políticos,
económicos, sociais e militares, entre outros, (principalmente na Capital e
Províncias de maior representatividade).
A que deve trabalhar na direcção
de detectar, de acompanhar e/ou de neutralizar as acções clandestinas e
operativas de Organizações Armadas (como a UNITA, ou algumas das FLEC), que
pode desdobrar-se em vários aspectos–sistemas logísticos de apoio desses
agrupamentos, movimentos de pessoal (incluindo militares afectos), “bases”,
coordenações e ligações com similares da RDC, traficantes de fronteira afectos
(tendo em vista os diamantes principalmente), etc.
Os sistemas de INTELIGÊNCIA
poderão ser desenvolvidos, na sua fase de instalação, tirando partido da ORDEM
DE MISSÃO MILITAR, mas também poderão ser instalados à posteriori, se
atendermos às várias formas de cobertura que se podem preparar, ou aos Acordos
de reciprocidade de âmbito Consular.
A vantagem de eles tirarem
partido da ORDEM DE MISSÃO MILITAR, está no facto de melhor podermos controlar
o movimento de elementos afectos às Organizações Armadas Angolanas,
imediatamente após a passagem das nossas colunas e Unidades militares e tendo
em conta que elas não poderão permanecer nos lugares, em posição de quadrícula.
Em relação às componentes de
CONTRA INTELIGÊNCIA, devem ser elaboradas ORDENS DE MISSÃO para todas as
Províncias com limites com a RDC, tendo em conta as iniciativas de
INTELIGÊNCIA, de forma a realizar, no interior do nosso território, um trabalho
similar de detecção, acompanhamento e/ou neutralização, em relação aos
elementos afectos às Organizações Armadas, tendo em conta os aspectos de
interesse enumerados e o facto das operações militares gerarem movimentos
adaptados às situações que se irão desenrolar.
Deve-se ter em conta que os
nossos centros de CONTRA INTELIGÊNCIA devem ser agrupados, para dar resposta à
clandestinidade típica dos dispositivos das Organizações Armadas Angolanas,
assim como o ambiente com que eles contam nos dois lados da fronteira, por
exemplo:
- O agrupamento dos meios de CI
das Províncias de CABINDA–ZAIRE, tendo em vista o empenhamento das
Organizações Armadas principalmente a partir do BAS CONGO e a necessária
ligação aos nossos meios de INTELIGÊNCIA, se for estabelecida a base legal dos
Consulados, dentro da RDC.
- O agrupamento dos meios de CI,
das Províncias de MALANGE – LUNDA NORTE – LUNDA SUL, tendo em conta o
empenhamento da UNITA nos CASSAI, assim como os dispositivos de INTELIGÊNCIA
naquelas zonas da RDC (dando especial relevo à situação corrente das migrações
ilegais, devido aos tráficos de fronteira, principalmente o de diamantes).
Em relação às componentes
militares, devem-se estabelecer fundamentalmente dois planos, para o curto
prazo:
- A ORDEM DE MISSÃO inicial (1ª
fase), de forma a proteger o Governo de KABILA e a cidade Capital, KINSHASA e
garantir a preparação logística e táctico operativa das ORDENS DE MISSÃO
posteriores, (incluindo com reconhecimentos em profundidade para averiguar não
só os agrupamentos inimigos, mas melhor definir trajectos, obstáculos, ambiente
natural e humano, etc.).
- A ORDEM DE MISSÃO de movimento
e intervenção (2ª fase), de forma a que, ao mesmo tempo que se dá combate às
Unidades rebeldes da FRENTE OESTE, se possa ajudar na instalação das Unidades
das FAC nas localidades de quadrícula de destino e dar combate aos sectores de
apoio, ou mesmo de agrupamentos, das Organizações Armadas Angolanas, da
periferia para o interior do nosso País (principal objectivo para os
reconhecimentos em profundidade, quando se der início à 2ª fase).
Publico esse extracto do
Relatório por várias razões:
- Já tem mais de 21 anos; (https://paginaglobal.blogspot.com/2018/11/em-angola-ha-20-anos-i.html);
- O impacto neoliberal já se
fazia sentir sobre o Estado-Maior Geral da época por via de portugueses que
passaram a explorar os “bons ofícios” do Acordo de Bicesse (31 de
Maio de 1991) como Jaime Nogueira Pinto, Nuno Rogeiro e outros (“Le Cercle” ou “Bilderbergers”),
que vieram a Angola explorando nexos de inteligência e, cinicamente, “troca
de experiências” (pode-se publicamente constatar no livro “Jogos
Africanos” da autoria do 1º); (http://paginaglobal.blogspot.com/2018/11/em-angola-ha-20-anos-ii.html; https://www.publico.pt/2008/12/22/culturaipsilon/noticia/jaime-nogueira-pinto-no-teatro-africano-da-guerra-fria-219199);
- Por que apesar da emergência da
guerra há 22/21/20 anos, todos os meus Relatórios terem sido votados ao
desprezo desde Março de 2000, quando foi ordenado o abrupto fecho do mecanismo
de apoio ao Estado-Maior das FAA, (contentor instalado na WAPO, próximo do
Palácio Presidencial); essa é uma das razões que considero que fui “enterrado
vivo” no quadro das medidas e impactos neoliberais que têm sido desde 1986
aplicadas sobre as instituições da Segurança do Estado de Angola, também com
amplas responsabilidades dos que tomaram por dentro o MPLA, quantas vezes
visando a sua formatação de modo mais que oportunista; (https://paginaglobal.blogspot.com/2018/11/em-angola-ha-20-anos-iii.html);
- Por que essa ordem não levou em
conta, muito pelo contrário, o patriotismo dos protagonistas do que foi
aplicado em suporte das acções do camarada general Simeone Mukuni até à sua
morte por accionamento duma mina antitanque na pista do Andulo, nem de muitas
outras missões, entre elas o que se produziu para a formulação, conceito e
prática da Operação Restauro, que acabou com a presença de Savimbi numa das
suas posições mais decisivas na região central e fulcral das grandes nascentes;
(https://paginaglobal.blogspot.com/2018/12/em-angola-ha-20-anos-iv.html);
- Por que sendo necessário “honrar
o passado e a nossa história”, é meu especial dever lembrar a memória de
combatentes como os camaradas Simeone Mukuni, José Herculano Pires, “Revolução” e Alberto
José Barros Antunes Baptista, “Kipaka”, para que a verdade histórica
prevaleça sobre as estórias da conveniência e ocasião ultraneoliberal; (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/02/18-anos-de-excremento-do-diabo.html);
- Por finalmente trazer
ensinamentos que podem ser reconvertidos para, em regime de reciprocidade,
estabelecerem-se nexos a três níveis com a RDC – Ao Mais Alto Mando
(Presidências dos dois países), ao nível de Províncias de fronteira (a RDC tem
7 Províncias nevrálgicas contíguas às fronteiras das Províncias angolanas como
Cabinda, Zaire, Uíge, Malange, Lunda Norte, Lunda Sul e Moxico); as 7
Províncias da RDC são o Kongo Central, Kinshasa (distrito capital), Kwango,
Kassai, Kassai Central, Lualaba e Haut-Katanga), por fim ao nível das
principais municipalidades de fronteira. (https://www.digitalcongo.net/article/5e89c5530bb92e00044a46c6/).
03- Foi nessa base que há poucos
dias fiz propostas de acção, das quais realço: (https://www.digitalcongo.net/article/5e8b187e6a764500040f15eb/).
“A- Em regime de reciprocidade
com cada um dos países vizinhos, devem ser criados pequenos postos consulares
em locais estratégicos a definir, tendo em conta raios de acção de proximidade
das fronteiras (50 km para cada um);
B- Esses postos consulares devem
estar preparados para funções múltiplas, para além da gestão recíproca do
controlo e gestão de fronteiras (seres humanos e mercadorias);
C- Entre as funções múltiplas e
neste caso de emergência, devem ser instalados postos de acção fitossanitária
que correspondam às medidas acordadas pelos dois países e aplicáveis entre os
dois países mediante prévio acordo;
D- A medida é aconselhável a fim
de melhorar os relacionamentos em torno das fronteiras de Angola entre os governos
centrais e provinciais e pode servir de modelo para os países do interior (por
exemplo Congo, RDC e Zâmbia) aplicarem noutras suas fronteiras com outros
países, de forma a melhorarem suas performances fitossanitárias e contribuírem
para dispositivos de enfrentamento às ameaças na África Central, Grandes Lagos,
Golfo da Guiné e África Austral;
E- É aconselhável o recurso a
dispositivos fitossanitários das FAA, ou pelo menos inicialmente controlados
pelos dispositivos militares, tendo em conta a necessidade de organização,
disciplina, logística e mobilidade;
F- As razões fitossanitárias
aconselham que na periferia externa das nossas fronteiras os SAMM (Serviços de
Assistência Médica Militar) devam adoptar módulos instalados numa frota de
camiões todo-o-terreno adaptados, com processamentos de energia adequados e
apoiados por outra frota de camiões de apoio logístico afins ao que for
instalado no terreno para o enfrentamento;
G- Desse modo é criado
progressivamente um cordão de isolamento fitossanitário ao longo das fronteiras
e numa profundidade abrangente a 50km de cada lado, capaz de contribuir para
uma leitura comum de informações, contribuindo simultaneamente para a melhoria
das leituras internas de cada um”…
O tema não se esgota aí, pois há
considerações adicionais a fazer de alcance geoestratégico:
- Se houver aplicação do que
proponho para a fronteira comum Angola-RDC há a possibilidade de criar um
modelo a partir desse contencioso;
- Mesmo que isso não se venha a
acontecer, em Angola deve ser criado um plantão especial de pesquisa de
informação sobre a evolução do Covid-19 na RDC, recolhendo dados oficiais e
públicos, a fim de melhorar o conhecimento da evolução da situação no outro
lado dos 2.511 km de fronteira comum;
- O modelo que proponho deveria
reverter em benefício da RDC nos relacionamentos com cada um dos 8 outros
países vizinhos, com Angola a exercer, com base nessa experiência, toda a sua
capacidade de influência no quadro das organizações dos Grandes Lagos, África
Central e Golfo da Guiné, reforçando os mecanismos de paz já em curso;
- Um contencioso cada vez mais
alargado dessa natureza, pode servir de campo experimental mais alargado em
benefício de todo o continente e poderá providenciar a ajuda externa como a de
Cuba, da República Popular da China e de outros estados solidários, para um
outro patamar mais compatível para se fazer frente a desafios desta natureza em
África;
- Para Angola, de acordo com as
devidas trilhas de lógica com sentido de vida, deve-se ao longo do século XXI
compendiar após o final de cada experiência traumática (estou-me também a
lembrar da seca no sul do país) como os desafios foram enfrentados, o que foi
alcançado, quais foram as insuficiências, onde não houve a hipótese de encontrar
soluções (e por quê), que conclusões e propostas advêm dos “dossiers” acumulados,
etc., pois as profundas alterações climático-ambientais trarão muito mais
consequências em termos de ameaças, riscos e desafios para a humanidade, para
todos os povos africanos e para com uma gestão planetária de respeito para com
a Mãe Terra!
04- A luta numa trilha
civilizacional de lógica com sentido de vida, tornou-se imperativa e inadiável,
apanhando de forma premente toda a humanidade, numa multiplicidade de
transversalidades que até agora eram manipuladas pela barbárie neoliberal ou
proteccionista (“the americans first”)…
Guerras, bloqueios, sanções,
medidas de busca de domínio de toda a ordem (o império da hegemonia unipolar
não desarma) continuam a ocorrer quando uma ameaça como esta pandemia atinge a
esmagadora maioria dos povos da Terra, sem que neste momento haja capacidade de
acabar com o vírus.
A tantas outras barbaridades que
decorrem desde o passado, o império não parou, mesmo com a pandemia, de
fabricar ainda mais barbaridades, pelo que ao mesmo tempo que se combate o
vírus, devem-se alargar inexoravelmente as frentes anti imperialistas,
mobilizando as vocações saudáveis da racionalidade humana e não de sua
irracionalidade feudal quase sem limites!
Isso é tanto mais importante,
quanto em África com na América, como no Médio Oriente Alargado, (em África
enquanto agravada ultraperiferia económica global), se continua a disseminar o
domínio neocolonial expansionista, a concomitante jihad islâmica
wahabita/sunita irracionalmente radicalizada, a miséria, a fome e a morte, ao
invés de trazer outros horizontes para a paz, para a justiça social, para a
lógica cm sentido de vida!... (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/03/onde-se-esvai-parte-do-caos-e-do.html;
Combater a pandemia na RDC e em
toda a África, impõe outra consciência renascentista para África, pelo que os
desafios que se colocam às lideranças vão muito para além da ameaça do
Covid-19… (http://paginaglobal.blogspot.pt/2012/07/pelo-renascimento-africano-i.html; http://paginaglobal.blogspot.com/2012/07/pelo-renascimento-africano-ii.html).
Estarão os lideres africanos ao
nível de, numa via de lógica com sentido de vida, poder corresponder à mudança
radical dos parâmetros da própria civilização humana, algo que já está em
curso? (https://www.fort-russ.com/2020/04/the-political-economy-of-coronaviruscovid-19-in-africa/).
Constatem no que diz Daniel
Estulin, um dos mas fundamentados críticos contemporâneos ao elitismo à
Bilderberg: (http://novaresistencia.org/2020/03/30/coronavirus-estamos-diante-do-fim-da-classe-media/).
“O que está por vir é uma crise
de uma magnitude que só vimos duas vezes nos últimos dois mil anos.
O primeiro foi entre os séculos
IV e VI, quando surgiu o feudalismo.
E o segundo momento veio com o
nascimento do capitalismo, a partir do século XVI.
O que estamos vivendo agora é o
fim do capitalismo como o conhecemos, uma crise sistêmica planetária.
O capitalismo precisa de expansão
contínua, abrindo novos mercados, porque sem novos mercados o capitalismo
morre.
Isto é o que Karl Marx e Adam
Smith disseram.
O coronavírus está sendo usado
como desculpa para procurar uma explicação para o colapso dos mercados
planetários, quando isto é algo que começou muito antes.
A Itália também é fácil de
explicar.
114 bancos na Itália estão
falidos.
Ter um coronavírus é fantástico
porque eles podem parar de pagar e botar a culpa pela falência no vírus”…
Martinho Júnior -- Luanda, 6 de Abril de 2020
Imagens:
01- Divisão administrativa
territorial da República Democrática do Congo;
02- Posto fronteiriço de Lufu
(Songololo), junto à fronteira com Angola – https://www.congo-autrement.com/page/renseignements-rd-congo/rdc-liste-de-165-postes-frontieres-et-frontaliers-de-la-republique-democratique-du-congo.html;
03- Le directeur général de
l’OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus – https://www.digitalcongo.net/article/5e8c361a38d038000468a421/;
04- Coronavirus en RDC : 180
contaminés, 18 décès et 9 malades guéris – https://www.digitalcongo.net/article/5e8c355a38d038000468a420/;
05- COVID-19 en RDC – https://www.unicef.org/drcongo/coronavirus.
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