domingo, 26 de julho de 2020

Moçambique | Momade alerta para "conivência de certas autoridades" em Cabo Delgado


Líder da RENAMO manifesta preocupação com deslocados em Cabo Delgado, distancia-se das ações da autoproclamada "Junta Militar" e critica condução da crise gerada pela Covid-19 em Moçambique.

Numa comunicação à nação, esta quinta-feira (23.07) em Maputo, o líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Ossufo Momade, manifestou preocupação com o prolongamento e o agravamento da situação militar em Cabo Delgado, assim como com a lentidão na assistência humanitária às populações.

"Somente a conivência de certas autoridades pode explicar a falta de esclarecimento sobre a natureza do conflito e a sua resolução, volvidos mais de dois anos", criticou.

Na quarta-feira (22.07), a Comissão Política da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder) exortou a população no sentido de permanecer vigilante e colaborar com as autoridades na denúncia da ação dos homens armados, no centro e norte do país.

As autoridades têm atribuído a autoria dos ataques na província nortenha de Cabo Delgado a grupos de terroristas, e, no centro do país, a dissidentes da RENAMO filiados à autoproclamada "Junta Militar".

O líder do partido da perdiz voltou a distanciar-se da "Junta Militar" e apelou aos seus membros a aderirem ao processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos homens armados da RENAMO.

Este processo foi retomado há 45 dias, tendo sido desmobilizados até aqui 500 antigos guerrilheiros da RENAMO e encerradas duas bases, informou Ossufo Momade. "Registamos, com satisfação, que a implementação do DDR acontece a um ritmo encorajador", afirmou.

"Continuamos expectantes no sentido de que continue de forma célere, condigna e humanizada."

Covid-19: Transparência e prevenção

O líder da RENAMO falou também do impacto da Covid-19 no país, tendo defendido a distribuição de uma cesta básica às populações mais carenciadas e a disponibilização, sem burocracias, de recursos ao setor empresarial.

"As Nações Unidas, a União Europeia e outros parceiros têm estado a disponibilizar recursos que, infelizmente, teimam em não chegar atempadamente aos necessitados, pelo que exigimos que haja maior transparência na gestão dos recursos disponíveis", declarou.

Momade defendeu ainda a regionalização e localização das medidas preventivas e de testagem assim como o aumento do número de testes disponíveis.

"Exigimos ao Governo do dia a instituição imediata de corredores sanitários por forma a limitar o movimento de pessoas de e para as áreas de infeção comunitária, bem como a tomada de medidas preventivas nas províncias vizinhas", disparou ainda o líder da RENAMO.

Ossufo Momade não poupou, igualmente, críticas ao Governo pela recente subida do preço do pão, afirmando que a medida vem sufocar o cidadão tratando-se de um alimento básico das populações de baixa renda.

Leonel Matias (Maputo) | Deutsche Welle

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