sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Dêem-nos música, fogos, explosões, covides, crises... Que fartum!


Curto a desoras. Acontece de vez em quando. O Expresso com cafeína matinal por esta hora... de almoçar (os que almoçam). Desculpem o atraso. A seguir pode ver sobre fogos lusos no Curto, além da explosão em Beirute. 

Há rumores de que foi uma bomba que originou o restante descalabro e as mais de cem mortes além de imensos desaparecidos que se volatilizaram naquele portentoso BUM. Horror qb, não. Demasiadas mortes e feridos e desaparecidos. Que o mundo chore depois de se compadecer a sério e prestar as ajudas imprescindíveis ao Líbano, a Beirute, às populações afetadas.

Não vamos pôr muito mais na escrita. Queremos passar para o Curto. Atenção aos fogos por cá. Atenção a uns quantos malucos que querem recomeçar com as aulas para as crianças no inicio de setembro. Claro que, nesse caso, a última palavra pertence aos pais, aos encarregados de educação. Vai acontecer muitas faltas. O melhor é prepararem alternativas enquanto o perigoso covid-19 não estiver debelado e vencido. Credo, uma vacina leva assim tanto tempo para conseguir? Os laboratórios demoram porque andam a fazer contas exponenciais para fazer valer os preços que quiserem? Já se diz e é muito possível que assim aconteça. Os donos da "ciência" são uns grandes ladrões. Vimos isso todos os dias. Basta ir à farmácia. Avante.

Piano de recuperação é a fala do autor do texto... Dá-me música, em vez de "Dá-me lume", do Jorge Palma. Ficamos neste registo... Porque sim, contra o fogo.

Do Curto, o texto assinado por Cândido da Silva, Vá nesse.

Bom dia/tarde/noite. Até breve.

SC | PG




Bom dia, este é o seu Expresso Curto

O piano de recuperação

João Cândido da Silva | Expresso

Bom dia,

“O Líbano já não está à beira do colapso; a economia libanesa já colapsou”. A afirmação é de Fawaz Gerges, académico de origem libanesa e professor na London School of Economics. Foi publicada há perto de três semanas num artigo do jornal norte-americano “Washington Post” e exteriorizou a perspectiva sombria de Gerges sobre o estado calamitoso do seu país-natal, ainda antes de a explosão no porto de Beirute ter dizimado uma parte da cidade, com um balanço trágico de cerca de uma centena e meia de vítimas mortais, milhares de feridos, um número elevado de desaparecidos e 300 mil pessoas desalojadas.

A economia libanesa é uma das mais endividadas do mundo. As previsões do Fundo Monetário Internacional antecipavam, antes do desastre, uma contracção de 12% em 2020 e a taxa de desemprego já andava pelos 25%. Desde Outubro passado, a moeda do país registou uma desvalorização de 80% em relação ao dólar, um pesadelo difícil de suportar para uma economia que importa a esmagadora maioria dos bens que consome, forçada a conviver com o fantasma da hiperinflação, propagador de miséria. Quatro em cada dez habitantes do Líbano vivem abaixo do limiar da pobreza.

Para a crise financeira, num país onde a corrupção alastra e que se situa num alarmante 137º posto, entre 180 nações, na lista da Transparência Internacional, contribuiu o gigantesco esquema de Ponzi protagonizado pela banca comercial e pelo próprio banco central. Uma boa parte dos depósitos, na maioria denominados em dólares e em parte originados pelas remessas enviadas por emigrantes, foram transformados em créditos concedidos, com taxas de juros altas, ao banco central. Esta instituição foi usando o dinheiro para pagar compromissos e poder contrair mais dívida, numa espiral que acabou por provocar a evaporação de poupanças no valor de 100 mil milhões de dólares. A explosão que arrasou Beirute, a somar à medíocre condução da economia e à pandemia de covid-19, talvez comprove que uma desgraça raramente vem só.

A concessão de financiamentos internacionais ao Líbano tem esbarrado na relutância da classe política em fazer reformas que poderiam desmontar o estado de coisas de que os titulares do poder beneficiam. Na visita que efectuou nesta quinta-feira a Beirute, Emmanuel Macron manifestou a disposição de colaborar com o país para que este consiga sair da profunda crise. O presidente francês prometeu que as novas ajudas “não irão parar às mãos erradas”, mas não é claro como é que o percurso do dinheiro poderá ser escrutinado e controlado.

Nas ruas da capital libanesa, manifestantes clamaram por uma revolução e apelidaram o presidente Michel Aoun de “terrorista”. Organizações como a Human Rights Watch e a Amnistia Internacional exigem que seja constituído um grupo de especialistas independentes para investigar e apurar responsabilidades. As autoridades locais já detiveram 16 funcionários do porto de Beirute por suspeita de envolvimento na tragédia. O aparente zelo assemelha-se a uma táctica para encontrar bodes expiatórios e evitar que o caso venha a chamuscar as esferas mais altas do poder, que receberam alertas, nos últimos seis anos, de que uma carga potencialmente explosiva se encontrava armazenada no porto da cidade. Os avisos foram ignorados e 2750 toneladas de nitrato de amónio ficaram à espera de quem lhes despertasse a fúria destruidora.

Perante a dureza da realidade em que vivem, cidadãos de Beirute reagiram de forma admirável perante as piores adversidades. Entre os escombros e o caos, uma avó sentou-se ao piano e tocou, uma enfermeira resgatou três recém-nascidos e ainda houve a incrível história do parto realizado à luz de um telemóvel. A voragem das elites trai a coragem dos cidadãos. O Líbano merece melhor destino.

OUTRAS NOTÍCIAS

Houve aldeias cercadas pelas chamas, queixas de falta de meios, muito receio e um bombeiro ferido. Os incêndios voltaram a ameaçar bens e pessoas, em muitos casos deixadas ao abandono, sem apoio e entregues a si próprias no combate ao fogo. Foi "um dos dias mais complicados”, reagiu a Proteção Civil nesta quinta-feira. Em Porto Santo, Marcelo Rebelo de Sousa disse estar a acompanhar a situação e admitiu a possibilidade de interromper as férias, caso haja um agravamento.

O número de óbitos foi o mais elevado dos últimos seis dias, o de novos casos de infecção e de recuperados foram os mais elevados dos últimos cinco dias. Há menos pessoas internadas em unidades hospitalares e mais uma em cuidados intensivos. Estas são as principais conclusões do mais recente boletim da Direcção-Geral da Saúde sobre a pandemia de covid-19 em Portugal. Com a ajuda destes gráficos, pode ficar com uma ideia precisa sobre a evolução do surto no país e no mundo. Siga o directo no site do Expresso para estar a par da actualidade.

Num lar de idosos em Reguengos de Monsaraz, 18 pessoas morreram com covid-19. Uma auditoria realizada pela Ordem dos Médicos concluiu que a entidade não cumpria as orientações da Direcção-Geral da Saúde. O relatório já seguiu para o Ministério Público, Ministério da Saúde, DGS e Ordem dos Advogados.

As estatísticas mais recentes vão dando conta do impacto da pandemia e do confinamento na economia portuguesa. Em Julho, assinala a Iberinform, o número de empresas que entraram em insolvência aumentou mais de 32%, com 455 unidades incapazes de gerar receitas suficientes para cumprir os compromissos assumidos. A consultora EY prevê que, caso haja uma segunda vaga de covid-19 em Portugal, a taxa de desemprego possa atingir 17,6% no final de 2020.

Trata-se de um "bom casamento" entre o Estado e a Associação Portuguesa de Hostels, afirma João Sobrinho Teixeira, secretário de Estado da Ciência e Ensino Superior. Durante um ano, noticia o "Público", os alojamentos turísticos de Lisboa, Porto, Coimbra e Braga vão acolher estudantes universitários, o que garante rendimentos a negócios que foram largamente afectados pela pandemia. Acordos individuais com cada estabelecimento do ensino superior deverão ser assinados em Setembro.

O Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social esclareceu que os trabalhadores que estiveram em 'lay-off' por mais de 30 dias consecutivos, mas sem completar um mês civil, também vão receber o complemento de estabilização. A lei suscitou dúvidas e o Governo prometeu fazer alterações.

"O nacionalismo em relação às vacinas não presta. Não nos ajudará. Quando dizemos que uma vacina deve ser um bem global de saúde pública, não se trata de partilhar por partilhar. Para o mundo poder recuperar mais depressa, tem de recuperar em conjunto". Tedros Ghebreyesus, director-geral da Organização Mundial da Saúde, manifestou preocupação com a corrida às potenciais vacinas.

"O Expresso embarcou na viagem que muitos portugueses escolheram para as suas férias. De autocaravana pelo interior, este é o roteiro do êxodo urbano, ideal para umas férias em tempos de cólera. Pode caminhar na natureza, visitar cidades, ir a banhos, mas precisa de ter alguns cuidados para não violar as normas da DGS". Rúben Tiago Pereira e Sofia Miguel Rosa contam como é.

Obras na Linha do Norte, no troço que liga Espinho e Porto, vão fazer com que uma viagem de comboio entre as duas maiores cidades portuguesas passe a demorar perto de três horas, tempo semelhante ao que era necessário nos anos 1980. É com isto que os passageiros devem contar a partir do final de Agosto, explica Rui Cardoso.

Imagens de satélite mostram que duas calotas de gelo polar no Ártico canadiano desapareceram completamente, conta Hélder Gomes. Para a investigadora Catarina Magalhães, o fenómeno não é motivo para surpresa: um dos glaciares que acompanha está a regredir cerca de 500 metros por ano.

Após a interrupção dos campeonatos de futebol profissional, e com o regresso marcado pelos estádios vazios, o número de cartões amarelos mostrados pelos árbitros desceu mais de 20% em comparação com a quantidade de avisos desta natureza que saltavam dos bolsos dos juízes das partidas antes de a pandemia ter forçado a paragem das competições. A análise foi feita pela RunRepeat e Diogo Pombo revela as conclusões.

Actriz e encenadora, Fernanda Lapa morreu esta quinta-feira aos 77 anos. Há dois meses, naquela que seria a sua última entrevista, afirmou ao Expresso: “Este país não é para artistas, nem para velhos, nem para novos”. Pode ler e ouvir aqui.

No Bairro Padre Cruz, em Lisboa, quatro pessoas foram baleadas. Sofreram ferimentos nos membros superiores e inferiores, de acordo com a PSP. As causas da desordem ainda não foram apuradas.

Prisão preventiva foi a medida de coacção que o Tribunal de Instrução Criminal decidiu aplicar ao homem suspeito de ter ateado o incêndio que destruiu um canil ilegal localizado em Santo Tirso e provocou a morte de dezenas de animais. A Polícia Judiciária acredita que o alegado autor do fogo terá sido responsável por "mais três dezenas" de incêndios na mesma área geográfica.

Uma aterragem de emergência no campo de golfe dos Oitavos, em Cascais, não provocou ferimentos entre os três ocupantes, mas "o avião, um Tampico, ficou todo partido". O acidente foi atribuído a uma falha no motor.

FRASES

“A liderança europeia da reconstrução de Beirute (enviar material, dinheiro, trabalhadores e voluntários; receber pessoas) é uma exigência moral e uma necessidade política mesmo que esse esforço determine um forte aumento dos contágios”, Henrique Raposo

“Apesar da melhoria nos últimos anos em indicadores como o crédito malparado, os setores privado e público da economia portuguesa permanecem altamente endividados e, por esse motivo, bastante vulneráveis. Mais do que a dimensão do embate inicial, são as perspetivas de recuperação que preocupam”, Alexandre Abreu

“Qual é o seu lema de vida? ‘Não baixes a cabeça a não ser que te atirem pedras’”, Bruno Vieira Amaral

“[Acusações de assédio sexual causaram-me] "mais danos do que o vírus". Plácido Domingo

O QUE ANDO A LER

“O único aspecto das nossas viagens que dá garantias de prender a atenção do público são as desgraças”. Esta é uma das declarações que Martha Gellhorn (1908-1998) faz no texto que serve de introdução ao livro “Cinco Travessias do Inferno”, um título que fornece um razoável esclarecimento sobre o conteúdo dos textos que se seguem.

Escritora e jornalista, Gellhorn distinguiu-se como repórter de guerra, o que faria presumir que o desconforto e a presença em lugares arriscados dificilmente lhe provocariam impressão suficiente para a animar a escrever uma obra sobre alguns dos seus numerosos périplos em lugares remotos do planeta. Não é bem assim, como este livro demonstra.

Nas profundezas de África, da China e do Suriname, por ilhas esquecidas e mares tempestuosos do Caribe, em território de Israel ou na Rússia, Martha Gellhorn escolhe os caminhos que poucos se atreveriam a pisar, por vezes entregue a si própria e ao seu carácter intrépido e desempoeirado. Enfrenta perigos, doenças e diversos outros incómodos que fariam qualquer viajante baixar os braços e apanhar o primeiro transporte para casa. Se, por vezes, sente desânimo e tédio, controla as emoções e segue em frente.

“Cinco Travessias
do Inferno” é um livro sedutor sobre algumas das aventuras que preencheram a agitada vida de Gellhorn. O apurado sentido de humor que atravessa as suas páginas só torna a leitura mais irresistível.

O QUE ANDO A OUVIR

“Suite: April 2020”, Brad Mehldau. Três versões de temas de Neil Young, Billy Joel e Jerome Kern rematam uma suite composta por um dos pianistas mais brilhantes de sempre. A pandemia e o confinamento inspiraram este álbum, o que significa que nem tudo foi um desastre durante o pico da primeira vaga de covid-19.

“Agoraphobia”, Genco Ari. Outro álbum de piano solo, neste caso da autoria e execução de um músico oriundo da Turquia. O tema que figura no título é também uma suite, que cruza jazz e influências clássicas, interpretada com virtuosismo.

“Kahil El’Zabar’s Spirit Groove”, Kahil El’Zabar. Percussionista, vocalista e compositor, Kahil El’Zabar tocou com grandes nomes, de Dizzy Gillespie a Julian ‘Cannonball’ Adderley, entre outros. Neste álbum, faz diversas explorações rítimicas improvisadas e dispõe do precioso contributo do saxofonista David Murray.

“Feeling”, Hegge. Um quinteto liderado pelo contrabaixista norueguês Bjørn Marius Hegge inspira-se nos sons das décadas de 1950 e 1960. Através da conjugação de blues e bop, a banda faz um álbum vigoroso e bem humorado, com uma pitada de melancolia de vez em quando.

E é tudo. Amanhã terá nas bancas a edição impressa, também disponível a partir das 23h00 desta sexta-feira se for assinante digital. Entretanto, acompanhe a actualidade no ExpressoTribuna e Blitz. No Boa Cama Boa Mesa pode encontrar sugestões para desfrutar um excelente dia e um ainda melhor fim-de-semana.

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