A
preocupante situação no emprego, com a destruição total ou parcial de muitos
milhares de postos de trabalho, exige medidas efectivas de relançamento da
economia e reforço da protecção social.
A
crise sanitária está a ter efeitos muito negativos no emprego, afectando com
particular intensidade os trabalhadores com contratos precários e as mulheres,
afirma a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP-IN) em
comunicado que aprecia as estatísticas do emprego recentemente conhecidas.
O
emprego total continua a cair. No segundo trimestre baixou cerca de cerca de
135 milhares em relação ao trimestre anterior (-2,8%) mas, se comparado com o
mesmo trimestre de 2019, a
destruição de empregos chega aos 185,5 milhares (-3,8%).
Estes
efeitos, segundo a central sindical, «foram ampliados pela ausência de medidas
[governamentais] que impedissem os despedimentos», que permitiu ao patronato
«livrar-se de milhares de trabalhadores não permanentes».
O
número de postos de trabalho ocupados por contratos precários reduziu-se em 103
milhares (-13%) no trimestre e em mais de 185 milhares em termos homólogos: «um
em cada cinco trabalhadores com contratos precários perdeu o seu ganha-pão no
último ano», sublinha a CGTP-IN.
A
central sindical considera que esta evolução, muito negativa, confirma aquilo
que «sempre disse sobre a precariedade ser a antecâmara do desemprego, uma
forma de exploração que sucessivos governos não só não atacaram, como agravaram
na última revisão do Código de Trabalho» realizada no Governo PS.
Estatísticas
não reflectem o grande aumento no desemprego
Segundo
a CGTP-IN, os dados divulgados sobre o desemprego «não reflectem o grande
aumento verificado» por haver desempregados que não fazem «diligências para
procurar emprego» devido às «restrições à mobilidade associadas à pandemia ocorridas
no período em análise», o que faz com que não sejam classificados como
desempregados pelo INE.
Um
quadro da situação mais próximo da realidade, no que diz respeito ao desemprego
e subocupação, que o INE designa por «subutilização do trabalho», é dado pela
existência de cerca de 749 milhares de pessoas nessa situação (+11% ao ano
passado) pela taxa taxa de subutilização do trabalho (14%), que aumenta
relativamente ao trimestre anterior (+12,9%) e ao período homólogo (+12,4%).
As
mulheres são particularmente afectadas, com uma taxa de 15,3% face aos 12,7%
entre os homens, destaca a central sindical.
Maioria
dos desempregados sem protecção
A
situação social no País agrava-se por a maioria dos desempregados não ter
protecção, e mesmo os que a têm permanecerem no limiar da pobreza. Segundo os
sindicatos, «pouco mais de 1/3 do número real de desempregados tem acesso à
protecção no desemprego» e «o valor médio [das] prestações de desemprego [é] de
apenas 507 euros, pouco acima do limiar de pobreza».
Face
a esta situação, a CGTP-IN exige do Governo «medidas efectivas de relançamento
da economia, que rompam com a política laboral de direita», como o reforço do
investimento público, o pagamento integral dos salários aos trabalhadores, a
proibição dos despedimentos e a promoção da estabilidade no emprego, a
efectivação do direito à contratação colectiva e o reforço da protecção social
no desemprego.
AbrilAbril
| Imagem: Mário Cruz / Lusa
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