terça-feira, 4 de agosto de 2020

Espanha e Portugal estão habituados aos grandes tubarões. E no Algarve?

Juan, o rei corrupto, afinal agora já ex-rei, tem sido uma nódoa aviltante e soberbamente sabuja que sempre tingiu de vergonha a monarquia espanhola. De escândalo em escândalo lá chegou ao momento de entregar a coroa ao filho. Era e foi o melhor que fez, conspurcado que estava e continua a estar. Afinal,  o ex-rei continua a chafurdar na fossa que ele próprio criou e tem vindo a manter. 

Imprensa espanhola avança que Juan Carlos se exilou na República Dominicana, via Porto. Pode ler no Expresso. Passou pelo Porto mas que rondou arredores de Lisboa? Dizem. Não sabemos se pelo norte de Portugal alguém deu pelo pivete largado pelo ex-rei corrupto. Em Lisboa já nem existem queixosos. O ar está empestado de corruptos e corruptores. Se aconteceu detetarem tais maus odores foram por certo cheiros de pouca dura. Felizmente. Até porque em Portugal estamos bem habituados a tais pivetes. Corruptos e corruptores é o que neste país luso não falta. E aí andam eles impunes apesar das corrupções descaradas e/ou submarinas. É um fartote. O rei da Figueira e dos Algarves que o diga.

Ricardo Marques abre o Curto de hoje dedicando poucas palavras acerca dos tubarões que rondam praias de Portugal. Refere que no Algarve, Tavira, deu o alarme no passado domingo… Mas que não, não era tubarão desse de boca grande. Nem era tubarão. Ou era? Claro que tudo está a mudar e os tubarões também estão cada vez mais nessa fase. Virá o tempo em que eles irão mesmo incomodar e dar umas trincas nos banhistas… e depois, perante o facto, dirão que afinal não é falso alarme. Pronto, acabam as dúvidas de que eles, os tubarões marinhos, andam por aí.

Depois não digam que não avisámos.

Quanto aos “tubarões” da corrupção, estilo Carlos de Borbón y Borbón, assim como os dos submarinos e ‘tutti gli altri’, esses já deram à costa há milénios e mordem, decepam corpos e arrasam as vidas dos povos perante tantas vezes a complacência dos tribunais, dos senhores dos ministérios públicos, dos senhores advogados. Dos povos que borregam e já nem balem perante os roubos e a constante exploração que lhes enruga a pele, lhes tolhe o estômago e lhes encurta a vida.

Fiquem bem, se conseguirem lidar prazenteiros por entre toda a trampa que sobra para chafurdar e nos é proporcionada pelos ladrões e corruptos de todo o mundo e também deste país à beira mar da corrupção plantado. Cuidado: mergulhem se tiver de ser… mas não engulam “pirolitos”.

Bom dia e um maço de notas (limpas). O Curto assoma-se. Vá ler.

MM | PG

 

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Aqui, El Rey?

Ricardo Marques | Expresso

Agosto tem destas coisas: no domingo, alguns banhistas berraram que havia um tubarão perto de uma praia em Tavira.

Ontem à noite, não faltava por aí quem jurasse ter visto, não muito longe do Estoril da sua juventude, um senhor chamado Juan Carlos Alfonso Víctor María de Borbón y Borbón-Dos Sicilias.

Também lhe chamam ex-rei de Espanha. Ou monarca caído em desgraça. Arriscar um petit non composto pelas iniciais - como se faz, por exemplo, com o filósofo francês Bernard-Henri Lévi, o BHL - seria um verdadeiro desafio: não há forma de pronunciar JCAVMBBDS.

Portanto, vamos tratá-lo apenas por Juan Carlos e tentar perceber por que razão sua alteza real emérita, que reinou em Espanha durante quase 40 anos, se arrisca a ser um dos assuntos mais falados hoje - além, claro, de ser agosto e não haver assim tantos assuntos.

Juan Carlos, que completou 82 anos em janeiro, anunciou ontem a decisão de se exilar. Isto quatro meses depois de Filipe VI, seu filho e atual Rei de Espanha, lhe ter retirado a pensão (cerca de 200 mil euros por ano) e anunciado que renunciava à sua parte da herança. O objetivo do atual rei, como explica o correspondente do Expresso em Madrid neste artigo, é tentar distanciar-se das fraudes fiscais que mancharam o seu antecessor.

Não é pouca coisa, nem coisa pouca. Há contas na Suíça, comissões suspeitas, dinheiro a chegar da Arábia Saudita, movimentos de dinheiro para uma aristocrata alemã chamada Corinna Larsen, lucrativos investimentos na bolsa que lhe renderam grandes benefícios, entregas em mão de quantias superiores a €100 mil mensais para gastos pessoais e um o “presente” do rei de Marrocos: 45 mil metros quadrados de terreno perto de Marraquexe.

Uma dose considerável de gasolina para a fogueira em que vai ardendo a monarquia espanhola e na qual crescem as chamas da discussão sobre um referendo ao sistema político do (ainda) reino.

De acordo com o El Pais, o advogado do ex-rei, Javier Sánchez-Junco, assegura que Juan Carlos não está a fugir à Justiça (há investigações em Espanha e na Suíça). A frase, no original, é “permanece a disposición en todo momento del Ministerio Fiscal para cualquier trámite o actuación que se considere oportuna”.

Longe, mas disponível. A imprensa espanhola garante que quando a carta de despedida do pai chegou ao palácio do filho, já o ex-rei tinha saído do país. Isto foi ao final da tarde. À noite, garantiam vários órgãos de comunicação social, Juan Carlos estaria em Portugal.

El Rey aqui? No país do aqui-del-rei?

(Parece que foi há mil anos, mas em agosto de 2019 andávamos todos a discutir a lei das incompatibilidades e impedimentos de titulares de cargos públicos e políticos e a falar de poder e de famílias)

Aconselha-se calma. O mundo é grande, demasiado grande e ainda maior para um rei que já não o é.

Esta manhã, o jornal espanhol ABC assegura que Juan Carlos passou o fim de semana na Galiza, onde costuma velejar, foi ao Porto apanhar um avião e estará agora na República Dominicana, onde não faltam praias quentes, nem tubarões.

Há 350 anos, John Milton escreveu dez mil versos num livro chamado “Paraíso Perdido”. Este é um dos mais conhecidos:

“É melhor reinar no inferno do que servir no céu”.

Outras notícias

Sirvo-lhe agora os restantes assuntos sobre os quais deverá ouvir falar esta terça-feira (enquanto se tenta confirmar o real paradeiro de sua alteza real emérita…)

Prepare-se para um possível festival de reações políticas a partir das onze da manhã. Será a essa hora que, na Quinta da Atalaia, vai ser apresentada a edição 2020 da Festa do Avante. As regras já são conhecidas há umas semanas, mas a realização da “manifestação político-cultural” - a “mais importante do País”, como lhe chama o PCP - em tempos de pandemia não é pacífica.

O acidente de sexta-feira com o comboio Alfa Pendular expôs algumas das fragilidades do sistema de caminhos-de-ferro. Desde logo, há 900 quilómetros de ferrovia sem sistema de controlo automático de velocidade e/ou sinalização eletrónica instalados. Pode ler neste artigo do Expresso as explicações da Infraestruturas de Portugal.

O Novo Banco até pode ser considerado um banco novo, mas os velhos prejuízos tardam em desaparecer. Seis anos depois sua criação, o banco ainda tem 10% do crédito malparado. E este número, como se pode ler seguindo o link, é das poucas boas notícias dos resultados semestrais

Por falar em resultados, as notas dos exames do secundário dispararam em ano de pandemia. Houve menos provas e novidades na estrutura e nos critérios de valorização das respostas. A consequência? As notas de entrada no ensino superior vão subir.

Em sentido contrário, não resisto a recordar um dos episódios mais caricatos da historia das Forças Armadas Portugueses: o dia em que o novo drone da Marinha, perante todas as câmaras de televisão, caiu a pique nas calmas águas da Base do Alfeite. O mergulho do AR4 Light Ray aconteceu em 2014, o mesmo ano em que JCAVMBBDS abdicou em Espanha.

Vem isto a propósito da escassa atividade política de hoje. Os ministros da Defesa e do Ambiente estão na estrada. À tarde inauguram o Parque Solar Fotovoltaico da Base Aérea n.º 5, em Monte Real, Leiria. Antes, mais ou menos daqui a meia-hora, vão estar no destacamento de Sistemas Aéreos Não Tripulados da Força Aérea Portuguesa, no Aeródromo da Lousã. “Terão oportunidade de assistir à demonstração de sobrevoo de uma das doze aeronaves não tripuladas”, está escrito na agenda…

Vai correr tudo bem. E é provável que o ministro da Defesa se pronuncie sobre uma das notícias de hoje: o Tribunal de Contas concluiu que o Estado português perdeu 9,25 milhões de euros de compensação pelo incumprimento das contrapartidas na compra de 12 aviões C-295 à Airbus Defense and Space.

Jesus, o filho pródigo, regressou à Luz e falou de união, de acreditar, e prometeu arrasar. O futebol não é uma religião. Não.

Bento XVI, o papa-emérito, está doente. Gravemente doente, De acordo com o biógrafo Peter Seewald, que no sábado passado entregou a Joseph Ratzinger a sua biografia, o Papa emérito, de 93 anos, está num estado extremamente delicado, embora se tenha mostrado otimista. O Vaticano assegura que Bento XVI está doente, sim, mas que a situação não é preocupante.

Na Argentina, termina hoje o prazo para o Governo negociar com os credores a reestruturação de uma dívida de cerca de 60 mil milhões de euros. De acordo com a Reuters, o acordo pode estar perto. Os outros problemas, e não são poucos, seguem dentro de momentos.

Esta é a historia de um homem que trabalhou até morrer. Foi largado à porta do centro de saúde. Aconteceu em Espanha.

Na manhã após o primeiro dia sem mortes por covid-19 em Portugal, e em que a manchete do Público é “Foi o julho com mais mortes em 12 anos e o covid-19 só explica 1,5%”, o The New York Times publica um artigo sobre uma doença que mata 1,5 milhões de pessoas todos os anos - a tuberculose. Como sucede com a malária e o VIH, a tuberculose está a crescer devido à pandemia, que consome quase todos os recursos. “Podemos regredir 20 anos”, avisa um responsável da Organização Mundial da Saúde.

Permita-me recuar um pouco. Ainda se lembra do tal terreno que sua alteza real emérita terá recebido em Marrocos? É perto de Marraquexe, a pouco mais de 500 quilómetros de Alcácer Quibir, onde, neste dia há 478 anos, desapareceu D. Sebastião, Rei de Portugal.

Tal como o tubarão, e não só, nunca mais ninguém o viu.

O que ando a ler

Estou entre leituras. Acabei há dias “A insanidade das massas”, de Douglas Murray - um livro absolutamente indispensável para perceber muito do que se está a passar neste mundo em permanente ebulição social. É muito provável que o livro não agrade a todos, e que alguns cheguem mesmo a detestá-lo. Mas esse, lê-lo e discordar, é o verdadeiro teste. Talvez o mais importante de todos.

Ao mesmo tempo, estou já a preparar o ‘farnel literário’ que me acompanhará nas férias. Isto para dizer que vou falar sem ter lido. Neste momento, o cesto tem dois exemplares: “Homo Biologicus - Como a Biologia Explica a Natureza Humana” (Pier Vicenzo Piazza) tem tudo para ser o pacote de bolachas. Um bocadinho aqui, um bocadito ali… Fui espreitar o epílogo.

“Chegámos a um ponto em que, graças à democracia do século XX, o homem moderno considera que todos os pontos de vista, ainda que diametralmente opostos, são equivalentes e respeitáveis. Como se a realidade não existisse, como se o simples facto de pensamos uma coisa a tornasse verdade. Esta multiplicidade de perspectivas pode parecer um trunfo precioso, mas, na verdade, conduz a uma geração de homens que não conseguem chegar a acordo sobre nada e a sociedades que, de facto, não evoluem muito.”

Tenho também para ler “Os Sete Pilares da Sabedoria”, de T.E. Lawrence. Há uns versos no fim.

“Não a luz que se extinguiu para nós, nem as acções que passaram,

Nem os dias de outrora,

Nem as tristezas não tristes, nem o rosto mais justo

De enaltecimento perfeito”

Faltam 149 dias para acabar esta estranha coisa a que chamamos 2020.

Tenha uma excelente terça-feira, sempre com o Expresso.

(Artigo alterado para corrigir a frase em que se lia que Juan Carlos recebia uma pensão de cerca 200 mil euros por mês. Na verdade, o rei emérito de Espanha, Juan Carlos, recebia cerca de 200 mil euros por ano)

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