quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Influência de Kissinger no golpe militar apoiado pelos EUA

#Publicado em português do Brasil

Objetivo: Derrubar o socialismo no Chile

Ramona Wadi

Novos detalhes estão surgindo sobre o envolvimento da Agência Central de Inteligência (CIA) no Chile contra Salvador Allende. “Temos que fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para ferir [Allende] e derrubá-lo”, declarou o secretário de Defesa dos EUA, Melvin Laird , em uma reunião para um seleto grupo de autoridades após a vitória socialista no Chile.

Desde o dia da posse de Allende como presidente, o presidente dos Estados Unidos Richard Nixon e seu Conselheiro de Segurança Nacional, Henry Kissinger, tramaram com a CIA para derrubar Allende, que foi visto como uma ameaça eleita democraticamente e uma possível influência na região e na Europa.

Dois cenários principais foram traçados por Kissinger - estabelecer um “modus vivendi” com o governo de Allende, enquanto apoiava os partidos da oposição até a próxima eleição para influenciar a mudança eleitoral, ou um golpe militar, que era a tática preferida da CIA. Para os Estados Unidos, que usaram a propaganda democrática para justificar sua intervenção na América Latina e em todo o mundo, não havia nada de errado em destruir a longa tradição democrática do Chile ao apoiar um golpe militar, ostensivamente em nome da democracia.

Um documento divulgado detalhando um memorando de conversa, datado de 6 de novembro de 1970, ilustra a insistência de Kissinger em usar hostilidade aberta contra o governo de Allende. Sua tática menos favorita é o modus vivendi, por medo de que Allende “consolide sua posição e depois se mova contra nós”.

Assembleia Geral da ONU reafirma soberania da Síria sobre Montes Golã

Portugal absteve-se, esta quarta-feira, na votação da resolução que, na Assembleia Geral da ONU, voltou a reconhecer a soberania da Síria sobre os Montes Golã ocupados e exige a Israel que dali se retire.

O projecto de resolução ontem aprovado por maioria simples reitera que todas as medidas do ocupante israelita ali tomadas são nulas e não têm valor. A favor do documento votaram 88 países, enquanto nove se posicionaram contra: Austrália, Brasil, Canadá, Estados Federados da Micronésia, Estados Unidos da América, Ilhas Marshall, Israel, Palau e Reino Unido.

Outros 62 estados-membros das Nações Unidas optaram por se abster na matéria da ocupação por Israel dos Montes Golã sírios. Portugal esteve acompanhado pelo habitual bloco europeu, além de Sérvia, Montenegro e Albânia, raros países africanos, como os Camarões, Madagáscar e a Costa do Marfim, alguns estados do pacífico e, no continente americano, a Guatemala, as Honduras, o Panamá, o Paraguai e o Uruguai.

A resolução exige a Israel que, enquanto potência ocupante, se retire dos Montes Golã sírios até à linha de 4 de Junho de 1967 e que cumpra as resoluções relacionadas com os Montes Golã, especialmente a n.º 497 de 1981, que considera nula a decisão de Israel de impor as suas leis, jurisdição e administração no território ocupado, considerando que esta carece de qualquer efeito legal internacional.

Portugal com 3772 novos casos e 79 óbitos nas últimas 24 horas

O relatório de situação da DGS indica que há menos oito pessoas em internamento e que se mantêm 525 doentes nos cuidados intensivos.

Há mais 3772 novas ​​​​​infeções e mais 79 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas em Portugal, segundo os dados do relatório de situação da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta quinta-feira (3 de dezembro). Desde o início da pandemia, Portugal registou um total de 307 618 infeções e 4724 óbitos.

Em relação aos números apresentados no dia anterior, regista-se uma subida de novos casos (3384 na quarta-feira) e mais onze óbitos.

Se compararmos com a quinta-feira da semana passada, confirma-se a tendência de abaixamento da curva de infeções, uma vez que constata-se uma redução de 2611 casos. Ainda assim, o dia de hoje aquele que apresenta mais casos desta semana, que esteve sempre abaixo das quatro mil infeções diárias.

Os dados agora divulgados mostram ainda que, nas últimas 24 horas, foram dadas como recuperadas mais 5572 pessoas.

Um bom sinal é o facto de estarem agora menos oito pessoas internadas em relação ao dia anterior, totalizando agora 3330 doentes. Já nos cuidados intensivos mantêm-se os mesmos 525 pacientes das anteriores 24 horas.

Região norte volta a superar as 2000 infeções

Na região norte, o número de novas infeções voltaram a superar as duas mil, totalizando 2244 nas últimas 24 horas, tendo-se ainda registado 37 óbitos.

Em Lisboa e Vale do Tejo, somaram-se 960 novos casos e 25 mortos, enquanto na região centro aos 444 novos casos acrescentam-se 17 mortes.

Finalmente, no Algarve foram contabilizados 31 casos, nos Açores foram 35 e na Madeira apenas quatro, Em nenhuma destas regiões se registaram óbitos.

O pico de óbitos previsto para final do mês

André Peralta Santos, diretor de serviços de Informação e Análise da Direção-Geral da Saúde, afirmou esta quinta-feira, na reunião sobre a evolução da covid-19 em Portugal, que juntou políticos, especialistas e parceiros sociais, que o pico da pandemia em Portugal foi a 25 de novembro. "Atingiu-se a incidência máxima cumulativa por via de notificação no dia 25 e há já uma tendência de descida que esperemos que seja consolidada nos próximos dias", afirmou, acrescentando que "há uma tendência de descida" do número de infetados tanto no norte como no sul. "Também o número de mortes mostra uma tendência de descida", frisou.

"Está a ser projetado o pico de óbitos para o final do mês, na ordem dos 76 por mês. Os internamentos têm vindo a baixar, mas o pico de pessoas internadas em unidade de cuidados intensivos deverá ser atingido na primeira semana de dezembro", referiu entretanto Manuel Carmo Gomes, médico e epidemiologista da Faculdade de Ciências, acrescentando que "as pessoas a partir de 60 anos são as que mais ocupam as enfermarias", afirma o médico. Na prática, acrescenta, o critério da idade "deve ser tido em conta no que diz respeito às prioridades de vacinação".

Manuel Carmo Gomes aponta que Portugal pode reduzir os casos diários para metade - cerca dos 3 mil infeções - "em aproximadamente 33 ou 28 dias, se for conseguido reduzir 2,5% os casos diários". "Se conseguíssemos esta redução teríamos um Natal com menos de dois mil casos por dia", assegura, admitindo contudo que "o mais provável é ter menos de três mil casos nessa altura".

Contudo, deixa uma advertência: "Logo que aliviarmos a mola, ela começa a subir até que vacinemos metade da população."

Eficácia da vacina vai variar de doente para doente

João Gonçalves, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, ajudou a descodificar a trajeto das vacinas, começando por dizer que "o conhecimento da imunidade à covid-19 evoluiu muito nestes oito meses". Nesse sentido alertou para o facto de "nem todos os doentes têm a mesma imunidade", razão pela qual deixou uma certeza: "Potencialmente a eficácia da vacina vai variar muito de doente para doente."

Sobre a possibilidade de a vacina criar o mesmo tipo de imunidade para todas as idades, João Gonçalves fez o paralelo com a vacina da gripe, que "não tem tanta eficácia nas pessoas com mais de 50 anos". "O sistema imunitário dos idosos não é tão competente para responder ao vírus. Nas vacinas é fundamental que elas estimulem nesta faixa etária o sistema imunitário", frisou.

"Tendo em conta os oito meses de investigação, a vacina não vai criar a imunidade igual para todas as pessoas. Nem sabemos quando haverá imunidade de grupo", frisa João Gonçalves, revelando que "todas as vacinas têm efeitos adversos - como dores de cabeça, inchaços -, o que é bom, pois é o sistema imunitário a reagir".

Diário de Notícias

Portugal | E se o chef Ljubomir Stanisic continuar sem comer?

 

Pedro Tadeu | Diário de Notícias | opinião

Não encontro explicação razoável para o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, não ter já recebido os grevistas da fome que, há seis dias, estão frente à Assembleia da República, num movimento reivindicativo de donos de restaurantes onde pontifica uma estrela mediática, o chef Ljubomir Stanisic, que conseguiu obter uma projeção nos jornais e TVs que trabalhadores anónimos, sindicatos e, até, associações empresariais em protesto habitualmente não conseguem.

Percebo que se receie que o movimento tenha por detrás a mãozinha de André Ventura e que possa ser, apenas, um instrumento de agitação do Chega.

É verdade que o líder do partido de extrema-direita se colou a estas pessoas para tirar benefícios propagandísticos e que ontem o líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, tentou fazer um número semelhante, que lhe correu bastante mal.

Talvez seja verdade, mas acho que, agora, isso não interessa.

É verdade que este movimento tem uma representatividade muito duvidosa, uma vez que há associações do setor com estruturas organizadas, a nível nacional, sujeitas a escrutínio e eleição, que deveriam ter prioridade nas negociações com o governo sobre ajudas ao setor da restauração.

Há parceiros sociais, patronais e sindicais que representam institucionalmente todos os profissionais desta área, e o governo não os pode desvalorizar em favor de um grupo inventado há semanas, que reúne apenas uma pequena parte dos envolvidos na questão.

Trabalhadores seniores são os que mais sentem efeitos da pandemia

Os trabalhadores seniores, com uma média de idades de 60 anos, são os que mais sentem os efeitos da pandemia, sendo os que maior importância dão ao local de trabalho, segundo um estudo da consultora EY divulgado hoje.

O estudo da EY "Motivação de Geração em Geração" arrancou no início de 2020, com um questionário a 1.300 trabalhadores, com o propósito de perceber quais os fatores que mais impactam a motivação de cada faixa etária no mercado laboral e voltou depois a ser realizado, em maio, um novo inquérito para aferir sobre os efeitos da pandemia de covid-19.

Em causa estão quatro gerações de trabalhadores, divididas em 'baby boomers' (nascidos entre 1946 e 1960), 'geração X' (entre 1961 e 1979), 'millennials' (entre 1980 e 1995) e 'geração Z' (nascidos a partir 1996).

"De entre as quatro gerações que atualmente coexistem no mercado de trabalho -- Baby Boomers, Geração X, Millennials e Geração Z -- são os primeiros que se mostram mais impactados pelos desafios impostos pela pandemia", conclui o estudo.

Segundo o documento, "são estes trabalhadores, com uma média de idade de 60 anos, quem mais sente os efeitos do atual contexto".

"O impacto é mais expressivo na importância que atribuem hoje ao espaço físico de trabalho: se, antes, era a geração que menos importância atribuía ao local de trabalho, é agora aquela que mais o privilegia", continua o estudo.

O documento indica ainda que os 'baby boomers' "passaram a colocar mais peso em temas como o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal, priorizando a necessidade de serem informados sobre a estratégia da empresa" bem como a "valorizar mais a autonomia na função desempenhada".

De acordo com o estudo, a obrigatoriedade do teletrabalho "veio também trazer maior dinâmica à forma como as gerações valorizam a proximidade entre o local de trabalho e o local de residência".

"Antes da pandemia, mais de metade dos participantes 'Millennials' (nascidos entre 1980 e 1995) e da Geração Z (nascidos a partir 1996) consideravam esta proximidade relevante; agora, apenas um terço", lê-se no documento.

Todas as gerações auscultadas atribuem agora, por sua vez, maior importância à inovação tecnológica da empresa para a qual trabalham.

Por outro lado, antes da pandemia, eram as gerações mais jovens quem mais ponderava sair da empresa no próximo ano, enquanto que atualmente "são os 'Baby Boomers' quem mais equaciona essa possibilidade", diz o estudo.

"O clima de incerteza sobre o futuro da economia e do mercado de trabalho originou um recuo das gerações mais jovens, em particular da Geração Z, que é, agora, aquela que menos poderá abraçar um novo desafio profissional nos tempos mais próximos", aponta Anabela Silva, responsável pela área de 'People Advisory Services' da EY.

A primeira fase do estudo (antes da pandemia) conclui que, apesar das diferenças, as quatro gerações "estão alinhadas em reconhecer a relevância positiva que o bom ambiente de trabalho, a boa relação com as chefias e a colaboração entre colegas tem para a sua motivação".

As conclusões mostram também que, independentemente da geração, "pessoas com filhos valorizam a autonomia, enquanto que quem não tem filhos privilegia a oportunidade de crescimento".

"Curiosamente, são as gerações seniores aquelas que mais dão valor à inovação tecnológica nas empresas" e, ao contrário do esperado, "não são as gerações mais jovens que valorizam o papel social e ambiental das empresas, mas sim as mais experientes", conclui ainda o estudo.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Reuters

Dar boleia aos ultras

Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião

É cedo para certezas absolutas. Porque não há sondagens que substituam a prova dos nove de umas eleições. Ainda assim, fazer de conta que não se vê o elefante na sala não serve para nada.

O Chega, partido de extrema-direita, está a crescer. E para um número substancial de portugueses, na verdade, isso não representa qualquer problema (mesmo quando se propõe acabar com o Serviço Nacional de Saúde ou com a escola pública).

Não há problema, por exemplo, para Rui Rio, que abriu a porta da governação a André Ventura, com a coligação nos Açores (destaca até a sintonia na ideia de que os pobres só o são porque não querem trabalhar).

O extremismo do Chega também não é um problema para uma parte dos eleitores sociais-democratas: quase 40%, segundo o último barómetro da Aximage para o JN, estariam de acordo com um entendimento a nível nacional que permitisse uma alternativa ao Governo socialista (mesmo que o grupo de líderes e partidos europeus a que se juntou André Ventura inclua notórios racistas e alguns saudosistas dos movimentos de camisas castanhas e negras).

Aparentemente, Rui Rio e alguns sociais-democratas não estão interessados nas lições que chegam de outros lugares. Não é preciso recuar muitos anos, nem viajar muitos quilómetros. Aqui ao lado, em Espanha, o PP (que faz parte da família política europeia do PSD) começou há uns anos por dar boleia ao Vox (que faz parte da família política europeia do Chega) na Andaluzia, para governar uma comunidade regional que estava em mãos socialistas.

Nas eleições gerais do ano passado, o Vox tornou-se no terceiro maior partido de Espanha, a escassos cinco pontos do PP (mesmo dizendo que a violência sobre as mulheres é um mito feminista). Segundo as últimas sondagens, a diferença é agora de três pontos.

Os ultras ameaçam ficar com o lugar do condutor. Assustado com a possibilidade de passar a pendura, o líder dos populares espanhóis lá mudou de tática e começou a malhar nas posições extremistas do Vox. Sendo certo que, à cautela, não disse que renunciará ao apoio da extrema-direita se dela precisar para chegar ao poder em Madrid. Lá como cá, é uma questão de oportunidade.

*Diretor-adjunto

Estaremos a assistir ao princípio do fim da pandemia?

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Luz ao fundo do túnel… da Mancha

Pedro Cordeiro | Expresso

Bom dia!

Estaremos a assistir ao princípio do fim da pandemia? O primeiro-ministro britânico anunciou ontem à noite que o seu país foi o primeiro do mundo a aprovar uma vacina contra a covid-19 e que irá iniciar a sua aplicação em massa já na próxima semana. Em Portugal o Governo divulga hoje os seus planos na matéria. Marcel Dirsus, CEO da BioNtech, que com a Pfizer é responsável pela vacina inicialmente disponibilizada em terras de Sua Majestade, acredita mesmo que estamos a começar a ver a luz.

O Reino Unido receberá as primeiras 800 mil doses da vacina da Pfizer/BioNtech (de mais de 40 milhões encomendadas aos vários fabricantes) e começará a aplicá-las, talvez na segunda-feira, em 50 hospitais e mais de 1500 centros de imunização. Boris Johnson, citado pelo diário “The Guardian”, reivindica “conhecimento seguro e certo” que lhe permite acreditar num regresso à vida normal até à próxima primavera.

A vacina será tomada em duas doses, com um intervalo de 21 dias. Segundo o Comité Conjunto de Vacinação e Imunização do Reino Unido, deve evitar 99% das mortes causadas pelo coronavírus, que já custou 75 mil vidas no país. O mundo conta quase 65 milhões de casos e 1,5 milhões de óbitos. Em Portugal são, respetivamente, 304 mil e 4600. Ciente destas estatísticas e cioso de evitar que o otimismo suscitado pela vacina faça relaxar as cautelas, Johnson lembra que as medidas sanitárias são para manter, informa “The Independent”.

Residentes e trabalhadores de lares, pessoas com mais de de 80 anos e profissionais de saúde serão recetores prioritários, escreve “The Telegraph”. O jornal sublinha, porém, que na prática será difícil levar a vacina às residências de idosos esta semana. Transportada a -75ºC (logo, em gelo seco), a vacina agora licenciada não deve viajar mais de seis horas e só pode ficar armazenada cinco dias em frigorífico 2-8ºC, pelo que os lares podem ter de aguardar pelas de Oxford/AstraZeneca ou da Moderna (firma que agradeceu o contributo português para o seu fabrico), que podem ser guardadas mais tempo a essas temperaturas.

O Reino Unido assegura que chegou mais cedo à aprovação da vacina — dez meses em vez dos mais habituais dez anos — sem desleixar qualquer dos passos do processo. O regulador terá aplicado o mesmo rigor de sempre, o que não impede que continue a haver perguntas em aberto. Dizem respeito, acima de tudo, à duração da imunidade garantida, à travagem ou não da transmissão do coronavírus, a saber se as grávidas podem tomá-la.

A vacina da Pfizer/BioNtech utiliza uma réplica sintética do código genético do Sars-CoV-2 para induzir o organismo a produzir anticorpos, em vez do tradicional uso de vírus mortos ou enfraquecidos (como a de Oxford). Há mais de 100 vacinas em desenvolvimento a nível mundial, com funcionamentos distintos e vários países têm anunciado planos para proteger as suas populações.

E por cá? “Facultativa e gratuita”, a vacina chegará no início de 2021 e haverá pelo menos 22 milhões de doses, assegurou ontem a ministra da Saúde. O Governo apresenta esta quinta-feira o seu plano de vacinação, que será gradual e administrado pelo Serviço Nacional de Saúde. O processo “vai ser longo, não é algo que se concretize num único dia ou num período de tempo curto”, avisou Marta Temido após reunir com a equipa responsável. Parece certo que além dos centros de saúde e hospitais, será necessário contar com entidades como as forças armadas e os bombeiros e, provavelmente, contratar mais enfermeiros.

Entretanto, soube-se ontem que a diretora-geral da Saúde foi infetada, apresentando sintomas ligeiros de covid-19. Além de Graça Freitas há três casos confirmados na Direção-Geral da Saúde. Desde o mesmo dia circula a ideia de que não será proibido circular entre concelhos no Natal, noticiada pelo “Observador”. A decisão está pendente da reunião com os peritos de saúde e do Conselho de Ministros desta semana.

Acontecendo além-Mancha a estreia da vacina e faltando menos de um mês para a consumação plena da saída do Reino Unido da União Europeia (o ‘Brexit’ aconteceu a 20 de janeiro último, mas o período de transição sem grandes mudanças práticas prolonga-se até final de 2020 e ainda não há acordo sobre as relações futuras), não tardou a surgir quem associasse os dois factos; no caso, o próprio ministro da Saúde, Matt Hancock, e o diretor da farmacêutica Sanofi O colunista Ambrose Evans-Pritchard, eurocético, está de acordo, contrapondo a “inércia legalista e burocracia” dos 27 à agilidade britânica. Visão diferente tem a diretora do organismo regulador britânico, ao passo que a embaixadora alemã no Reino Unido alerta contra leituras nacionais de um esforço que é a todos os títulos coletivo.

A fechar o dia de ontem, e já que de Europa e coronavírus se fala, surgiu a notícia da morte de Valéry Giscard d’Estaing, vítima de covid-19. O antigo Presidente francês, de 94 anos e com décadas na política, foi um entusiasta da UE e um modernizador da direita gaulesa.

Brasil e o mundo | Cidades sitiadas; cadáveres na padaria; deriva económica; 2ª onda

E as elites estão felizes

#Publicado em português do Brasil

((The Guardian, Inglaterra; The New York Times, EUA; Público, Portugal; Diário de Notícias, Portugal; The Washington Post, EUA; The Wall Street Journal, EUA; Jornal de Notícias, Portugal))

Carlos Eduardo Silveira | Carta Maior

1 - NOTÍCIAS INTERNACIONAIS SOBRE O BRASIL

MORO. Juiz e parte: Moro agora trabalha na consultoria que administra a falência da Odebrecht. Antes no comando da Lava Jato. O ex-juiz e ex-ministro da Justiça do Brasil Sérgio Moro foi contratado como advogado pela empresa norte-americana que administra o processo de falência da construtora Odebrecht, eixo do sistema de suborno descoberto pela Operação Lava Jato, da qual estava o ex-magistrado de extrema direita por quatro anos. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pediu explicações ao ex-juiz federal de Curitiba para sua nova função, já que foi Moro quem acatou as denúncias de corrupção do grupo Odebrecht, cujos proprietários e executivos condenou e reduziu a pena em troca de confissões . (Página 12, Argentina) | bit.ly/3mAjc6z | bit.ly/2Vp9h7W

BOULOS. Boulos, o ativista que dá esperança à esquerda no Brasil. Candidato do PSOL não chega à prefeitura de São Paulo, mas empolga quem se desencanta com o partido de Lula. formação que governou o Brasil por 13 anos vive seu pior horário, embora ainda mantenha sua musculatura. O PSOL mas é visto pelos eleitores como sinônimo de futuro, de esperança. É como se Boulos e o PSOL fossem um filho adolescente vigoroso entrando na idade adulta, enquanto o PT e Lula mais pareciam um cavalheiro com um passado glorioso que envelhece mal. (El País, Espanha) | bit.ly/3mvqRmA

GOVERNO BOLSONARO/MACARTISMO. O governo de Bolsonaro recebeu relatório classificando jornalistas, professores universitários e youtubers como "detratores", "neutros" ou "favoráveis". No trabalho, são sugeridas medidas como o "acompanhamento preventivo das publicações" dos opositores do Executivo e em particular do ministro da Economia, Paulo Guedes, e da sua pasta. O governo brasileiro liderado por Jair Bolsonaro contratou uma empresa de comunicação que produziu uma reportagem sobre as publicações de mais de 80 jornalistas e outros formadores de opinião, como professores universitários e conhecidos youtubers. Este novo relatório vai um pouco além, pois classifica os profissionais como "detratores", "neutros" e "favoráveis", em linguagem semelhante. a que os órgãos repressivos da ditadura militar costumavam enquadrar as pessoas que eram objeto de suas investigações. (La Diária, Uruguai) | bit.ly/3qkkUv9

PAÍS A MERCÊ. Assaltantes de banco armados com armas de nível militar sitiaram uma cidade no sul do Brasil, incendiando veículos, sequestrando funcionários do governo, explodindo um banco e se envolvendo em um tiroteio de duas horas enquanto o prefeito implorava aos moradores para ficarem em casa. Um comboio de veículos de luxo, incluindo Audis, Land Rovers e BMWs, cruzaram a cidade carregando um pelotão de invasores mascarados cujo arsenal incluía rifles de calibre 50 capazes de derrubar helicópteros. Uma deputada local disse que “uma situação de guerra” se desenrolava na cidade e um jornalista comparou a greve a um filme de faroeste. Em período recente houve três assaltos de mesmo tipo no país. (The Guardian, Inglaterra; The New York Times, EUA; Público, Portugal; Diário de Notícias, Portugal; The Washington Post, EUA; The Wall Street Journal, EUA; Jornal de Notícias, Portugal) | bit.ly/2JGOlqf | bit.ly/3mAjgTR | nyti.ms/3fZv1R8 | bit.ly/39ASg2M | bit.ly/2Vyz6lT | wapo.st/36toRpk | on.wsj.com/3mx5cKU | bit.ly/2VoI7hD

BOLSONARO/ELEIÇÕES. Imprensa francesa: Eleições foram "severa advertência” a Bolsonaro, que perde apoio para 2022. Os jornais franceses desta terça-feira (1°) analisam os resultados das eleições municipais no Brasil e apontam que o principal perdedor do pleito foi o presidente Jair Bolsonaro. "Da derrota de seu aliado Donald Trump à chegada da segunda onda de Covid-19 no Brasil, passando pelo tapa que recebeu nas eleições municipais, em três semanas, Bolsonaro acumulou fracassos e inconvenientes, um prenúncio de dias difíceis para o futuro do seu governo", diz o Le Figaro. (RFI,França) | bit.ly/3fXOx0u

ECONOMIA. OCDE: Brasil conseguiu evitar recessão acentuada, mas situação das contas públicas preocupa. O Brasil deve registrar um crescimento de seu Produto Interno Bruto (PIB) de 2,6% em 2021 e de 2,2% em 2022, segundo novo relatório de previsões da OCDE. O documento, que releva as perspectivas da entidade para a economia mundial, foi divulgado nesta terça-feira (1), em Paris. A entidade considera que a forte resposta da política fiscal e monetária do governo brasileiro à crise gerada pela pandemia de Covid-19 conseguiu evitar uma contração econômica mais acentuada. (RFI,França) | bit.ly/36AaOP7

CORONAVÍRUS/VACINA. O Brasil dará prioridade a idosos, profissionais de saúde e indígenas na vacinação contra a Covid-19, segundo uma estratégia "preliminar" de vacinação divulgada hoje pelo Ministério da Saúde. O plano será dividido em quatro etapas de prioridade, sendo a primeira destinada a trabalhadores da área da saúde, população idosa a partir dos 75 anos, cidadãos com 60 anos ou mais que vivem em instituições de longa permanência, como lares ou instituições psiquiátricas, e à população indígena. A segunda fase abrange pessoas entre os 60 e 74 anos, a terceira fase é destinada a pacientes com comorbidades. (Diário de Notícias, Portugal) | bit.ly/2Vpzrr1

COVID-19. Brasil ultrapassa 173 mil mortes por coronavírus. O país soma mais 21 mil infectados em 24 horas e ultrapassa 6,3 milhões de casos. (El Periódico, Espanha) | bit.ly/36w7fcI

AMAZÔNIA. Novo surto de desmatamento no Brasil. O desmatamento na Amazônia aumentou 9,5% em um ano. Um fraco desempenho que confirma os receios das ONG. A pressão internacional contra o governo Bolsonaro deve se intensificar. (Les Echos, França; Le NOuvel Observateur, França; Deutsche Welle en, Alemanha; Últimas Notícias, Venezuela) | bit.ly/36xBdNs | bit.ly/3fYzWSx | bit.ly/3lAAnn3 | bit.ly/2JGOdXN

COVID-19 torna-se numa pandemia de fome na América Latina, afirma ONU

#Publicado em português do Brasil

Sputnik – A situação gerada pela COVID-19 é “dramática” e levará a América Latina a uma “pandemia de fome”, alertou nesta quarta-feira (2) o diretor regional do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas, Miguel Barreto.

“Estamos em uma situação dramática. Com a COVID-19, isso está se transformando em uma pandemia de fome, já que um em cada três habitantes da região não tem acesso a alimentos nutritivos e suficientes”, disse Barreto durante a apresentação do “Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe 2020”, elaborado por cinco entidades da organização.

O diretor alertou que se essa tendência continuar, não será possível cumprir a meta de fome zero presente nos “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, porque, em 2030, haverá 67 milhões de pessoas passando fome na região, “sem considerar o impacto da COVID-19”.

Segundo a ONU, entre 2000 e 2014, a fome na América Latina e Caribe caiu mais de 50%, mas voltou a aumentar depois disso. Ao mesmo tempo, também estão aumentando os quadros de sobrepeso e obesidade na região, afetando 262 milhões de pessoas. Doenças crônicas relacionadas a uma dieta pobre em nutrientes e rica em gordura, sal e açúcar estão entre as principais causas de morte pelo mundo.

Publicado em Pátria Latina | Imagem: © AP Photo / Andre Penner

Cuba continua a enfrentar acções de violência instigadas e financiadas nos EUA

Uma reportagem especial da TV cubana evidenciou o apoio da «máfia terrorista de Miami» a várias acções de sabotagem perpetradas em Cuba entre 2017 e 2020, com a conivência e a cumplicidade dos EUA.

Numa mensagem publicada esta quarta-feira na sua conta de Twitter, o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, referiu-se às provas apresentadas na TV nacional e denunciou as acções violentas levadas a cabo contra o país caribenho, organizadas e financiadas a partir dos Estados Unidos.

«A violência e o terrorismo fazem parte do plano com que pretendem desestabilizar a nossa sociedade. Fica em evidência o nível moral dos mercenários e dos seus financiadores», escreveu na rede social.

Na reportagem televisiva, acessível no canal de YouTube do portal cubadebate.cu, são apresentadas provas fílmicas do incitamento a actos de sabotagem e subversão na Ilha a partir de território norte-americano, em troca de dinheiro e promessas de emigrar.

Vários cidadãos cubanos que aparecem na reportagem contam como receberam instruções e dinheiro de pessoas e organizações radicadas no Sul da Florida (EUA), para provocarem incêndios em instalações comerciais e de serviços em Havana.

Entre os alvos contavam-se viaturas, consultórios médicos e centros educativos. De acordo com a reportagem, um dos envolvidos reuniu informação sobre o Sistema Eléctrico Nacional (SEN), que depois entregou a quem o contactou. Essa informação serviria para organizar, mais tarde, ataques ao SEN, ao mesmo tempo que eram divulgadas notícias falsas, para criar descontentamento e irritação.

Entre as sabotagens que chegaram a ser executadas, destaca-se o descarrilamento de um comboio de carga, proveniente do terminal de contentores de Mariel, infra-estrutura de grande importância para o país, localizada na província de Artemisa, cerca de 40 quilómetros a oeste de Havana.

As investigação do facto, ocorrido em Maio de 2019, conduziu à detenção dos quatro autores, que confirmaram o incitamento, a organização e o financiamento a partir da Florida. No caso, envolveram-se dois cidadãos norte-americanos de origem cubana com um vasto currículo em acções criminosas.

Como eram cidadãos residentes nos Estados Unidos, as autoridades cubanas alertaram a administração norte-americana para as «acções terroristas». A reportagem denuncia, no entanto, que, dando a aparência de actuar de forma severa, as autoridades dos EUA não assumem uma atitude de combate a estes terroristas, mas antes de protecção.

AbrilAbril

Leia em AbrilAbril: Presidente Díaz-Canel denuncia «farsa mediática» montada contra Cuba

Imagem:
O governo de Cuba classificou o descarrilamento de um comboio de carga, em Maio de 2019, com acção de sabotagem e acção de terrorismo; quatro pessoas afirmaram ter recebido «incitamento, organização e financiamento a partir da Florida», nos EUA // periodicocubano.com

Estado de emergência, instrumento de controle social às portas de um cataclismo

Ángeles Maestro [*]

Após nove meses de pandemia, com os serviços sanitários outra vez à beira do colapso sem que se tenha tomado medida significativa alguma – que não seja o confinamento – para enfrentar uma situação absolutamente previsível e enquanto as expectativas vitais ruem nos bairros operários e para dezenas de milhares de pequenos e médios empresários, temos o direito de afirmar que a estratégia do governo central e de todos os governos autónomos, destina-se a utilizar todo tipo de instrumentos de controle social e de repressão contra previsíveis revoltas populares.

A resposta à crise: uma gigantesca destruição de capital ao serviço da oligarquia financeira e das multinacionais da energia

Ainda não sabemos de onde surgiu o vírus, mas sabemos que antes que aparecesse já estavam acesos todos os alarmes do estalar de uma grande crise e que a situação social era explosiva em muitos países. No caso do reino da Espanha, "sendo um país rico, vive em situação de pobreza generalizada" afirmava em princípios de 2020 o Relator da ONU para a Pobreza. [1]

Como em todas as crises capitalistas – e esta é de proporções gigantescas – a destruição de capital segue seu curso arrasador varrendo maciçamente da cena pequenas e médias empresas. [2] Tal como ocorre nas crises, os bancos aceleram os processos de concentração com a compra a preço de saldo do pouco que resta da banca pública com a cumplicidade directa do governo, como foi o caso do Bankia e com os correspondentes despedimentos maciços, ao mesmo que se constituem em administradores do crédito procedente da UE.

Num cenário de empobrecimento maciço e de afundamento do modelo económico do turismo e do tijolo, quando urge abordar a reconstrução produtiva a partir de posições de soberania, a UE decidiu que as prioridades são a transição energética rumo a uma energia mais verde e rumo à digitalização. Essas são as condições para aceder aos 760 mil milhões de euros do fundo de recuperação europeu, ou seja, para assegurar aos bancos e às multinacionais o controle dessa prodigiosa quantidade de dinheiro, negando qualquer soberania. Tudo isto quando se está a destruir o pouco tecido industrial que resta e não é a contaminação ambiental o principal problema e quando a digitalização – em mãos do capital – servirá para intensificar a destruição de postos de trabalho. Ou seja, enquanto milhões de pessoas enfrentam a destruição maciça das suas condições de vida os bancos e as multinacionais, sobretudo as eléctricas e a da energia preparam-se para receber uma chuva de milhões.

Não se pode ocultar a ninguém que a rápida extensão da miséria é prelúdio de grandes explosões sociais. Também é evidente que o governo assiste impassível ao desastre que se vislumbra sem adoptar as mínimas medidas para enfrentá-lo.

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