Numa
sala de espera, perto de Lyon, França, Elliot aguarda pela vez de ser atendido
pelo médico. Tem tosse e febre, dois dos sintomas da covid-19, a pandemia que assolou o
mundo e à qual a Europa quer dar uma resposta coordenada.
O
"I-Move-Covid-19" é apoiado por fundos da União Europeia relacionados
com pesquisa e inovação, em sinergia com a política comunitária de coesão, e
pretende estudar casos e o funcionamento da futura vacina e de outros antídotos
contra o vírus. O objetivo é obter o máximo de informação, seguindo a mesma
metodologia entre todos os parceiros e países participantes. E tudo tem início
no hospital de cuidados primários francês, onde é diagnosticada a covid-19.
“Estamos
na fase de desconfinamento e o que fazemos agora é tentar identificar o mais
rapidamente possível novos casos e isolá-los, para evitar uma nova contaminação
e um efeito de ricochete. O que procuramos com esta vacina é o fim deste surto.
Assim que tivermos a vacina, será muito mais fácil", afirma Laurent
Combes, médico de clínica geral no hospital.
O
projeto é apoiado pela Política de Coesão Europeia em mais de 2 milhões e 800
mil euros e envolve 22 parceiros, na sua maioria instituições públicas, da
Albânia, da Bélgica, da Irlanda, da Lituânia, dos Países Baixos, de Portugal,
de Inglaterra, da Escócia, da Roménia, da Suécia, de França e de Espanha.
É
a partir de Espanha que as análises virológicas de todos estes países são coordenadas,
mais concretamente no Instituto Carlos III, em Madrid. Uma das
vantagens do "I-Move-Covid 19" é o facto de o projeto ser
desenvolvido por uma equipa que realizou uma tarefa semelhante com a gripe.
Os
virologistas são responsáveis pela sequenciação do genoma dos coronavírus
recolhidos. Até agora, foram descobertos três tipos do novo coronavírus, com
variações muito pequenas.
Francisco
Pozo é virologista no instituto e garante que os desafios apresentados pelo
novo vírus não lhe tiraram o otimismo.
"A
muito curto prazo vamos saber se existem novos subgrupos do vírus, como se
propagam nos países em que estamos a participar no "I-move" e depois
estar preparados para quando a vacina chegar e os antivirais vierem, para ver
se cada um destes grupos responde igualmente às vacinas e aos antivirais”.
Ao
mesmo tempo, o projeto está a realizar um estudo para identificar que fatores
contribuem para a infeção do pessoal hospitalar ou que uma pessoa desenvolva
formas mais graves da doença. A informação é partilhada com outros países, a
fim de encontrar uma solução para a pandemia o mais rapidamente possível.
Para
a coordenadora do projeto, Marta Valenciano, na melhor das hipóteses, a vacina
só vai estar pronta em maio do próximo ano.
"A
indústria farmacêutica não participa na avaliação da vacina. Somos uma equipa
multidisciplinar. Temos: virologistas, epidemiologistas, bioestaticistas
clínicos, por isso é um trabalho multidisciplinar e plurinacional que esperamos
que dê resultados importantes a nível europeu".
A
ciência é agora o instrumento fundamental até ao momento em que vai ser
possível derrotar o vírus simplesmente indo ao médico ou atravessando a porta
de uma farmácia.
Aurora Velez |
Euronews
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