Jerónimo de Sousa fez este
domingo o discurso de encerramento da Festa do Avante!
O líder do PCP afirmou
este domingo, no discurso de encerramento do Avante!, que aqueles que
"queriam" calar o partido, ao tentar que a festa não se realizasse
este ano, não conseguiram fazê-lo. Jerónimo de Sousa criticou a
"campanha insidiosa" de que o PCP foi alvo por parte
"das forças mais reacionárias e conservadoras".
"Construímos e realizamos a
nossa grande festa, este comício (...) num quadro de inusitada hostilidade dos
grandes interesses económicos e das forças mais reacionárias e
conservadoras contra a qual moveram uma insidiosa campanha, utilizando os seus
poderosos recursos mediáticos e de intoxicação da opinião pública. Queriam
calar-nos, não conseguiram", começou por apontar o líder comunista.
Prosseguindo no discurso,
Jerónimo de Sousa explicou que o PCP fez a festa, cumprindo as normas
sanitárias, "porque a sua realização é, antes de mais, uma forma de
assegurar a defesa do funcionamento da vida democrática na sua
plenitude".
O líder comunista afirmou que a
festa do Avante! realizou-se "pelos mesmos motivos que antes nos
levaram a firmar o nosso desacordo com soluções que impunham limitações ao
exercício das liberdades e da ação coletiva laboral e cívica [aquando
da votação no Parlamento do Estado de Emergência]". Numa altura em que,
destacou, "muitos milhares eram no silêncio e no confinamento,
vítimas do arbítrio do grande capital".
Jerónimo de Sousa continuou a
justificar a coerência da realização do certame político-cultural,
acrescentando que a festa se fez "pelas mesmas razões" que levaram o
partido a estar "onde a vida nos solicitava para defender o emprego, os
salários, os direitos laborais e sociais, as liberdades, afirmando-as e
exercendo-as, contrariando aqueles que a pretexto da epidemia as
queriam limitar e restringir, alimentando todos os medos".
"Este é um poderoso coletivo"
"Aqueles que tudo fizeram
para inviabilizar a festa", continuou o secretário-geral do PCP,
"o que mais desejariam era calar esta força que aqui veio e que aqui
está". "Está aqui a força de um partido que trabalha, vive e
luta para servir os trabalhadores de um povo, este é um poderoso coletivo,
e cada um de nós está aqui a marcar uma posição, a demonstrar um compromisso, a
transmitir uma mensagem que eco neste imenso espaço e se projeta para
além dele", defendeu.
"Estamos aqui, assegurando
as normas sanitárias, porque temos um compromisso com os trabalhadores
pela concretização pela sua aspiração por trabalho com direitos e um salário
valorizado e justo (...) para reafirmar o nosso compromisso pelas liberdades
democráticas, nas empresas, na rua (...) Estamos aqui porque jamais aceitaremos
ser arrastados para o pântano do conformismo sonhado pelos que vivem da
exploração neste tempo de agravamento de todos os problemas
nacionais", prosseguiu, assegurando que o partido não abandonará "a
linha da frente do combate por melhores condições de vida, o direito à saúde, à
educação e à segurança social" e "construir um
Portugal com futuro".
No seu discurso, Jerónimo de
Sousa reconheceu que os tempos que atravessamos "encerram perigos e
riscos". "Era preciso e era necessário tomar todas as medidas para
defender a saúde, sem dúvida. Temos sempre essa necessidade". Em matéria
de saúde, defendeu, "o PCP não só foi, como é, a força política
mais coerente e determinada na defesa do SNS". Um partido que
"apresentou sempre soluções", incluindo "neste tempo de pandemia".
Para assegurar a saúde, lembrou
Jerónimo, é preciso "garantir muitos outros aspetos das
condições das pessoas, é preciso garantir a vida dos muitos milhares que foram
e que continua confrontados com a ganância e o oportunismo daqueles
que, à sombra da epidemia, têm vindo a agravar a exploração".
Os direitos, quer dos
trabalhadores, quer dos jovens, quer dos idosos, "não podem ficar em
suspenso". Proteger os idosos, disse o líder comunista, não pode
significar abandono ou estigmatização com impactos irreversíveis da
sua vida".
Jerónimo sinalizou que a pandemia da Covid-19
veio "acelerar a nova crise económica há muito anunciada que põe a nu as
enormes e inaceitáveis injustiças e desigualdades sociais que marcam a
realidade de milhões de seres humanos".
Portugal "está há muito
confinado, com graves problemas que a epidemia agora expôs com toda a sua
crueza". Disso são exemplo os "défices estruturais crónicos, em
vários domínios". "Défices que tornaram o país crescentemente
dependente e frágil", lamentou.
"Não vale a pena sentenciar
que PCP não conta"
Ao longo do discurso, o líder
comunista disse que "não vale a pena sentenciar que o PCP não
conta", sublinhando que o partido "conta muito e
decisivamente" para defender os interesses dos portugueses.
"A dimensão dos problemas
exige outra resposta. O PCP está à altura das suas responsabilidades,
do seu papel e dos seus compromissos com os interesses dos trabalhadores e do
povo. Não vale a pena uns virem agitar com ameaças de crise política. O que se
impõe é aproveitar todos os instrumentos para não permitir que os trabalhadores
e o povo vejam a sua vida mergulhada numa crise diária", afirmou.
Segundo o secretário-geral
comunista, "não vale a pena apressarem-se, outros, a sentenciar que o PCP não
conta, que estaria de fora das soluções de que o país precisa", pois
"se há prova que o PCP já fez é que conta, conta muito e
decisivamente, como nenhum outro, para assegurar avanços no interesse das
classes e camadas populares".
"As políticas que se avançam
ou estão em curso não dão resposta aos problemas do presente, nem aos problemas
do futuro do país. Vimos isso no chamado Programa de Estabilização Económica e
Social e na proposta do Governo de Orçamento Suplementar que o suportava, onde
se revelou, sobretudo, por uma clara opção pelo favorecimento dos
interesses do capital para quem se canalizam milhões e milhões de euros",
continuou.
O líder comunista referiu que "não
há solução para os problemas nacionais nem resposta aos interesses dos
trabalhadores e do povo com as opções do Governo PS", tal como acontece
como os "projetos reacionários" do PSD, CDS,
Iniciativa Liberal e Chega.
Perante as dificuldades que o
país enfrenta, Jerónimo de Sousa prometeu que o partido "não faltará,
como nunca faltou, a nenhuma solução que dê resposta aos problemas, não
desperdiçará nenhuma oportunidade para garantir direitos e melhores condições
de vida".
Segundo o representante, é no
concreto e não em meras palavras de intenções que tem de assentar a avaliação
do que precisa ser feito", prometeu.
Melissa Lopes | Notícias ao
Minuto | Imagem:
© Global Imagens
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