terça-feira, 3 de novembro de 2020

Despedimentos coletivos sobem para o pior registo desde 2014 - com gráfico

Portugal

Trabalhadores afastados rondaram os mil no primeiro trimestre. Com a pandemia, esse número duplicou no segundo e no terceiro trimestres.

O número de trabalhadores despedidos em processos de despedimento coletivo entre janeiro e setembro deste ano já vai em quase 5400 casos, naquele que é já o pior registo desde 2014, o último ano da troika em Portugal.

De acordo com dados da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), que pertence à esfera do Ministério do Trabalho, nestes nove meses de 2020 - até ao final do terceiro trimestre, ainda dentro dos meses de proibição de despedimento para quem recorreu ao lay-off simplificado -, as empresas já levaram à saída de mais 50% de trabalhadores do que em todo o ano de 2019. Alguns casos de despedimento ainda são relativos a processos iniciados no ano passado, explica a DGERT.

No entanto, o alastramento dos despedimentos coletivos é uma realidade galopante, na sequência da grave crise económica que se abateu sobre Portugal (a esmagadora maioria dos países em todo o mundo) por causa da pandemia e das medidas de resposta, que passam por limitar fortemente muitas atividades económicas e a circulação de pessoas (confinamento).

Os despedimentos bem como o desemprego são fenómenos que se manifestam com algum atraso dada a evolução da conjuntura.

Num primeiro momento, as empresas pararam (no setor do turismo assistiu-se mesmo a uma interrupção da atividade durante os meses de abril e maio, como refere o INE), mas ainda tentaram manter-se à tona. Muitas recorreram ao lay-off simplificado, mecanismo em que o Estado subsidiou uma parte grande dos salários, obrigando as empresas que aderiram ao apoio a manter os postos de trabalho - ficando a maioria das que aderiram impedidas de despedir até ao fim de setembro.

No entanto, muitas empresas preferiram não prolongar o status de apoio público (o sucessor do lay-off) para poderem começar a fazer reestruturações profundas e reduções severas nos quadros de pessoal. É o que começa a acontecer agora - e um dos indicadores mais claros de que isso está em marcha são os despedimentos coletivos.

De acordo com um levantamento feito pelo DN/Dinheiro Vivo, a situação é cada vez mais grave. O número de trabalhadores que já foram afastados das empresas em Portugal continental através despedimento coletivo ascende a 5382 casos, mais 49% do que em todo o ano de 2019.

As intenções de despedir também subiram nessa proporção. Segundo a direção-geral tutelada pela ministra Ana Mendes Godinho estão no rol de pessoas "a despedir" 5850 (janeiro a setembro), mais 49% do que no ano passado inteiro.

Luís Reis Ribeiro | Diário de Notícias

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