O Sindicato dos Médicos da Zona
Sul afirma que «não tolerará qualquer responsabilização dos médicos locais»,
que desempenharam as suas funções e «tiveram a coragem de denunciar as más
práticas».
Em causa está a insinuação por
parte do Governo de que a situação no Alentejo, particularmente no Lar da
Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, em Reguengos de Monsaraz, se devia
ao facto de os médicos se «recusarem a desempenhar o seu trabalho».
Em comunicado, o Sindicato
dos Médicos da Zona Sul (SMZS) rejeita estas afirmações e lembra que iniciou a
denúncia sobre «as políticas autocráticas» levadas a cabo pela Administração
Regional de Saúde (ARS) do Alentejo no final de Junho, dias depois de ali se
ter proibido o gozo de férias pelos profissionais de saúde.
Na semana seguinte, o SMZS
condenou a mobilização forçada de médicos para o lar de Reguengos de Monsaraz
e, no dia 8 de Julho, a directora executiva e o conselho clínico do Agrupamento
dos Centros de Saúde (ACES) Alentejo Central demitiram-se.
No entanto, o sindicato garante
que o «ambiente de intimidação» se manteve, embora os médicos tenham continuado
a denunciar várias decisões que colocaram em causa a saúde da população
local. Entre elas estão a falta de recursos humanos e as precárias condições do
lar, bem como a inexistência de condições para cumprir as orientações da
Direcção-Geral da Saúde (DGS) no que dizia respeito ao isolamento dos doentes
infectados.
«A negação da realidade e as
tentativas de manipular a opinião pública mantêm-se com uma Ministra do
Trabalho e da Segurança Social que admite não ter lido o Relatório da Ordem dos
Médicos, e uma Ministra da Saúde que recusa falar da situação e iniciou um
inquérito através de uma entidade subordinada ao próprio Ministério da Saúde»,
pode ler-se na nota divulgada.
O sindicato sublinha que
continuam as tentativas de «escamotear a verdade» uma vez que se inicia a
discussão da obrigatoriedade dos médicos em trabalhar no sector social, cujas
instituições são na sua maioria privadas, mas não se refere as consequências
para os utentes dos médicos de família deslocados, que ficam sem acompanhamento.
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