Trazemos acoplado a esta abertura
o Expresso Curto, por Pedro Candeias, da chafarica (sem maldades) Impresa, do
tio Balsemão, antisalazarista, prafrentex ma non tropo, democrata da atualidade
nesta terrifica balbúrdia esclavagista neoliberal. Avancemos com a saudação: salve,
muitos anos e bons o guarde (pois já está avançado na idade).
Avançando noutros caminhos: no Página
Global fizemos uma paragem de dois dias. Muito provavelmente faremos ainda por
mais uns quantos dias exatamente o mesmo. Desculpem qualquer coisinha, mas tem
de ser assim. Lá por isso hoje avançamos com o Curto. Pedro Candeias hoje vem
todo bíblico (no título) e traz um sujeito execrável com origem no império dos
males do mundo a que chamam USA – usem mas não abusem, como têm feito. No topo
a foto de autoria de Brendan Smialowski, a caratonha e o corpo, incluindo as mãos sujas,
são, alegadamente, de um tal Trump, a besta endinheirada de miolos poluídos e
doentios – como tantos outros que se deixaram contaminar devido ao excesso de febre provocada pelo vil metal - causa maior do desprezo que têm pela humanidade.
É pois à roda desse Trump – que é
trampa de gente – que Candeias encontra inicio para o habitual Curto. Vamos
nessa. O soma e segue sobre a dita
avantesma, que foi eleito por trapalhadas caricatas à moda das eleições nos USA, é
já a seguir. E o povinho não vê isso? Passa-lhe ao lado do conhecimento? Abrenuncio!
Bom dia, boa semana. Não facilite
o contágio por covid-19 e muito menos por trumpalhadas que afetam globalmente a
humanidade para belprazer desse tal vírus da Casa Branquela, arredores e ilhargas.
Esperemos que entendam.
Vá célere para o Curto.
MM | PG
Candeias, à frente ilumina (alumia) duas vezes |
Bom dia, este é o seu Expresso
Curto
Estas mãos que embalam a Bíblia
Pedro Candeias | Expresso
Edward Colston tem várias
ruas com o seu apelido na inglesa Bristol , a saber, Colston Avenue, Colston
Parade, Colston Close, Colston Road, Colston Street, Colston Dale, Colston
Street, Colston Fort, Colston Yard, Colston Hill; também deram o seu nome a
três escolas e a um bolinho chamado Colston Bun. E até domingo à tarde havia
uma estátua na Colston Avenue, em que era apresentado, sereno e pensativo,
apoiado num bordão – ontem, a figura de bronze foi encordoada, arrancada pela base, arrastada
pela estrada e por fim atirada ao rio Avon pelos manifestantes do “Black Lives
Matter”.
Sucede que o benfeitor da cidade, que fora um filantropo generoso e a dada altura membro do Parlamento inglês, fizera parte substancial da sua fortuna a traficar escravos no século XVIII. Para o “Black Lives Matter”, Colston era um símbolo que precisava de cair e acabou por cair simbolicamente como a estátua de Saddam Hussein, em Bagdade.
O movimento nascido nos EUA – após a morte do afro-americano George Floyd, asfixiado aos joelhos de um agente da polícia de Minneapolis – viajou furiosamente de um lado para todo o lado através dos cabos submarinos que repousam no chão dos oceanos. Expandiu-se, tornou-se global e instalou-se em Lisboa, Milão, Roma, Madrid e Bruxelas, onde várias manifestações e marchas alertaram para desigualdades e para o racismo sistémico, e para os abusos físicos e verbais; em Londres, os protesters de caras tapadas pelas máscaras chegaram a enfrentar a polícia local.
Foram naturalmente levantadas as questões sanitárias, pois estamos a viver uma pandemia e os aglomerados e o inexistente distanciamento social são um rastilho para a covid-19; e também se discutiram, por outro lado, os excessos, sobretudo os ocorridos nos EUA, onde motins, pilhagens e violência desraizaram infelizmente a erva daninha do racismo e colocaram lá a semente da dúvida, que seria previsivelmente aproveitada por Donald Trump.
Então, o presidente norte-americano militarizou imediatamente o discurso, chamou “vândalos” aos manifestantes, pôs a Guarda Nacional à frente de lugares emblemáticos para conter os “criminosos” - e agarrou-se convenientemente a uma Bíblia que a sua filha levou dentro de uma mala elegante e imaculada, como um novo Cristão, a fazer lembrar o diaem
que Charlton Heston se agarrou à espingarda e gritou “from my cold dead hands”.
Trump gosta de encenações e não perde a oportunidade de agarrar o fiel eleitor,
partindo os EUA ao meio; a propósito, o “Político” diz que os americanos
acreditam que o país está “fora
de controlo”.
E agora que os protestos acalmaram – e que Donald retirou os 3,900 tropas com uma ameaça pouco subtil (“podem regressar, se necessário”) e que os democratas ensaiam reformas da polícia no país, com cortes orçamentais incluídos, e que a policia de Minneapolis pode fechar –, descobre-se que o número e as medidas ficaram aquém do que o POTUS queria: aparentemente, Trump pedia 10.000 homens na rua, fortemente armados, mas encontrou inesperada resistência no Pentágono no processo.
À margem, Donald terá sido largado por alguns, digamos, notáveis republicanos moderados, nomeadamente Colin Powell, George Bush e Mitt Romney. O primeiro disse o que nunca dissera de outros presidentes, chamando Trump de “mentiroso”. “Ele mente todo o tempo”, atacou Powell, que irá votar no democrata Joe Biden.
Por sua vez, Romney participou numa manifestação pacífica “e cristã” a caminho da Casa Branca, para mostrar a toda a gente que “Black Lives Matter”.
É provável que, cada vez mais isolado e, bom, confinado à direita alternativa norte-americana, Trump continue a representar o pequeno John Wayne que há dentro dele, agitando-se, sobressaltando-se, interpretando cenas que apaixonam os seus eleitores, com um olho nas sondagens e uma mão bem dentro do coração do norte-americano desalinhado, insatisfeito e permeável às suas teorias e inconsistências.
Porque, como também argumentou Powell, Trump continuará a safar-se porque nunca será responsabilizado, pois o seu contraditório é feito nas redes sociais. Onde ganha quem grita mais.
Sucede que o benfeitor da cidade, que fora um filantropo generoso e a dada altura membro do Parlamento inglês, fizera parte substancial da sua fortuna a traficar escravos no século XVIII. Para o “Black Lives Matter”, Colston era um símbolo que precisava de cair e acabou por cair simbolicamente como a estátua de Saddam Hussein, em Bagdade.
O movimento nascido nos EUA – após a morte do afro-americano George Floyd, asfixiado aos joelhos de um agente da polícia de Minneapolis – viajou furiosamente de um lado para todo o lado através dos cabos submarinos que repousam no chão dos oceanos. Expandiu-se, tornou-se global e instalou-se em Lisboa, Milão, Roma, Madrid e Bruxelas, onde várias manifestações e marchas alertaram para desigualdades e para o racismo sistémico, e para os abusos físicos e verbais; em Londres, os protesters de caras tapadas pelas máscaras chegaram a enfrentar a polícia local.
Foram naturalmente levantadas as questões sanitárias, pois estamos a viver uma pandemia e os aglomerados e o inexistente distanciamento social são um rastilho para a covid-19; e também se discutiram, por outro lado, os excessos, sobretudo os ocorridos nos EUA, onde motins, pilhagens e violência desraizaram infelizmente a erva daninha do racismo e colocaram lá a semente da dúvida, que seria previsivelmente aproveitada por Donald Trump.
Então, o presidente norte-americano militarizou imediatamente o discurso, chamou “vândalos” aos manifestantes, pôs a Guarda Nacional à frente de lugares emblemáticos para conter os “criminosos” - e agarrou-se convenientemente a uma Bíblia que a sua filha levou dentro de uma mala elegante e imaculada, como um novo Cristão, a fazer lembrar o dia
E agora que os protestos acalmaram – e que Donald retirou os 3,900 tropas com uma ameaça pouco subtil (“podem regressar, se necessário”) e que os democratas ensaiam reformas da polícia no país, com cortes orçamentais incluídos, e que a policia de Minneapolis pode fechar –, descobre-se que o número e as medidas ficaram aquém do que o POTUS queria: aparentemente, Trump pedia 10.000 homens na rua, fortemente armados, mas encontrou inesperada resistência no Pentágono no processo.
À margem, Donald terá sido largado por alguns, digamos, notáveis republicanos moderados, nomeadamente Colin Powell, George Bush e Mitt Romney. O primeiro disse o que nunca dissera de outros presidentes, chamando Trump de “mentiroso”. “Ele mente todo o tempo”, atacou Powell, que irá votar no democrata Joe Biden.
Por sua vez, Romney participou numa manifestação pacífica “e cristã” a caminho da Casa Branca, para mostrar a toda a gente que “Black Lives Matter”.
É provável que, cada vez mais isolado e, bom, confinado à direita alternativa norte-americana, Trump continue a representar o pequeno John Wayne que há dentro dele, agitando-se, sobressaltando-se, interpretando cenas que apaixonam os seus eleitores, com um olho nas sondagens e uma mão bem dentro do coração do norte-americano desalinhado, insatisfeito e permeável às suas teorias e inconsistências.
Porque, como também argumentou Powell, Trump continuará a safar-se porque nunca será responsabilizado, pois o seu contraditório é feito nas redes sociais. Onde ganha quem grita mais.
OUTRAS NOTÍCIAS
Detesto ser o portador de más notícias, mas isto do populismo pega-se: no Brasil, Jair Bolsonaro decidiu que, a partir de agora, os números da covid-19 serão revelados dia-a-dia - a contabilidade total de mortos (já ia nos 35 mil) e de casos foi literalmente apagada. Há quem veja nisto “censura” e aponte tiques “ditatoriais”. Para perceber melhor Bolsonaro, o “Cavalão”, é ler este texto do Plínio Fraga, na Revista E, que traz dentro dele alguns pormenores pouco edificantes num país democrático.
Em pormenor: as principais linhas que irão coser o Orçamento Suplementar, a ser votado na terça-feira. Resumidamente, como está na entrada do artigo do Expresso, são “5 mil milhões de euros na economia, quer através do apoio ao regime de lay-off, quer pelo lançamento de obras públicas, mas também com programas de fomento de emprego, do sistema de ensino e do Serviço Nacional de Saúde”. Catarina Martins já avisou que viabilizará o documento, mas que só votará a favor se as coisas prometidas se concretizarem. Marcelo baixa às expetativas e alerta para tempos difíceis e a Banca manifestou-se surpreendida “com a contribuição de solidariedade por causa da pandemia”.
Voltando ao clima pandémico, em Portugal a covid-19 apresenta os seguintes números: no domingo, mais cinco mortes, 342 infetados, 188 curados; no total, são 1.479 mortes, 34.693 casos confirmados e 20.995 recuperados. Marta Temido garantiu que Portugal irá preparar uma “nova reserva estratégica de material”. A taxa de mortalidade mantém-se elevada e Lisboa continua a ser o foco de preocupação maior.
Com maior ou menor dificuldade, era certinho como eu me chamar Pedro e isto ser um Expresso Curto que Jorge Nuno Pinto da Costa iria ganhar novamente as eleições presidenciais no FC Porto. Assim foi, mas por uma margem menos expressiva que outras (68,65%) – também foi o primeiro sufrágio em que enfrentou mais do que um adversário – e Pinto da Costa continuará a liderar o Dragão.
Na Liga (o organismo e não o campeonato) é possível que a liderança mude esta segunda-feira, em sede de Assembleia Geral. Pedro Proença enfrenta os clubes que o apoiam e os que dele se afastaram depois de alguns episódios e equívocos ocorridos durante a suspensão das competições. A Tribuna Expresso irá acompanhar o caso.
FRASES
“Para algumas dessas críticas olhei com perplexidade. Falarei na próxima semana” Rui Moreira, a propósito de quem viu promiscuidade por encabeçar a lista do Conselho Superior de Pinto da Costa nas eleições do FC Porto
“O plano é uma aspirina, não é um anti-inflamatório e muito menos um antibiótico” Marques Mendes, sobre o Plano de Estabilização Económica e Social do Governo
“Que seja um exemplo de capacidade, determinação, organização, confiança e força do PCP e dos seus amigos para pôr o país a funcionar” O animador de serviço do primeiro comício covid em Portugal, que foi do PCP
O QUE ANDO A LER
Eu tenho dois ídolos, Ayrton Senna e Michael Jordan. Talvez seja próprio da adolescência mitificar as referências, eliminar-lhes os defeitos e engrandecer as virtudes, mas isso é conversa de divã que honestamente me aborrece quando o tema é super-heróis.
Chamem-me imaturo.
Bom, então, como todos os fãs de Jordan e Senna, julgo eu, os meus domingos na suburbana Póvoa de Santo Adrião eram passados a ver a RTP2 e a RTP1, porque primeiro havia resumos da NBA e a seguir, com periodicidade quinzenal, um GP de Fórmula 1.
Agora, como todos os fãs de Jordan, devorei vorazmente o documentário “The Last Dance”, recordando todas as pequenas histórias de MJ que – atenção à hipérbole – fizeram dele o maior atleta a alguma vez ter jogado e disputado qualquer desporto. É óbvio que esta obra da Netflix foi condicionada do início ao fim por Michael Jordan, para quem qualquer mau comportamento era desculpabilizado tanto pela sua “competitiveness” como pelo seu “drive”. E é óbvio também que, em 10 episódios apenas, ficariam muitas coisas por contar, por falta de espaço. E por conveniência do protagonista.
Daí ter encomendado “Michael Jordan: The Life”, de Roland Lazenby, tida como sua a biografia definitiva para a qual ele não contribuiu. Portanto, claro, contém episódios que refutam algumas teorias do “The Last Dance” mas, sobretudo, exploram o lado familiar que MJ tantas vezes procurou esconder.
Ele, facilmente o rosto mais reconhecido do planeta nos anos 90, conseguiu a proeza de manter fora do radar e do frenesim mediático que o acompanhava os pormenores delicados das suas relações. Com o pai e com a mãe, mas também com os irmãos – e se vos soou estranho ouvir Deloris referir-se ao marido Jordan como Mr. Jordan, o livro explica porquê.
E explica igualmente de onde vem o caráter indomável de Jordan, a sua resiliência implacável e a sua confiança ilimitada, e o seu talento para ver tudo mais devagar justamente quando o ritmo do jogo acelerava.
Está dada a dica, acompanhe a realidade em:
EXPRESSO
EXPRESSO ECONOMIA
EXPRESSO DIÁRIO
TRIBUNA
PODCASTS EXPRESSO
MULTIMÉDIA EXPRESSO
NEWSLETTERS EXPRESSO
BLITZ
BOA CAMA BOA MESA
Tenha um bom dia e cuidado com os crocodilos. A sério, que pelo menos um anda por aí.
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