sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Portugal | Auditoria "não garante independência, nem defesa do interesse público"


Bloco de Esquerda diz que auditoria da Deloitte ao Novo Banco não tem credibilidade, considerando que está "ferida de morte" e não garante "seriedade, rigor e independência" devido ao "conflito de interesses" da Deloitte, apelando ao Presidente da República e ao Governo que a considerem nula.

Adeputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua denunciou, esta sexta-feira, o facto de a Delloite não ter referido, na auditoria externa ao Novo Banco, que assessorou a entidade bancária na venda da GNB Vida, negócio no qual terá perdido 107 milhões de euros.

"A auditoria da Deloitte, que certamente agradou ao Fundo de Resolução, aliás foi festejada pelo administrador do Novo Banco, menciona um negócio. Apesar de a auditoria acabar em 2018, no seu âmbito, menciona a venda em 2019. A auditoria aponta falhas ao BES na forma como geriu a GNB Vida, mas refere o comprador Apax Partners, nunca fazendo referência às ligações entre este comprador e Lindberg, o corrupto condenado. Refere a venda, mas nunca refere que a venda foi feita com uma perda de 107 milhões face àquilo que tinha sido a primeira operação, em outubro de 2018", explicou a parlamentar durante uma conferência de imprensa dada a partir da sede do partido, em Lisboa.

A bloquista revela ainda que receberam uma denúncia, que entretanto confirmaram, sobre vários pontos "essenciais" que a auditoria da Deloitte ao Novo Banco não refere.

"Para além de não referir as perdas associadas à venda da GNB Partners, para além de não referir as associações do comprador a um corrupto condenado, a Deloitte também não refere [no relatório da auditoria] que foi assessora do Novo Banco para venda da GNB Partners", garante, acrescentando que este facto, "coloca em causa a auditoria".

Assim sendo, para Mariana Mortágua, esta auditoria "não tem credibilidade", visto que "o consultor de uma venda não pode auditar de forma independente essa mesma venda".

"Cada ato de gestão do Novo Banco custa milhões a todos os contribuintes. Já custou milhões a todos os contribuintes e pode vir a custar novamente milhões a todos os contribuintes. Cada ato de gestão do Novo Banco deve, por isso, ser analisado ao pormenor, com rigor, seriedade, independência e sentido de defesa intransigente do interesse público e esta auditoria não garante seriedade, rigor, independência, nem a defesa do interesse público", concluiu.

Notícias ao Minuto | Imagem: © Global Imagens

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