segunda-feira, 22 de junho de 2020

O Pentágono contra o Presidente Trump


Há mais de dois meses abordáramos a possível declaração de lei marcial para lutar contra a epidemia de Covid-19 [1]. A União Europeia havia então denunciado o nosso artigo como sendo propaganda pró-Russa [2]. Mas os oficiais mais graduados acabam de sair da reserva.

O Secretário da Defesa, Mark Esper, distanciou-se do Presidente Trump. Ele tomou posição publicamente contra a mobilização dos militares para restabelecer a ordem, actualmente gravemente alterada por manifestações violentas por ocasião da morte de George Floyd.

O antigo Secretário-Geral da Defesa, Jim Mattis, deu, na semana passada, uma entrevista à The Atlantic, acompanhado pelo Presidente do Comité de Chefes do Estado-Maior, o General Mark Milley. Se o oficial mais graduado em exercício não disse uma palavra durante a reunião, no entanto, remeteu uma coluna de opinião ao magazine opondo-se à mobilização das Forças Armadas para fins de manutenção da ordem pública. E, o seu antigo chefe denunciou explicitamente a política divisionista do Presidente Donald Trump.

O antigo Director da CIA, o General David Petraeus, remeteu igualmente uma coluna de opinião à The Atlantic para solicitar que se renomeie uma dezena de bases militares, actualmente designadas com nomes de generais confederados.

Os EUA e a UE provocam crise alimentar na Síria


Tendo a coligação Internacional perdido toda a esperança de destruir a República Árabe Síria pela força, tentam agora os EUA e a União Europeia conseguir isso através da fome.

O cerco do país começou. As sanções económicas foram muito duramente reforçadas e se iniciarão já no meio de Junho. Qualquer pessoa ou entidade que negocie com a Síria será severamente condenada pelos EUA e pela União Europeia (Lei César).

Estas «sanções» são ilegais à vista do Direito Internacional. Aquelas que impedem o fornecimento de equipamentos médicos são crimes sob as Convenções de Genebra.

Os jiadistas no Norte e as tropas dos EUA no Sul começaram a incendiar os campos de maneira coordenada. A Síria apresentou queixa perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Em alguns dias, os produtos alimentares importados tornaram-se impossíveis de encontrar e o preço dos produtos locais subiu em flecha. A libra síria entrou em colapso no mercado de câmbio. Hoje, ela é negociada no mercado negro a um quarto de seu valor oficial.

A Presidência da República preparou um plano para a autossuficiência alimentar, cuja aplicação prática exigirá vários anos. A Rússia salvará a população no curto prazo, mas o tempo é essencial para evitar a fome no médio prazo.

Começaram manifestações em 9 de Junho para exigir comida. Em algumas cidades, as pessoas vão procurar alimentos nas lixeiras. A Síria jamais conheceu problemas alimentares durante a guerra, salvo nas áreas ocupadas pelos jiadistas. Esses chantageavam a população para lhe dar acesso à alimentação.

O Presidente al-Assad demitiu o Presidente do Conselho de Ministros, Imad Khamis, em 11 de Junho de 2020. A Síria é um regime presidencialista como os EUA. Ela, não tem, portanto, primeiro-ministro, ao contrário do que a imprensa ocidental narra.

Voltairenet.org | Tradução Alva

Portugal | A ESCOLA FICOU NUMA REDOMA


A todos os que acreditam no discurso fofinho que diz que a experiência de manter os filhos em casa durante quatro meses com aulas através de um computador portátil tem sido enriquecedora, porque confrontou os pais e os docentes com novas exigências, tenho a comunicar o seguinte: acordem desse sonho pateta.

Pedro Ivo Carvalho | Jornal de Notícias | opinião

Porque aquilo que encarregados de educação, alunos e professores têm vivenciado desde que a pandemia os afastou do ensino presencial assemelha-se mais a um inferno laranja do que a um céu azul-celeste. Não quero ser tremendista, mas nunca como agora reconhecemos tanta importância aos educadores dos nossos filhos e ao contributo da escola para garantir o equilíbrio emocional dos estudantes e a harmonia das famílias. Bem hajam.

Mas o quadro que se nos apresenta é assustador: termos crianças arredadas, de março a setembro, das rotinas escolares, da aprendizagem, do convívio com colegas e professores, pode ter um efeito devastador sobretudo junto dos mais frágeis, que não beneficiam do fácil acesso às tecnologias, que estão privados de uma boa retaguarda familiar e cujo modesto poder aquisitivo dos pais não lhes permite estar em casa indefinidamente em teletrabalho a ligar e a desligar o "Teams". A isto, acresce o facto de, com o desconfinamento e a reabertura económica, tudo ter avançado menos a escola. Em certo sentido, os alunos ficaram esquecidos numa redoma.

O Ministério da Educação confirmou finalmente que, em setembro, todas as aulas serão presenciais (veremos), mas há ainda um mundo de incertezas até ao fim do verão. O enorme intervalo de tempo sem aulas justificaria que se implementassem medidas mitigadoras, como defende, por exemplo, a Unicef. Uma delas poderia passar por um regresso antecipado, de uma ou duas semanas, que ajudasse não apenas a sarar as feridas do agora, mas fundamentalmente que lançasse bases para o próximo ano letivo, não castigando ainda mais aquilo que se antevê vá ser um arranque de loucos. Sem aulas, sem professores e sem ajuda, houve muitos alunos que ficaram para trás. Nisso, a escola não cumpriu a sua vocação primordial: em vez de criar pontes educativas, ergueu muros de silêncio.

*Subdiretor

Portugal | Balanço é negativo para quem vive do seu trabalho


A CGTP-IN fez um balanço negativo dos efeitos da pandemia para os trabalhadores, uma vez que cerca de 100 mil trabalhadores ficaram desempregados e mais de um milhão perderam rendimentos.

«Fizemos uma análise dos três meses do surto epidémico e das medidas tomadas pelo Governo e concluímos que o balanço é muito negativo para os trabalhadores, pois mais de um milhão tiveram cortes no rendimento e cerca de 100 mil perderam o emprego, muitos sem terem sequer direito a subsídio de desemprego», disse a secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, em conferência de imprensa na passada sexta-feira.

Os dados divulgados pela sindicalista constam de um documento elaborado com base em estatísticas do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, relativas ao período entre 2 de Março e 2 de Junho.

Para a Intersindical, «o impacto da crise no emprego é multifacetado», pois abrange os trabalhadores que perderam os empregos mas também os que se mantêm a trabalhar, mas têm os contratos de trabalho suspensos ou a duração do trabalho reduzida (lay-off), que são mais de 800 mil.

A central sindical lembra ainda os que se encontram em teletrabalho –muitos tendo a cargo filhos menores de 12 anos cujas escolas foram encerradas–, os trabalhadores independentes com redução total ou parcial da sua actividade económica, e os trabalhadores com salários em atraso.

No documento, a CGTP-IN salienta o «forte aumento» de desempregados inscritos nos centros de emprego desde o início do surto epidémico e referiu os 134 mil novos pedidos de prestações de desemprego.

«As medidas que o Governo tem tomado, quer no Programa de Estabilização Económica, quer no Orçamento Suplementar, são insuficientes e desequilibradas pois não resolvem o problema dos despedimentos nem dos cortes salariais», considerou Isabel Camarinha.

AbrilAbril | Imagem: Tiago Petinga / Lusa

Portugal é o país da UE com maior almofada financeira


De todos os países da União Europeia, Portugal é o que tem uma maior percentagem de dívida em dinheiro e depósitos. O Eurostat mostrou também que, até ao final de 2019, o país era o terceiro com maior percentagem de dívida nas mãos das famílias.

Portugal tem 12,7% da sua dívida total guardada em depósitos e dinheiro, o que significa que é o país da União Europeia (UE) com uma "almofada" financeira maior, segundo os dados divulgados nesta segunda-feira, dia 22 de junho, pelo Eurostat, relativos ao final do ano passado. 

De acordo com o instituto de estatística da UE, Portugal surge na "pole position" enquanto país que tem a maior cobertura da sua dívida em dinheiro e depósitos, uma tendência vincada após a crise de dívida soberana de 2012 e o consequente pedido de assistência financeira internacional, nessa mesma altura. Esta percentagem chegou a tocar nos 20%. Em caso de turbulência ou crise financeira, quanto maior for a "almofada" financeira, mais tempo pode o país estar sem recorrer ao financiamento de dívida nos mercados. 

Europa cria aliança para investigar covid-19


Numa sala de espera, perto de Lyon, França, Elliot aguarda pela vez de ser atendido pelo médico. Tem tosse e febre, dois dos sintomas da covid-19, a pandemia que assolou o mundo e à qual a Europa quer dar uma resposta coordenada.

O "I-Move-Covid-19" é apoiado por fundos da União Europeia relacionados com pesquisa e inovação, em sinergia com a política comunitária de coesão, e pretende estudar casos e o funcionamento da futura vacina e de outros antídotos contra o vírus. O objetivo é obter o máximo de informação, seguindo a mesma metodologia entre todos os parceiros e países participantes. E tudo tem início no hospital de cuidados primários francês, onde é diagnosticada a covid-19.

“Estamos na fase de desconfinamento e o que fazemos agora é tentar identificar o mais rapidamente possível novos casos e isolá-los, para evitar uma nova contaminação e um efeito de ricochete. O que procuramos com esta vacina é o fim deste surto. Assim que tivermos a vacina, será muito mais fácil", afirma Laurent Combes, médico de clínica geral no hospital.

OMS: Casos de Covid-19 atingem novo recorde diário


A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou domingo um novo recorde do aumento diário de novos casos de coronavírus. A Guiné-Bissau mantém-se como o PALOP mais afetado pela pandemia. Moçambique regista quinta morte.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, esta segunda-feira (22.06), que o aumento diário de novos casos de coronavírus bateu, no domingo (21.06), um novo recorde. Segundo a organização, foram registados em todo o mundo mais 183 mil casos de infeção.

O maior aumento de casos aconteceu no Brasil, com mais 54 mil novas infeções, seguido dos EUA, que reportaram 36 mil novos casos, e da índia, que registou cerca de 15 mil.

Especialistas dizem que este aumento pode dever-se não só ao aumento do número de infeções, mas também a um aumento mais generalizado da testagem para a Covid-19.

O número de mortos em África devido à Covid-19 chegou aos 8.115, mais 190 nas últimas 24 horas, e há um total de 306.567 infetados, segundo os dados mais recentes sobre a pandemia no continente. 

Quinto óbito em Moçambique

Também os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) contribuíram para este aumento de casos. Moçambique, por exemplo, registou, este domingo (21.06), a quinta morte e 45 novos casos de Covid-19, elevando o total de 688 para 733. Destes, 70 são casos importados.

A vítima de 38 anos, que "possuía outras patologias", estava internada no Centro de Isolamento da Polana Caniço, na cidade de Maputo, e morreu no dia 18 de junho, disse no domingo Armindo Tiago, ministro da Saúde de Moçambique.

Os 45 novos doentes, dos quais três são menores de 14 anos, foram registados nas províncias de Maputo (08), Nampula (06), Zambézia (01), Cabo Delgado (22), Gaza (01) e cidade de Maputo (07).

"Eles encontram-se em isolamento domiciliar e decorre neste momento o mapeamento da rede de contacto destas pessoas", acrescentou Armindo Tiago.

Também este domingo (21.06), o ministro declarou a cidade de Pemba, na província de Cabo Delgado, como o segundo ponto com "transmissão comunitária" do vírus no país. O primeiro foi a cidade de Nampula. Segundo explicou o ministro, foi registada na cidade de Pemba "uma elevada percentagem de amostras positivas, que atualmente corresponde a quase o dobro da média nacional."  

O Ministério da Saúde indicou ainda que 181 pessoas estão recuperadas, havendo ainda nove pessoas internadas. A maioria dos casos ativos no país está concentrada nas províncias de Nampula (2018), Cabo Delgado (125) e cidade de Maputo (75).

Angola com novo caso importado

A tendência de aumento de casos regista-se também em Angola e Cabo Verde. Em Angola, o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, anunciou ontem (21.06) sete novos casos de Covid-19, o que faz elevar o total para 183 infeções.

No habitual balanço epidemiológico, Mufinda adiantou que dois destes casos são de transmissão local e um é importado. Trata-se de um cidadão norte-americano que chegou ao país no dia 11 de junho e esteve em quarentena, estando a ser estudado o vínculo de transmissão dos restantes.

No total, Angola regista 97 casos ativos, 77 recuperados e nove óbitos.

Cabo Verde com 27 novos positivos

Já Cabo Verde registou, este domingo (21.06), mais 27 casos positivos, 25 dos quais na ilha do Sal, elevando o total acumulado para 890. As ilhas de Santiago mantêm-se como as mais afetadas, com 719 casos. No total, os restantes positivos estão no Sal (98), Boa Vista (57), São Vicente (10), Santo Antão (04) e São Nicolau (02).

Cabo Verde regista ainda oito mortes, enquanto dois doentes foram transferidos para os seus países e 388 foram dados como recuperados pelas autoridades sanitárias.

O país conta neste momento com 493 doentes ativos, que, segundo o Ministério da Saúde, continuam em isolamento institucional mantendo-se estáveis. À exceção de dois que estão em estado grave.

Guiné-Bissau ultrapassa 1500 casos

Guiné-Bissau é o PALOP com mais casos do novo coronavírus. Conta já com 1.541 casos e 17 mortos, dois dos quais confirmados esta semana, segundo o coordenador do Centro de Operações de Emergência de Saúde (COES) Dionísio Cumba, no anúncio de sexta-feira (19.06). O número de recuperados mantém-se nos 153.

O coordenador do COES disse que há 44 pessoas internadas em três hospitais do país: 31 no hospital de Cumura, seis no Hospital Nacional Simão Mendes e sete, que estão a oxigénio, no hospital de Bor.

Por regiões, Dionísio Cumba disse que o Setor Autónomo de Bissau é o que regista o maior número de infeções por Covid-19 com 1.451 casos, seguido da região de Biombo, com 53, Cacheu, com 26, Bafatá, sete, Gabu, dois, e Oio, dois.

São Tomé e Príncipe regista 693 casos e 12 mortos. O número de pessoas recuperadas aumentou para 199, enquanto dois dos 12 pacientes internados no hospital de campanha tiveram alta, informou a porta-voz do Ministério da Saúde, Isabel dos Santos na sexta-feira (19.06).

Alemanha sobe taxa de infeção

Também na Alemanha, e devido a uma série de novos surtos locais, o ministro da Saúde Jens Spahn, pediu este domingo (21.06) ao Parlamento que reavalie as medidas de contenção da doença em curso no país. A Alemanha registou, este domingo, mais 537 casos positivos e 3 mortes, de acordo com o Instituto Robert Koch, a agência de controlo de doenças do país.

Os novos números elevam o número total de infeções para mais de 190.000, com quase 9.000 vítimas mortais. Embora os números sejam considerados relativamente baixos, a Alemanha registou um pico na taxa de reprodução durante o fim-de-semana, uma vez que foram registados novos focos em todo o país. Vários blocos de habitação estão atualmente sob quarentena rigorosa.

A nível mundial, já foram confirmadas quase 9 milhões de infeções do novo coronavírus e já morreram mais de 467.000 pessoas.

Deutsche Welle | Lusa

SIRP, NATO, HEGEMONIA UNIPOLAR, O IMPÉRIO E... ANGOLA!


DIREITO DE RECIPROCIDADE!


Quando se vão abrir os arquivos do SIRP em relação a Angola e a alguns dos contenciosos que estão a ser considerados críticos sobre Angola?

Quando se vão abrir os arquivos da NATO em relação às suas operações encobertas?

Quando o Pentágono abre seus arquivos em relação a África?

Esta “reciprocidade” é tanto mais legítima quanto as insidiosas campanhas contra o estado angolano, de república em república, passa por este “eixo” de campanha, em plena campanha contra a IVª república!

O actual governo português tem responsabilidades nessas campanhas!

Constatem esta notícia "VOAdora" (deveria ter direitos de autor)! (MJ)


"É preciso abrir os arquivos da DISA", diz dirigente da Fundação 27 de Maio

Os arquivos da antiga polícia secreta angolana DISA devem ser abertos para que se possa investigar o que se passou no 27 de Maio de 1997 quando confrontos em Luanda acabaram por resultar na prisão e morte de dezenas de milhares de pessoas, disse o general Silva Mateus, da Fundação 27 de Maio.

Silva Mateus acrescentou que a sua organização considera “incontornável”, a identificação dos responsáveis pelos massacres, bem como os seus mandantes “para que sejam conhecidos por todos”.

Para esse efeito, afirmou, “é preciso que se abram os arquivos da DISA”.

As declarações do general surgem depois de membros da Comissão para Reconciliação em Memória das Vítimas de Conflitos Políticos em Angola terem admitido haver “um longo caminho a percorrer” até se obterem consensos para a conclusão do processo de perdão e reconciliação dos angolanos.

O ministro da Justiça e dos Direitos Humanos de Angola, Francisco Queiroz, reconheceu, recentemente, tratar-se de "um assunto muito sensível, que mexe com sentimentos profundos de dor e mágoas".

A representante da UNITA no Grupo Técnico e Científico da Comissão, Clarisse Kaputo, declarou à VOA que a identificação dos locais onde foram enterradas as vítimas é a base para que se possam realizar os “funerais condignos”.

“Toda a gente está interessada em ouvir desse organismo quais são os trâmites para que os lesados possam encontrar a paz de espírito mas também para, pelo menos, homenagearem os seus parentes, fazendo o seu processo de luto condigno e também um perdão condigno”, defendeu a dirigente da UNITA.

A Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos foi criada pelo Presidente João Lourenço com o objetivo de se estabelecer “as bases de consolidação da paz e da reconciliação, unir os angolanos e afastar os fantasmas que ainda ensombram o passado recente de Angola”.

A comissão elaborou um Plano de Reconciliação que prevê a construção de um memorial único para todas as vítimas dos conflitos políticos registados no país, a ser erguido em Luanda, na encosta da Boavista, município do Sambizanga.

Venâncio Rodrigues | VOA - Voz da América

Imagens: 1- General Silva Mateus: 2 - Instrumento de tortura usado pelos agentes da DISA

Angola | O investimento privado e procedimentos burocráticos


Jornal de Angola | editorial

Vivemos em tempo de pandemia, geradora de uma crise sanitária, económica e financeira, situação que entretanto deve inibir as instituições de promoção do investimento privado de continuarem a incentivar os potenciais investidores a aplicarem os seus capitais no país.

Num momento em que, em virtude da pandemia de Covid-19, há uma grande retracção do investimento privado, faz sentido que os organismos do Estado vocacionados para atrair capitais necessários para a actividade económica criem mecanismos mais expeditos para que muitas empresas possam funcionar, nomeadamente as pequenas e as médias unidades de produção.

É difícil para muitos países encontrar as soluções ideais para os problemas nestes tempos de crise sanitária e económica. O que cada país deve fazer é, em função das suas condições específicas, optar por caminhos que impeçam taxas elevadas de desemprego e a paralisação da actividade produtiva.

OS TRÊS ESPELHOS


Mauro Luis Ias[*]

#Escrito em português do Brasil

"A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais –
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse os meus ais,
Isto só e nada mais."
Edgar Allan Poe


Não se deve culpar o espelho pelas inversões que ele nos mostra. Como disse Marx, a religião e o Estado são uma consciência invertida porque são a consciência de um mundo invertido.

Por três vezes o espelho nos mostrou, mas seguimos fazendo a mesma pergunta que poetas e escritores ilustres já fizeram: quem é esse estranho que me olha desde o espelho? Não se deve culpar o espelho pelas inversões que ele nos mostra. Nos espelhos, assim como na religião e na ideologia, o reflexo só pode ser construído a partir daquilo que no real se apresenta. Como já disse Marx, a religião e o Estado são uma consciência invertida porque são a consciência de um mundo invertido.

Em 2016 o espelho mostrou, diante de um pais estarrecido, o Congresso cassando o mandato da presidente eleita em 2014 nos marcos da normalidade democrática – isto é, em uma eleição marcada pelo financiamento privado de campanha (naquele ano, ainda financiamento empresarial), com distribuição desigual de recursos e impedimentos ao acesso ao tempo de televisão, construído sobre promessas e mentiras, com o descarado uso da máquina governamental e a distribuição de cargos, favores e recursos. Vimos no espelho os deputados envoltos na bandeira nacional pronunciarem irracionalidades e preconceitos, elogiar torturadores e carrascos – tudo embrulhado grotescamente em saudações à família, à moral e aos bons costumes.

Ali estava o poder judiciário, na figura do presidente do STF (lá colocado por aqueles que seriam derrubados), garantindo que se cometeria o casuísmo e a ilegalidade na forma correta do rito legal. Ali estavam os poderosos meios de comunicação construindo narrativas sob a ditadura editorial que apenas faz aquilo que seus proprietários ordenam, filtrando a voz das ruas raivosas para que digam aquilo que a pauta determinava calmamente.

Aquilo que aparecia na imagem grotesca foi, entretanto, pacientemente construído. Foram anos de pactos e conciliações, acordos e recuos: recuos para conciliar e conciliações para recuar ainda mais. Agora as vítimas oravam no altar do Estado democrático de direito que lhes respondia, como toda divindade que sai dos seres humanos e depois volta de forma estranhada e hostil, exigindo o sacrifício de seus criadores para salvar a incorpórea criatura.

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