Apesar da informação que circulou hoje nas redes sociais, a Cornelder nunca foi notificada sobre operação de um navio com destino a Moçambique com 2.750 toneladas de nitrato de amónio, que provocaram explosões no Líbano.
"Normalmente,
antes de receber um navio, nós somos notificados. Neste caso, nunca recebemos
nenhuma notificação de um navio que vinha ao porto da Beira com essas
caraterísticas e carga", disse à agência Lusa António Libombo,
diretor-executivo adjunto da Cornelder, a empresa que gere o Porto da Beira
desde 1998.
Com
base nos cadastros dos navios e nos calendários portuários, a agência
Associated Press especulou que o navio que transportava nitrato de amónio,
carga que terá provocado explosões
no porto de Beirute, tinha como destino Moçambique, tendo atracado no porto
da capital do Líbano, Beirute, devido a problemas mecânicos, em 2013.
Um
artigo escrito em outubro 2015 na publicação especializada em navegação
shiparrested.com também indicava que o navio tinha como destino o porto da
Beira, mas terá atracado no porto de Beirute devido a problemas mecânicos,
tendo a carga sido confiscada e armazenada por vários anos na capital libanesa.
A
informação de que o referido navio teria como destino final Moçambique circulou
esta manhã nas redes sociais. "No dia 23 de setembro de 2013, o navio m/v
Rhosus, com bandeira moldova, partiu do porto de Batumi, na República da
Geórgia, com 2.200 toneladas de nitrato de amónia a bordo, com destino ao porto
da Beira", lia-se na notícia, citada pelo pesquisador moçambicano Miguel
de Brito.
"O navio permaneceu em Beirute e a carga foi colocada num armazém portuário na capital libanesa, à espera de serem leiloados", era ainda adiantado na mesma notícia, segundo a qual a tripulação, "depois de várias manobras legais", terá sido autorizada "a abandonar o navio e regressar aos seus países de origem."
Ministério
dos Transportes também desconhece operação
A
Lusa contactou o também o Ministério dos Transportes e Comunicações de Moçambique,
que disse igualmente não ter sido informado sobre um navio com estas
características naquele ano.
Duas
fortes explosões
sucessivas sacudiram Beirute na terça-feira (04.08), causando mais de
uma centena de mortos e mais de 4.000 feridos, segundo o último balanço feito pela
Cruz Vermelha.
Teme-se
que o número de vítimas aumente durante o dia, numa altura em que os serviços
de salvamento continuam à procura de sobreviventes e mortos no meio dos
escombros.
Até
300.000 pessoas terão ficado sem casa devido às explosões, segundo o governador
da capital do Líbano, Marwan Abboud.
As violentas explosões deverão ter tido origem em materiais explosivos confiscados e armazenados há vários anos no porto da capital libanesa. Segundo o primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, estavam guardadas no depósito cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amónio.
Deutsche Welle | Lusa
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