quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Portugal do abanão, da obrigação da aplicação, da abananação...

Portugal covidado

Pelo que vem de trás e pelo que sabemos sobre a dita segunda vaga (covid-19) não é nada disso, é muito pior. É um vagão de peste pandémica que leva os governos a serem baratas tontas por tudo e por nada. As declarações e os temos puxados à liça nas últimas 24 horas pelo primeiro do governo, António Costa, assim demonstram. “Abanão” foi termo usado por Costa. Mas quem vai abanar o quê? Já fomos derrubados, estamos a morder o pó da estrada terrena onde nos vêm estatelando no chão desde há anos e anos. Falta saber se Costa se referia a “abanão” à bruta ou com intenção de adormecer os portugueses. Por favor, senhor Costa do Burro e do Ferrari, chega de abanões. Basta, porra!

Em segundo ato, não queremos ser longos, anda por aí uma coisa que nos anda a atormentar. E muito. Querem obrigar os portugueses a aderir a uma aplicação nos telemóveis… Querem? A intenção é que seja OBRIGATÓRIO? Mas de quem são os telemóveis? São dos portugueses ou do governo? E quem não usa telemóvel? Vai ser obrigado a ter (comprar um telemóvel) para instalar a aplicação sobre covid-19 porque sim, porque o governo quer? Estranho. O Salazar obrigava-nos a andar de gravata mas não as oferecia, tínhamos de comprar… Mas Salazar era um ditador, um fascista, um nazi, um merdoso que nos manteve quase 50 anos sem podermos dar um passo em frente no progresso, no rumo à democracia… E afinal Costa e seu governo é o quê? Tem comparação? Sim e não. Sim na tal obrigatoriedade de usar o que “eles” querem no telemóvel que nos pertence. Não (diferente) no objeto de obrigatoriedade usar (dependendo dos empregos), uma gravata. Mas uma gravata era e é muito mais barato que um telemóvel. Antes havia portugueses com muita fome, na miséria, podiam não comprar a tal gravata e sempre havia empregos mais toscos, mais sujos, mais para os plebeus mesmo, mesmo, na miséria. Eram livres de não usar gravata… A maioria.

Com o telemóvel é que já não será bem assim. Se usamos o nosso telemóvel somos obrigados a instalar a tal app/aplicação ditada pelo governo ou mesmo até pelos deputados – porque a “coisa” vai até aos legisladores (que sobre a corrupção andam por lá a dar-lhe carinhos e deixa andar), que é como quem diz, aos deputados… Será lei? Ah, pois, a democracia já se feneceu, ‘muribundou-se’, ‘muribundaram-na’… Pois.

Senhores políticos e nossos donos, a par dos esclavagistas do empresariado, banqueiros e restantes corjas e súcias de malfeitores, deixem o povinho em paz e não encham a boca com a vossa pseudo-democracia, não conspurquem mais a palavra democracia com que enchem a boca sempre que querem pôr em prática vis enganos e falsas promessas. Certo é que continuam a manter e a ampliar os vossos ‘el dourados’ e a abrir mãos do que pertence a todos para somente uns quantos.

Conversa estragada com realidades em que nem preferindo usar a ironia evitamos ficar muito apreensivos e aborrecidos com o panorama vigente que tem vindo a inquinar os ideias e as esperanças de Abril – liberdade e democracia. Justiça social de facto, precisa-se.

Por via do constante atrás e de mais o que falta, mas sabemos, o que está a ocorrer não é um abanão mas sim uma gigantesca e duradoura abananação. Somatório de andarmos tão abananados e potencial povo covidado. Um imenso Portugal covidado onde estão há muito a matar a democracia, a liberdade. E isto num governo Costa, afinal um xuxalista. Aplicação obrigatória? Polícia entrar nas nossas casas sem mandado? Regresso aos tempos da PIDE?

Bom dia, se a crescente miséria e os abusos de poder deixarem.

Siga para o Curto, do tio Balsemão. Pois.

MM | PG


Bom dia, este é o seu Expresso Curto

E é esta a situação

Cristina Figueiredo | Expresso

Estamos, desde a meia-noite, de novo em situação de calamidade. O tal "passo atrás", que António Costa tinha um dia afirmado que daria se fosse preciso, foi mesmo preciso: "Senti que era preciso haver um abanão", explicou ao Público, numa entrevista em que também diz não poder "jurar a pés juntos que não serão dados passos dramáticos". Tínhamos passado do estado de emergência para a situação de calamidade a 30 de abril e saímos desta a 1 de julho (para a generalidade do país; só a 31 de julho para 19 freguesias da grande Lisboa). Agora voltámos. Por isto: ontem os números de novos infetados chegaram aos 2072, onde nunca tinham chegado, nem mesmo no pior dos dias do período de confinamento.

Uma "evolução grave", qualifica o primeiro-ministro, em linha com o que está a acontecer um pouco por toda a Europa, a justificar o (re)apertar das regras. Mas, por enquanto, está tudo controlado (estará mesmo?), assegura o chefe de Governo: "Só haverá situação de descontrolo quando não houver capacidade de resposta". Com um "se" decisivo, sublinha a ministra da Saúde: "Depende de todos estarmos à altura". Marta Temido, aliás, vai já avisando: podemos chegar aos 3000 casos diários dentro de apenas alguns dias.

Marcelo Rebelo de Sousa veio conferir selo presidencial à necessidade do cumprimento coletivo das regras sanitárias: "Se houver uma parte que não [o] queira fazer vai ser mais difícil e vai demorar mais tempo a fazer e será um todo que sofrerá”. O apelo é dirigido à generalidade dos portugueses mas comporta evidente pressão sobre todos, e já são muitos e dos mais variados setores, os que criticam a intenção do Governo de decretar a obrigatoriedade do uso de máscaras ao ar livre e da utilização da aplicação Stayaway Covid.

Obrigar os cidadãos a instalarem a app é "uma medida antidemocrática", levanta "dúvidas de constitucionalidade", não tem "fundamento legal", suscita "graves questões de privacidade", além de ser "dificilmente exequível", argumentam patrões, sindicatos, escolas, Forças Armadas e até a Comissão Nacional de Proteção de Dados. No Parlamento, uma "coligação improvável", junta BE a CDS e Iniciativa Liberal nas reservas ao uso obrigatório de máscaras ao ar livre (ainda que apenas em situações em que não possa ser cumprido o distanciamento). A medida, dizem os constitucionalistas, tem mesmo de ser aprovada pela Assembleia da República (e por isso o Governo se apressou a lá fazer chegar uma proposta de lei, que prevê multas que podem ir até aos 500€ para os infratores). A ausência de declarações públicas do PSD faz antever o apoio de Rui Rio - de resto em coerência com todo o seu percurso desde março. Mas será que é mesmo este o caminho por que queremos seguir?

OUTRAS NOTÍCIAS, CÁ DENTRO...

O Orçamento do Estado para 2021 começa hoje a ser dissecado na Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças. Prosseguem as negociações entre o Governo e os partidos à esquerda, e em particular o braço-de-ferro com o BE, com o PS a puxar pelo argumento do "patriotismo" - que é aquele argumento derradeiro a que se recorre quando já não restam outros. Catarina Martins vai dar uma conferência de imprensa às 10h30. O Governo há-de marcar outra logo a seguir, vai uma aposta?

Quase 10 mil estudantes foram colocados na 2ª fase do concurso de Acesso ao Ensino Superior, cujos resultados se conhecem desde a meia-noite. Tal como na 1ª fase, as médias de entrada nos cursos mais disputados atingem níveis estratosféricos: em Bioengenharia, na Universidade do Porto, a nota do último a ingressar nas duas vagas desta fase foi 19,58 valores; e em Medicina, na Universidade Nova de Lisboa, a nota mínima foi 19,42.

Continua, no Campus da Justiça, em Lisboa, o julgamento do hacker Rui Pinto, acusado de 90 crimes no caso Football Leaks. Hoje é a vez do antigo presidente do Sporting Bruno de Carvalho ser ouvido na qualidade de testemunha arrolado pela defesa.

Uma efeméride que não queríamos lembrar, mas que não podemos esquecer: faz hoje 3 anos sobre os maiores fogos de sempre em Portugal (na zona centro). Provocaram a morte a 50 pessoas, fizeram 70 feridos e destruíram milhar e meio de casas e mais de 500 empresas. E, três anos depois, ainda há vidas por reconstruir.

Portugal venceu a Suécia por 3-0, em jogo para a Liga das Nações. Mesmo sem Cristiano Ronaldo (já em casa, em Itália, após ter testado positivo para a Covid 19), o onze comandado por Fernando Santos não deu hipótese à seleção de Janne Andersson, que assim somou a quarta derrota consecutiva. "Sem Ronaldo, houve Jotaldo", escreve a Mariana Cabral, num trocadilho com o nome de Diogo Jota, que veio precisamente ocupar o lugar deixado vago pelo capitão e marcou dois dos três golos. "Ai o outro tem covid? Então calma que o Diogo Jota está cá. Corre, finta, passa, marca. Que máquina", analisa por sua vez o Diogo Faro. Há um ano, lembra a Tribuna Expresso, que a seleção nacional não perde um jogo.

...E LÁ FORA

Em França, onde a pandemia já matou 32 mil pessoas, voltou a ser decretado o estado de emergência em 9 cidades, incluindo Paris. Significa, entre outras medidas, recolhimento obrigatório entre as 21h e as 06h. Na Catalunha, o Governo autonómico decidiu fechar bares e restaurantes durante 15 dias para conter a escalada de contágios, sob veementes protestos do setor. O ministro espanhol da Saúde, Salvador Illa, está esta manhã no Congresso de Deputados a explicar que é preciso controlar a mobilidade dos cidadãos para conter a propagação do vírus.

Hoje seria o dia do segundo debate Trump/Biden, mas depois da recusa do atual Presidente em discutir virtualmente com o seu adversário (a alternativa encontrada para evitar um frente a frente presencial numa altura em que subsistem dúvidas sobre a saúde de Trump, que na semana passada esteve internado com Covid 19), o confronto passou a debates separados entre os candidatos e os seus potenciais eleitores. A partir das 20h (hora local), Joe Biden é questionado por eleitores do estado de Filadélfia, numa emissão a cargo da ABC. À mesma hora, a NBC transmite a conversa de Donald Trump com eleitores da Florida. E na plataforma de streaming HBO Max (por enquanto não disponível por cá) estreia um episódio especial de "West Wing" (que nós conhecemos como "Os homens do Presidente"): as estrelas do elenco comandado por Martin Sheen na pele do Presidente Bartlet voltam a reunir-se, 14 anos depois do último episódio da série ter ido para o ar, com o objetivo de convencerem eventuais abstencionistas da importância de votarem nas presidenciais de 3 de novembro.

Em Bruxelas, é o primeiro de dois dias de Conselho Europeu, com dois temas quentes em cima da mesa: as relações da UE com o Reino Unido, depois de ontem à noite Boris Johnson ter reunido com Charles Michel e com Ursula Von Der Leyen e de tudo continuar num impasse; e as metas climáticas para 2030 (a Comissão quer que os estados-membros acordem uma redução das emissões de CO2 de pelo menos 55%; o Parlamento é mais ambicioso e fala em 60%).

No Giro corre-se a 12ª etapa e o português João Almeida, que lidera a geral, afirma esperar um "dia muito duro" . Almeida leva 34 segundos de vantagem sobre o segundo classificado, o holandês Wilco Kelderman, e 43 sobre o terceiro, mas ainda faltam 10 etapas para o final. A etapa de hoje começa e termina em Cesenatico, tem 204 quilómetros e cinco contagens de montanha.

FRASES

"Só haverá situação de descontrolo quando não houver capacidade de resposta. Até agora temos tido capacidade de resposta. Tivemos na primeira fase, temos agora e agora temos uma capacidade acrescida para poder responder", António Costa, primeiro-ministro, sobre os números de infetados pela Covid

"Todos aqueles que têm a aspiração de fazer as suas vidas, regressarem à normalidade, é importante terem presente que a doença não desapareceu e que só juntos poderemos enfrentar esta nova fase de crescimento e dar resposta a esta prova muito dura. Depende de todos estarmos à altura", Marta Temido, ministra da Saúde

"É fazer o que é preciso fazer de uma maneira que não crie riscos desnecessários. É o grande desafio do momento", Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República

“As divergências [com o Governo] não são de pormenor, são nas questões fundamentais”, Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do BE, sobre as reticências do seu partido ao Orçamento do Estado

"Estar contra este Orçamento é estar contra o país", João Paulo Correia, deputado do PS, em resposta ao BE

"Já vimos zangas de namorados e fins de casamentos católicos com menos violência do que aquela que os senhores nos estão a proporcionar", Duarte Pacheco, deputado do PSD, sobre os desentendimentos entre BE e PS

"Já vai na negociação do 6º orçamento do Estado e agora de repente percebeu que o PS às vezes não cumpre o que está no Orçamento?!", Cecília Meireles, deputada do CDS, para o BE

O QUE ANDO A LER...

Depois de ter descoberto Os Durrell (de que falei no último Curto), tive de ir atrás de A Trilogia de Corfu, os três livros autobiográficos de Gerard Durrell (irmão de Lawrence) que inspiraram os argumentistas da magnífica série da BBC. Não os encontrei em português (boa oportunidade para uma reedição, caros editores/livreiros?), sendo a versão original um bom teste não só aos conhecimentos de inglês como à paciência do leitor, tão abundante (e em grande medida desconhecido, para mim pelo menos) o vocabulário que descreve a fauna e a flora da ilha grega onde Gerry viveu entre os 10 e os 14 anos e cimentou o amor pela natureza que faria dele um dos mais importantes naturalistas do século XX. Ainda só vou em meados do primeiro ("My family and other animals", publicado em 1956, tinha o autor apenas 21 anos) e o que posso dizer para quem viu a série é que esta é muito fiel ao livro: uma e outro são horas garantidas de boa disposição e leveza de espírito. E há momentos em que é exatamente disso que precisamos.

...E A VER

"15-25". As minhas filhas pertencem ambas a esta geração a que Conceição Lino em feliz hora decidiu dar voz numa série de reportagens que vão para o ar todas as terças-feiras no Jornal da Noite da SIC (já foram emitidas quatro, que pode ver/rever aqui). Serei suspeita, mas acreditem: se há trabalhos que dão sentido à palavra jornalismo este é sem dúvida um deles.

Por falar em jornalismo, estreou na semana passada e está em cena no Teatro Nacional D.Maria II até dia 15 de novembro, a peça “Última Hora”, texto de Rui Cardoso Martins, encenação de Gonçalo Amorim, com João Grosso, Maria Rueff e Miguel Guilherme, entre outros. É uma comédia sobre um tema sério e, infelizmente, bastante atual: um jornal, o Última Hora, vê-se confrontado com a notícia que não queria dar, a do seu fecho. O tema interessa-me em particular, mas arrisco-me a dizer que nos deve importar a todos os que vivemos estes tempos em que nunca houve tanta informação a circular e, paradoxalmente, nunca o jornalismo fez tanta falta. Numa das “páginas preferidas” de Tiago Rodrigues, o diretor do Teatro Nacional, ele próprio filho de jornalista e sábio utilizador do poder da palavra, há esta fala: “Olhem, se não apreciam o papel, limpem o cu ao touchscreen, que é suave ao toque. Mas eu, ouça bem, eu meti-me nesta vida desgraçada, nesta fábrica de divórcios, nesta máquina de trinchar filhos às postas, neste hospital de malucos, neste alambique de bagaço, neste tanque de nicotina e alcatrão, neste camião-cisterna de tinta tóxica em defesa de um bem maior: a Liberdade! E a Democracia! E por elas, com o poder da Palavra e a força da Verdade, tentar responder todos os dias aos meus leitores com os cinco quês do jornalismo: quem, quando, onde, porquê, como. Para isso me meti nisso”. Pode ser um cliché, mas é um cliché em que não há jornalista que não se reveja. É um grito de revolta contra ventos de mudança que serão imparáveis, mas resume o eterno (porventura ingénuo) ideal de uma profissão que continua a ser uma das mais bonitas que se pode ter.

E o Curto fica por aqui, não sem uma nota final sobre outro tema sério: hoje é Dia da Saúde da Mama e a efeméride (na verdade, todo o mês de outubro) é pretexto para sensibilizar para o cancro de mama, que não é o mais letal, mas é o mais comum na mulher e o segundo mais frequente em todo o mundo. Só em Portugal surgem 11 novos casos por dia e morrem anualmente cerca de 1400 mulheres com esta doença. A prevenção e a deteção precoce são, por isso, fundamentais. Não facilite, cuide-se.

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