terça-feira, 9 de junho de 2020

CPLP vai analisar situação política da Guiné-Bissau


A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa vai reunir-se em Lisboa a 18 de junho para analisar o cenário político guineense. Timor-Leste quer apoiar a Guiné-Bissau com a sua experiência na resolução de conflitos.

O Conselho de Concertação Permanente da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vai reunir-se em Lisboa no dia 18 de junho para analisar a situação política na Guiné-Bissau. O secretário-executivo da organização, Francisco Ribeiro Telles, fez este anúncio esta segunda-feira (08.06), quando questionado pela DW África sobre o posicionamento da CPLP no tocante à crise política guineense.

"A situação na Guiné-Bissau continua a ser preocupante. Nós vamos ter proximamente uma reunião aqui em Lisboa, a nível de embaixadores, onde certamente esta matéria será abordada", afirmou.

"A própria CPLP tem estado em Bissau a acompanhar também, de uma forma bastante ativa, tudo aquilo que a comunidade internacional tem estado a realizar no que diz respeito à evolução da situação na Guiné-Bissau. É o que lhe posso dizer neste momento, na certeza de que estamos todos muito atentos a aquilo que se está a passar", acrescentou.

Num comunicado divulgado a 24 de abril, a CPLP exortou "todos os atores políticos e institucionais a darem a sua contribuição para que, através do diálogo, a Guiné-Bissau alcance e consolide a estabilidade, a paz e o desenvolvimento almejados por todos".

"Tem havido reuniões em Bissau do chamado P5 [grupo de cinco organizações internacionais envolvidas no processo de consolidação da paz na Guiné-Bissau]. Temos tido posições em conjunto da comunidade internacional que expressamos junto das autoridades da Guiné-Bissau", afirmou Francisco Ribeiro Telles.


Apoio de Timor-Leste

Na manhã desta segunda-feira (08.06), o secretário-executivo da CPLP recebeu na sede da organização as cartas credenciais da nova representante permanente de Timor-Leste, Isabel Amaral Guterres, com quem analisou várias matérias, entre as quais a agenda da CPLP para os próximos meses. O país asiático está aberto a oferecer à Guiné-Bissau a sua experiência na resolução de conflitos, afirmou a diplomata timorense.

"Sabemos que o nosso Governo também tem apoiado a Guiné-Bissau nas eleições, se não me engano, em 2018. E dentro dos negócios estrangeiros também temos o pessoal que toma conta, [acompanha e apoia] a Guiné-Bissau", sublinhou.

A este propósito, o Timor-Leste foi um dos grandes apoiantes financeiros do esforço para a estabilidade guineense, tendo recordado a missão desempenhada no passado por José Ramos Horta, na qualidade de representante especial do secretário geral das Nações Unidas. "É um país que tem tentado contribuir para uma estabilização e pacificação da situação na Guiné-Bissau", acrescentou Ribeiro Telles.

O embaixador português sublinhou que "continua a existir da parte da comunidade internacional uma posição comum sobre os assuntos que dizem respeito à Guiné-Bissau". "É importante mantermos essa posição e é importante fazermos todas as pressões junto das autoridades para que sejam encontradas soluções que viabilizem a Guiné-Bissau", disse.

Em abril passado, a Presidência do Conselho de Ministros da CPLP registou com apreço a deliberação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) de reconhecer o candidato Umaro Sissoco Embaló como candidato vencedor das eleições presidenciais de 29 de dezembro. 

Na altura, a organização lusófona sublinhou, em comunicado, "a urgência na investidura formal e efetiva do Presidente eleito, bem como da nomeação de um primeiro-ministro e de um novo Governo, com respeito pela Constituição e demais leis da República, e tendo sempre em consideração os resultados das eleições legislativas de 10 de março de 2019".

João Carlos (Lisboa) | Deutsche Welle

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