O Movimento dos Estudantes
Angolanos (MEA) mostra-se cético quanto à promessa do Governo, considerando a
medida como "campanha eleitoralista" e "uma forma do Estado
vender esperanças".
"Quanto a essa nova proposta
estou cético, não acredito e penso ser mais uma campanha eleitoralista e uma
forma do Estado vender esperanças, nós estamos cansados e a esperança que temos
hoje não é a do verbo esperar, mas do verbo esperançar", afirma o presidente
do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), Francisco Teixeira.
Para sustentar o seu ceticismo, o
líder dos estudantes angolanos referiu que boa parte dos programas do Governo
"não avança devido à excessiva partidarização", considerando que os
programas em curso beneficiam "sobretudo jovens ligados à JMPLA",
braço juvenil do partido no poder em Angola.
"Era preciso o Estado
descentralizar e encontrar uma plataforma congregadora onde todos os jovens se
revissem", defendeu.
500 mil empregos prometidos por
JLo ainda são "miragem"
O Governo angolano prevê criar
83.500 empregos, até 2021, no âmbito do Plano de Ação para a Promoção da
Empregabilidade (PAPE), aprovado em abril de 2019, anunciou o Ministério da
Administração Pública, Trabalho e Segurança Social.
Num comunicado enviado esta
terça-feira à agência de notícias Lusa, o ministério afirmou que os postos de
trabalho serão criados no quadro do PAPE, cuja estratégia de operacionalização
foi apreciada, na segunda-feira, durante a oitava reunião da comissão económica
do Conselho de Ministros.
Na campanha eleitoral para as
eleições de 2017, o candidato João Lourenço, atual Presidente de Angola, prometeu
criar 500 mil novos empregos até ao final da legislatura, em 2022.
Segundo Francisco Teixeira, a
nova promessa não passará disso mesmo, afirmando que a criação dos 500 mil
empregos prometidos em 2017 "até agora ainda é uma miragem".
Os jovens continuam a ser os mais
afetados na alta taxa de desemprego que o país regista.
Com vista a encontrar mecanismos
para inverter a situação, o MEA promove, no sábado, em Luanda, uma mesa redonda
sobre o "Desemprego como Fator de Instabilidade, Causas e Soluções".
De acordo com líder associativo,
o encontro vai avaliar o processo de empregabilidade em Angola, "sugerir
métodos e meios para mitigar a questão do desemprego no seio dos jovens e esclarecer
a juventude sobre a importância do empreendedorismo cultural".
Francisco Teixeira disse ainda
que está já em preparação a quinta manifestação nacional contra o desemprego em
Angola agendada para 26 e 27 de setembro.
"Vamos fazer 48 horas na rua
para exigir do Estado mais seriedade e mais responsabilidade na questão da
empregabilidade", rematou.
Deutsche Welle | Lusa
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