O
Governo angolano decidiu manter a cerca sanitária em Luanda, a província com o
maior número de casos positivos de Covid-19. Mas muitos populares continuam a
tentar entrar e sair da região através de vias clandestinas.
É
no período da noite que muitos aproveitam para tentar "romper" a
cerca sanitária. Nicleth Solange, uma jovem comerciante de legumes, confessou à
DW que mentiu às autoridades para deixar o Bengo e entrar em Luanda.
"Passamos
domingo [21.06] às duas horas da manhã. Aproveitamos o momento em que a polícia
controlava os carros. Quando fomos interpeladas, explicamos que estávamos a ir
ao óbito de um familiar. Sabemos que não podemos sair. Mentimos só para
conseguir o pão das crianças", admitiu a jovem.
Até
à última semana, Luanda era a única entre as 18 províncias de Angola com os
pontos de entrada fechados. Mas, entretanto, as autoridades fecharam também o
Kwanza Norte. A província está sob cordão sanitário há uma semana, depois da
entrada clandestina de um indivíduo com a doença - que segundo as
autoridades "fugiu" do Hoji-ya-Henda, um dos bairros de Luanda
com maior número de vítimas de Covid-19.
Polícia
deteta irregularidades
Efetivos
da Polícia Nacional (PN) e das Forças Armadas Angolanas (FAA) estão destacados
nas principais entradas e saídas das duas províncias. Ainda assim, as violações
são constantes.
Na
zona do Kifangondo em Cacuaco, onde está a divisão entre Luanda e Bengo, a
polícia e as FAA aconselham os cidadãos a acatar as orientações, observou no
local a DW.
"Estamos
a evitar que as pessoas saiam de Luanda. Só entram os que estão credenciados:
os médicos e os enfermeiros, mas estes têm hora para o fazerem. Na semana
passada detivemos três cidadãos que estavam a falsificar credenciais no
Panguila para as pessoas estarem a circular", explicou um oficial da
Polícia Nacional.
Motoristas
pagos para transgredir
Na
província de Benguela várias pessoas foram detidas e encaminhadas ao Ministério
Público por saírem de Luanda sem autorização. À imprensa, a polícia também
apresentou motoristas credenciados que, em troca de dinheiro, facilitaram a
viagem dos mesmos indivíduos.
Negócios
e problemas familiares são as principais razões das viagens não autorizadas,
justificam os infratores. "Pedi por favor ao motorista para que me levasse
até à minha província. Vou lá ver a família. Não posso ficar em Luanda sem trabalho",
disse um dos detidos.
Punições
severas
Entretanto,
o Governo angolano anunciou o prolongamento da cerca sanitária em Luanda até 10
de julho. A ministra
da Saúde, Sílvia Lutucuta, garantiu que os cidadãos que estão a violar as
normas vão ser punidas de forma "severa”.
"Não
vamos aceitar que as pessoas furem a cerca sanitária. Este é o primeiro ponto
assente. As pessoas vão ser punidas severamente. Se tiverem diagnóstico
positivo, vão ser tratadas, mas serão punidas de acordo com a lei. Ninguém vai
ficar impune se for apanhado a furar a cerca sanitária", ameaça
a ministra.
Borralho
Ndomba (Luanda) | Deutsche Welle
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