Expresso
Curto sem a habitual má-língua do Página Global a anteceder. Vá direto para o
dito cujo autor que possui a graça do exercício da missão de coordenador online
na chafarica do tio Balsemão Bilderberg Inpresa, SIC e por aí adiante. Um
açambarcador da informação, do entertenimento, da açãopsicosocial que já tem
barbas e move-se de bengala, quando não o faz de cassetete
E assim se faz Portugal. Uns quantos (poucos) vão bem à custa dos milhões do rebanho que passam tão mal…
O Curto, que não vai faltar. A seguir.
Saúde! E quando não tiveres o que comer ignora o Banco Alimentar e as “caridadezinhas”. Sê cidadão e republicano: insurge-te, revolta-te!
PG
Bom
dia, este é o seu Expresso Curto
Incêndios,
covid-19 e Jesus: vamos ter um agosto em alerta?
João Pedro Barros | Expresso
O
país acorda hoje em estado de alerta, decretado
pelo menos até ao final do dia de amanhã, devido “às previsões meteorológicas
para os próximos dias, que apontam para um significativo agravamento do risco
de incêndio rural”, nomeadamente devido ao vento. Os distritos de Santarém e
Faro são mesmo colocados em alerta de prontidão de nível vermelho. A
declaração de alerta traz consigo uma série de proibições, entre as quais as de
realização de queimadas ou utilização de fogo de artifício.
As temperaturas atingem habitualmente o seu pico em agosto e, depois da
tragédia de 2017, é apenas natural que o Governo não queira arriscar somar
incêndios ao cenário da pandemia e crise económica. Os
números do primeiro semestre de 2020 até são positivos:
Se é possível (e desejável) que este agosto seja descansado no que toca aos
fogos, é certo que a pandemia vai continuar a ser tema central da atualidade.
Os dados que lançam este mês também são positivos: não
se registavam tão poucos novos casos no espaço de uma semana desde março.
Foram 1.299 entre 27 de julho e 2 de agosto, menos 229 do que na semana
anterior e o número menos expressivo desde a segunda semana da pandemia (de
A DGS apressou-se
a emitir uma nota sobre o tema, alegando que o número de testes efetuados
não será reduzido, mas admitindo também que a realização de testes aos
chamados contactos próximos é “controversa na literatura científica”. A Ordem
dos Médicos reforçou pouco depois as críticas e certamente que o assunto será
tema na habitual conferência de imprensa com as autoridades de saúde, por volta
da hora de almoço. É certo que os números da pandemia são determinantes para o
nosso futuro coletivo (pode ver aqui os
de ontem), nomeadamente económico, mas é certo que, para
o turismo oriundo do Reino Unido, o verão está perdido. Uma réstia de esperança
para o Algarve: as
reservas aumentam na segunda quinzena de agosto.
Em estado de alerta está também o universo benfiquista, que hoje vê chegar
Jorge Jesus como um messias. A
apresentação é às 17h, no Seixal, com a presença do presidente Luís Filipe
Vieira, que tem de atender a vários fogos, um dos quais as eleições que estão
já ao virar da esquina,
OUTRAS
NOTÍCIAS
A dança do tubarão – um tubarão foi avistado
a dirigir-se para a Praia do Barril, em Tavira, ao início da tarde de
ontem. Uma situação considerada "relativamente normal" pela Capitania
de Tavira.
A dança dos carris – dois dos três feridos do acidente de comboio em Soure
continuavam ontem internados nos Hospitais da Universidade de Coimbra, com
prognóstico reservado mas sem correr risco de vida. O Público escreve hoje que a colisão poderia ter sido evitada se a
Infraestruturas de Portugal tivesse seguido recomendações de há dois anos do
Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes
Ferroviários. A circulação
na Linha do Norte foi ontem restabelecida e vale ainda a pena ler o relato
de quem estava dentro do Alfa Pendular.
A dança dos apoios – Arrancam hoje as candidaturas à linha de apoio social a artistas do Ministério
de Cultura, mas as ajudas para entidades e adaptação de espaços culturais
são adiadas até à próxima semana.
A dança dos rastreios – O rastreio serológico realizado na Universidade
Nova de Lisboa em junho chegou a um número idêntico ao estimado para a
totalidade do país: apenas
2,9% apresentaram anticorpos para o vírus SARS-COV-2.
A dança da economia – Luís
Marques Mendes não entende que o Governo diga que “o pior já passou” após
o “trambolhão” de 16,5% do PIB no segundo trimestre.
A dança do racismo – André Ventura voltou à rua, para uma manifestação
com o mote "Portugal não é racista" e para continuar a dar
gás à sua campanha para as presidenciais de janeiro. O CDS-PP concorda com o
lema, ainda que seja "evidente
que existem isoladamente crimes de racismo" no país.
A dança das quebras – os setores do comércio
de ótica (em Portugal) e das marcas
de luxo (a nível global) estão a ser esmagados pela crise.
A dança do espaço – a missão da SpaceX e da NASA regressou com sucesso à
Terra, inaugurando aquela que pode ser uma nova
era privada na exploração espacial.
A dança venezuelana – Os partidos opositores do regime de Nicolás Maduro
anunciaram que não
irão concorrer às eleições legislativas de dezembro, apelidadas de
"fraude".
A dança do TikTok – A Microsoft interrompeu
as negociações para comprar a rede social de origem chinesa TikTok, depois
de Donald Trump ter anunciado a intenção de banir as operações da aplicação nos
EUA.
A dança a três rodas – Pode ver aqui como Lewis Hamilton fez grande parte da
última volta com o pneu em frangalhos, mas ainda assim conseguiu vencer o
Grande Prémio da Grã-Bretanha em Fórmula 1 e reforçar a liderança do Mundial de
pilotos.
A dança de papel – Última temporada da série “Casa de Papel” terá
filmagens em Portugal.
FRASES
“Se estabeleceram logo a possibilidade de usar essa almofada de 3,9 mil milhões
de euros estavam à espera de quê? Que o Novo Banco não fosse usar? Claro que
vai usar!”
Luís Marques Mendes, no
espaço de comentário na SIC, sobre a verba limite que o Fundo de Resolução
pode injetar no banco.
“Vê-lo entre as duas taças é como se estivesse a ver um filho, um neto. O meu
irmão mais novo”
Pinto da Costa, presidente do FC Porto, sobre
o seu treinador Sérgio Conceição.
“Não podem gravar um disco a cada três ou quatro anos e pensar que é suficiente”
Daniel Ek, diretor executivo do Spotify, em
resposta a uma pergunta sobre a acusação do serviço de streaming não
pagar devidamente aos músicos.
O QUE EU ANDO A LER
Por defeito profissional (e gosto pessoal), as minhas leituras encaminham-se
mais para o ensaio, a crónica ou a biografia. No fundo, para géneros mais
próximos do jornalismo (ou, pelo menos aparentemente, mais úteis para o dia a
dia das notícias).
Este fim de semana atirei-me a um romance já com dez anos: “Livro”, de José
Luís Peixoto, um autor que já tinha passado pelo meu cardápio literário. E as
primeiras 60 páginas – cerca de um quarto do total – já permitem dizer uma
série de coisas: que se trata de um romance envolvente, com uma galeria de
personagens que promete; que o que poderiam parecer fúteis divagações são
artifícios que o autor usa para nos meter na cabeça das personagens,
nomeadamente a de Ilídio, o miúdo que aos seis anos é deixado pela mãe numa
vila do interior do país, para emigrar para Paris; e que uma outra ousadia de
sintaxe, que noutra instância poderia parecer pretensiosa, neste caso apenas
serve os propósitos do autor.
A ida da mãe de Ilídio para Paris não foi ainda revelada na parte que já li do
livro, mas a sinopse adianta-nos esse facto. E também já sei, por intermédio de
quem leu o livro, que há uma mudança radical de estilo a meio da narrativa.
Daqui a uns dias já terei uma opinião formada sobre a globalidade do romance –
quem sabe se ainda a partilho com os leitores num próximo Curto.
O QUE EU ANDO A OUVIR
Imagine um disco cujo cenário é o café da esquina, a zona de engate da sua
cidade, a praia que frequentou durante a infância ou o horto que recebe
romarias de domingueiros. Foi graças a esta sensação de familiaridade – pelo
facto de ter vivido até aos 30 anos
Não é normal encontrar canções que fazem referência à churrasqueira que fica a
dois passos da casa dos pais (“Mesa para dois no Carpa”), em vez de um distante
imaginário anglo-saxónico. Nem encontrar como matéria prima narrativa o
biscate, o arranjinho, o amor de verão e de quarto de motel.
David Bruno fica na interseção perfeita entre os eixos do kitsch, da nostalgia,
do humor e do cosmopolitismo. Mas há aqui mais do que um interesse anedótico:
David Bruno tem como principal fonte de material o sampling, mas conta ainda
com a parceria do guitarrista Marco Duarte, ao qual terá pedido uma abordagem
algures a meio caminho entre a de Marante e Slash (no lugar do guitarrista dos
Guns N' Roses poderia ler-se Frank Zappa, Joe Satriani ou Richie Sambora, o que
interessa é mesmo o português).
Há grandes momentos neste discos: solos de guitarra viciantes, baixos gordos,
enxertos de R&B lânguido, incursões no hip hop ou no disco – sempre sob uma
capa assumidamente romântica. Este sábado, o gaiense lançou “Raiashopping”,
desta vez inspirado nas memórias das visitas da infância à terrinha, neste caso
ao concelho de Figueira de Castelo Rodrigo.
A viagem é por isso até à Beira Alta e Trás os Montes (com incursões a Espanha)
e confesso que me apaixonou com menos intensidade do que os dois discos
anteriores. Mas há bastos motivos para descobrir este álbum – a afunkalhada
“Flan Chino Mandarim” é bem capaz de ser a mais viciante música de sempre de dB
–, do qual já se conhecia o single “Festa da espuma”, onde a lírica inclui as
palavras Lacatoni e Cofides. Recomendo ouvir o álbum em formato vídeo (sim,
todos discos de David Bruno são apresentados em formato vídeo-álbum, com edição
deliciosamente rudimentar do próprio cantor): “Raiashopping” está disponível aqui (ao lado de “O
Último Tango em Mafamude” e “Miramar
Confidencial”).
Este Expresso Curto fica por aqui. Tenha uma excelente segunda-feira
e, se for caso disso, umas boas férias. Siga-nos também na Tribuna, na Blitz e no Boa Cama Boa Mesa. Espreite a
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