sábado, 13 de fevereiro de 2021

Moçambique | "Número dois" da Junta Militar da RENAMO abandona Mariano Nhongo

Entregou-se às autoridades o suposto "número dois" da Junta Militar da RENAMO. Paulo Filipe Nguirande afirma que está farto de lutar e por isso entregou a arma e vai integrar o processo de DDR.

Paulo Filipe Nguirande apresentou-se como o Chefe do Estado-Maior da autoproclamada "Junta Militar", dissidente da RENAMO, o maior partido da oposição, e liderada por Mariano Nhongo.

Segundo a polícia, Nguirande foi intercetado pelas tropas governamentais em Gorongosa. Na sequência disto, foi conduzido a uma esquadra local, onde depositou a sua arma.

"Na altura portava a sua arma de fogo, que é do tipo AKM, com cinco munições, arma esta que se encontra depositada no comando distrital de Gorongosa", contou esta sexta-feira (12.02) Daniel Macuácua, porta-voz da polícia na província central de Sofala.

"A idade que tenho não é de guerra"

Nguirande disse que era o braço direito de Nhongo desde 2019, mas que está velho de mais para combater.

"Eu vim entregar a arma porque a idade que tenho não é de guerra. Ele tinha me enganado. Eu vi que o corpo não favorece em nada, já não dá, porque a guerra acabou há 16 anos", argumentou. 

O ex-combatente diz que deixou a "Junta Militar" em novembro do ano passado. Depois andou fugido: "Não podia despedir-me deles porque estavam a negar [a minha saída]. Tinha que fugir, levar a arma e depois vir entregar... Eles ficaram mais ou menos sete", revela Nguirande.

Atraído pelo DDR?

Nguirande aconselha outros militares a fazerem como ele, entregarem as armas e aderirem ao processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR).

A polícia diz que, diferentemente de outros guerrilheiros, Nguirande não será alvo de um processo criminal porque será integrado no DDR.

A "Junta Militar" da RENAMO, liderada pelo general Mariano Nhongo, foi oficialmente anunciada a 19 de agosto de 2019, sete meses depois de Ossufo Momade ser escolhido como presidente do partido.

O grupo contesta a eleição de Momade e exige a renegociação do acordo de paz de 2019 entre o Governo e a maior força política da oposição.

Artigo atualizado às 20:33 (CET) de 12 de fevereiro de 2021

Arcénio Sebastião (Beira) | Deutsche Welle

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