terça-feira, 13 de abril de 2021

Moçambique | Quem atacou o posto da polícia em Tete?

A polícia investiga a ação de um grupo que atirou numa unidade da coporação em Moatize. Apesar de a Junta Militar não ter reivindicado o ataque, declarações de Mariano Nhongo sobre "retorno à instabilidade" geram alerta.

Homens armados não identificados atacaram na madrugada de sábado (10.04) o posto policial de Capirizange, no distrito de Moatize, na província de Tete. 

A porta-voz do Comando Provincial da Polícia, Deolinda Matsinhe, confirmou o incidentes e salientou que não há vítimas. Segundo a policial a situação está "calma e controlada". A unidade policial atacada fica no corredor Tete-Zóbuè-Calomwe, que dá acesso à fronteira com o Malawi. 

Matsinhe relatou à Rádio Moçambique que os homens não entraram nas instalações do posto, simplesmente dispararam e puseram-se em fuga. A polícia investiga quem eram e o realmente os indivíduos pretendiam, para que se possa "responsabilizá-los criminalmente".

A porta-voz do Comando Provincial da Polícia em Tete informou que foi criada uma equipa multi-setorial para esclarecer o caso e apelou à população para se manter vigilante e denunciar qualquer movimentação de "indivíduos de conduta duvidosa".

Ação da Junta Militar?

Para o analista Dércio Alfazema, é importante que os autores do ataque sejam identificados para saber se o incidente está vinculado ou não à Junta Militar da RENAMO, que até agora não reinvidicou o ataque. 

Alfazema alerta que o incidente ocorre dentro de um contexto que chama a atenção. "Recentemente, Mariano Nhongo, que é o líder da Junta Militar, proferiu ameaças de retorno à instabilidade. Enquanto não se resolver a situação da Junta Militar, nós não podemos garantir que tenhamos estabilidade ao longo da zona centro do país", disse.

Analista acredita que é preciso discursos e ações "mais convicentes" para que se possa mobilizar Mariano Nhongo a aderir ao processo de desarmamento e a "aproximar-se das autoridades competentes".

Baixas na Junta Militar

A Junta Militar sofreu várias baixas de vulto nos últimos meses devido à forte adesão ao plano de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR). Vários outros antigos guerrilheiros abandonaram as matas e entregaram-se às autoridades.

Nesta leva estão Paulo Nguirande, antigo número dois da Junta Militar, e André Matsangaissa Júnior, outro homem forte do grupo dissidente. A adesão do ex-porta-voz do grupo armado, João Machava, ao DDR também é uma dura baixa para Nhongo.

"Parece que ele [Mariano Nhongo] ainda está muito desconfiado. Até porque as ações que ele perpetrou durante este tempo, que resultaram em 30 mortos, podem estar a criar-lhe algum receio de que possa ser tratado de forma diferente aos demais que aderiram ao processo", avalia Alfazema.

 Leonel Matias (Maputo) | Deutsche Welle

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