#Escrito e publicado em português do Brasil
Em agosto, os EUA vão impor um
bloqueio para companhias que utilizam partes produzidas pela Huawei e por
outras companhias chinesas.
Conforme analisa a Nikkei Asian Review, esta decisão afetará
mais de 800 empresas japonesas. Agências federais dos EUA não poderão assinar
ou renovar contratos com companhias que usem produtos ou serviços da Huawei,
ZTE, Hangzhou Hikvision Digital Technology, Zhejiang Dahua Technology e Hytera
Communications.
Washington afirma que as empresas
chinesas representam um risco de vazamento de informações sensíveis para Pequim. O
bloqueio passará a ser válido desde 13 de agosto, depois dessa data as
companhias que almejam contratos com órgãos federais norte-americanos deverão
provar que não usam produtos banidos.
"Não está claro o quão longe
será necessário ir para garantir que produtos das cinco companhias não estão
sendo usados", afirmou Ryo Okubo, codiretor do escritório da Nagashima
Ohno & Tsunematsu em
Nova York , conforme cita a Nikkei Asian Review, acrescentando
que "empresas japonesas devem ficar em alerta".
A mudança, efetivamente, obrigará
companhias japonesas a optarem entre fornecedores chineses e vendas no mercado
norte-americano, analisa em
entrevista à Sputnik China, Zhou Yongsheng, professor da Universidade de
Relações Internacionais da China.
"Ataques a Huawei e outras
companhias chinesas perseguem um único objetivo principal – atrapalhar o desenvolvimento
científico e tecnológico da China. Para os EUA é necessário remover a
concorrência. Desse ponto de vista, o ataque à Huawei é nada menos que o desejo
dos EUA de conservar, com todos os meios e forças, sua posição como líder
tecnológico mundial [...]", avaliou o especialista.
As ações norte-americanas possuem
um efeito negativo nas próprias empresas do país. Por exemplo, devido às
sanções, a Qualcomm, que obtém 60% de seu lucro graças às vendas ao mercado
chinês, terá grandes perdas.
Em 2019, a Huawei realizou
compras no valor de US$ 18 bilhões (R$ 96,9 bilhões) dessa empresa dos EUA
especializada em
semicondutores. Além destes exemplos, existem diversas outras
empresas na China que realizam importações de materiais tecnológicos dos EUA em
grande escala.
"Eu acredito que na atual
situação é pouco provável que os aliados dos EUA se oponham de alguma forma às
exigências dos EUA [...] Até mesmo em relação à Alemanha é difícil afirmar se
para ela será possível demonstrar seu desacordo com a posição dos EUA",
comenta Zhou Yongsheng.
De fato, considerando a situação
atual, a Alemanha busca manter um razoável nível de neutralidade. Portanto,
apesar da pressão política de Washington, Berlim não se apressa em arriscar os
interesses econômicos do país.
Desta forma, dias após o Reino
Unido excluir a Huawei do desenvolvimento de sua rede 5G, as autoridades alemãs
afirmam que atualmente não existe nenhuma base para alterar a política alemã em
relação à companhia chinesa.
No momento, é difícil precisar se
Washington terá sucesso em suas investidas contra a China em outros países. As
tensões entre os dois gigantes econômicos entram em novos setores, desafiando a
recuperação da economia mundial, fortemente afetada pela crise do coronavírus.
Sputnik | Imagem: © Reuters /
Matthew Childs
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